Paula Almeida Nascimento
Engenheira agrônoma e doutora em Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
paula.alna@yahoo.com.br
A propagação comercial no Brasil, para a ameixeira japonesa, utiliza como porta-enxerto plantas de pessegueiro. Um dos motivos é aumentar o florescimento e a precocidade da ameixeira.
Para o plantio de ameixa, recomendam-se mudas enxertadas com, no mínimo, 70 cm de altura e 15 mm de diâmetro. Portanto, o sistema radicular dessas plantas cultivadas é formado, quase que na sua totalidade, por indivíduos da mesma espécie de pêssego (Prunus persica), propagados por sementes.
Genética
As características mais importantes desejadas no melhoramento genético para cultivares de ameixeira no Brasil são adaptação a inverno ameno e a resistência a doenças, como bacteriose e escaldadura.
Essas pesquisas de melhoramento são resultado do grande esforço da Epagri, Estação Experimental de Videira (SC), com relação à resistência ou tolerância à escaldadura (Xylella fastidiosa).
A bactéria Xylella fastidiosa, causadora da escaldadura nas folhas, é responsável pela erradicação de pomares de ameixa. Assim, as pesquisas com melhoramento genético visam disponibilizar aos produtores cultivares bem adaptadas às condições climáticas e menos suscetíveis à escaldadura nas folhas.
A incidência de doenças é uma limitação para o desenvolvimento das plantas nos pomares. O controle é a utilização de mudas de qualidade.
Plantio
A época de plantio da ameixeira é o inverno, nos meses de junho e julho. Há algumas cultivares de ameixa que podem ser plantadas no verão, nos meses de dezembro e janeiro.
O solo recomendado para o cultivo de ameixa deve ser bem drenado e com pH 6,0. Assim, as raízes alcançam maior profundidade no solo, o que resulta em ameixeiras viçosas e produtivas.
Para correção do solo, deve-se aplicar calcário 90 dias antes do plantio das mudas de ameixeira. E também se recomenda a aplicação de nutrição mineral com adubação nitrogenada.
Detalhes importantes
As condições climáticas podem influenciar no cultivo das ameixas. A disponibilidade de água no solo pode influenciar a quantidade e o tamanho dos frutos, a alta radiação solar pode intensificar a coloração das frutas e aumentar a relação entre açúcares e acidez, o período de inverno com o repouso hibernal das plantas com as horas de frio induzem brotações e floradas mais uniformes.
Produção comercial
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em relação aos espaçamentos das árvores de ameixeira, de maneira geral, os mais usualmente recomendados para ameixeira são de 1,0 m a 4,0 m entre plantas na linha, e de 5,0 m a 7,0 m entre as linhas.
A primeira produção comercial para ameixeira é de quatro anos. Entretanto, dependendo do tipo de solo, do padrão de qualidade da muda utilizada, do manejo do pomar e do modo de condução das plantas, essa produção já poderá ocorrer, dependendo da cultivar utilizada, em três anos após o plantio.
Atenção!
Recomenda-se realizar análises de solos antes da implantação do pomar. Os resultados das análises físicas e químicas dos solos, a serem realizadas antes do plantio das mudas, são fundamentais para ajustar as recomendações gerais de quantidade de calcário, fósforo, potássio e boro, necessários para a correção e nutrição.
Solos com baixa fertilidade e alta acidez e alumínio elevado, recomenda-se a aplicação de calcário e também fertilizantes minerais como fósforo, potássio, nitrogênio e boro. Além disso, aplicação de esterco, compostos orgânicos, resíduos culturais que contribuem para aumentar o teor de matéria orgânica no solo.
Tratos culturais
Os principais tratos culturais da árvore são: poda; adubação; controle de invasoras, pragas e doenças; raleio de frutas; irrigação e colheita. As formas de condução existentes para as ameixeiras do grupo europeu são, geralmente, mais bem adaptadas ao sistema de líder central, enquanto as do grupo japonês adaptam-se melhor ao sistema de centro aberto.
Alguns fruticultores estão adotando sistemas alternativos de maior densidade, nos quais as plantas são conduzidas no sistema em “Y”.
Colheita
Na ameixa, devem ser utilizados os índices de maturação para definir o ponto ideal de colheita e os mais importantes são a cor da epiderme, a firmeza da polpa e o teor de sólidos solúveis. Quanto ao período de colheita das ameixas, se estende da segunda quinzena de novembro até março.
No entanto, a produção nacional de frutos não é suficiente para o abastecer o mercado. Anualmente, são importadas toneladas de ameixa de outros países. A comercialização dos frutos também é um desafio para os produtores, pois o principal mercado de ameixa no Brasil é a comercialização do fruto fresco, tendo em vista que a principal forma de industrialização da ameixa é a desidratação, técnica pouco utilizada no Brasil em função da falta de tradição com este tipo de processamento.
Mercado
A atividade de produção de ameixas é rentável e direcionada ao mercado in natura e uma pequena parte destinada ao aproveitamento industrial. A demanda pela ameixa é alta pelos consumidores brasileiros, principalmente no período das festas.
Desafios
• Vencer a concorrência com os frutos importados, oferecendo frutas nacionais de melhor qualidade e preços acessíveis aos consumidores;
• Necessidade de câmara fria para conservação dos frutos pós-colheita, que têm vida útil curta;
• As ameixeiras não toleram geadas;
• Aplicação de produtos fitossanitários para o controle de pragas e doenças.
Oportunidades
• As ameixas são frutos com grandes benefícios nutricionais;
• Com as variedades precoces, é possível ofertar ameixa fora do pico de safra (em dezembro);
• Investimento em pesquisas na produção de ameixas para aumentar a produtividade, assegurando aos frutos melhor sabor;
• Aumentar a produção de frutos para o mercado da industrialização, com a fabricação de iogurtes, geleias, pudins, sorvetes e etc.