Mariana Thereza Rodrigues Viana
Engenheira agrônoma e doutora em Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
marianatrv@gmail.com
Harianna Paula Alves de Azevedo
Doutora em Fitotecnia – UFLA e professora adjunta – Faculdade de Ciências e Tecnologias de Campos Gerais (Facica)
harianna_tp@hotmail.com
A mancha aureolada é uma doença que atinge os cafeeiros, causada pela bactéria Pseudomonas syringae pv. Garcae. É conhecida também como crestamento bacteriano ou mancha bacteriana.
Identificada pela primeira vez em 1955, na região de Garça, no Estado de São Paulo, era mais comum nas regiões cafeeiras frias. Atualmente, já atinge as regiões do Cerrado, Sul de Minas e áreas de elevadas altitudes da Zona da Mata.
Sintomas
A doença incide sobre folhas, rosetas, frutos e ramos em crescimento, atingindo principalmente mudas em viveiros (onde provoca queima de folhas e necrose de tecidos jovens) e plantas novas no campo.
Nota-se maior severidade em plantas novas, mas lavouras velhas podadas também podem ser vulneráveis. Nas folhas velhas, os sintomas da doença são manchas de conformação irregular, de coloração pardo-escuro, envolvidas por um halo amarelo circundando as lesões, que é característico da doença.
Já nas folhas novas as manchas são circulares e a auréola amarela característica não é facilmente visível, sendo possível somente observar a transparência das lesões contra a luz. O ataque da bactéria ocasiona à queda das folhas e a diminuição da área fotossinteticamente ativa da planta, podendo também causar queda de flores e frutos chumbinho e, consequentemente, diminuição da produção.
A pseudomonas penetra na planta de café por meio de diversos mecanismos, sendo eles: ferimentos causados por ataque de outras pragas e doenças, ventos fortes, chuvas de granizo, podas e aberturas naturais (estômatos, hidatódios, nectários e flores).
Incidência
Como toda doença, a mancha aureolada ocorre devido à combinação de fatores que estão ligados ao ambiente, ao patógeno e ao hospedeiro, como, por exemplo, locais que apresentam maior acúmulo de ar e ventos frios; problemas após a realização das podas do cafeeiro; lavouras que são atingidas por chuva de granizo; altas altitudes; redução da temperatura e aumento da umidade relativa do ar; excesso de adubação nitrogenada; mudas fracas e não sadias que vão para o campo mais suscetíveis.
Controle
As formas de controle da doença no campo são, basicamente, impedir que os ferimentos possam ser porta de entrada para a doença, ou seja, o melhor controle é evitar a sua entrada na planta, além de manter sempre as plantas bem nutridas.
Em áreas onde há problemas com a doença, o ideal é a utilização de quebra-ventos temporários, com a utilização de milho, guandu, etc.
Outra forma que tem sido utilizada no campo é o controle químico, por meio do uso de pulverizações com cúpricos como forma preventiva, ou associados a bactericidas quando a bactéria já se encontra na lavoura.
O problema é que os bactericidas são pouco eficientes e podem ocasionar facilmente resistência da bactéria ao produto. Além disso, há poucas opções de produtos registrados no mercado.
Desafios
O controle químico tem apresentado dificuldades devido a variações imprevistas das condições climáticas. Tem-se desenvolvido materiais resistentes à doença, porém, ainda apresentam pouco desenvolvimento em termos de produtividade.
Uma nova tática que tem sido utilizada nas lavouras é a utilização da poda sanitária, que elimina o inóculo da bactéria, sendo de grande auxílio no controle da doença.
Alguns resultados de pesquisas e observações em campo feitas por pesquisadores mostram que, com o uso da poda sanitária, se elimina as partes doentes da planta e também o inóculo, disseminado por meio de gotas de chuva, irrigação e até mesmo pelo vento.
Consoante o engenheiro-agrônomo e pesquisador da Procafé, José Braz Matiello, a redução é relativamente fácil em plantios novos e em cafeeiros em formação. Basta cortar as partes doentes, folhas ou ramos e coletar em sacos, os quais serão descartados de forma correta.
Cuidados
É um manejo simples e que tem se tornado bastante viável para o controle da doença em campo. Como ocasiona um novo ferimento na planta, tem-se utilizado junto com a poda sanitária um produto à base de cobre.
Dessa forma, o ataque é reduzido, diminuindo sua evolução para o caule novo da planta e evitando o risco de provocar sua morte. É importante que esse manejo seja feito de forma correta e com acompanhamento de um engenheiro agrônomo, sempre examinando com cuidado, visando identificar de forma correta tanto a doença quanto as partes que estão contaminadas para serem descartadas.