Veridiana Zocoler de Mendonça
Engenheira agrônoma, doutora em Agronomia/Energia na Agricultura, assistente agropecuário na Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA/SP)
veriadianazm@yahoo.com.br
A banana é a fruta mais consumida no Brasil e um dos alimentos mais versáteis. Rica em potássio, vitaminas e fibras, compõe diversos pratos da culinária brasileira, além de ser fonte barata de energia.
Produção nacional
O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de banana, uma vez que as condições climáticas permitem o cultivo de norte a sul do País durante todo o ano. A bananicultura também tem representatividade socioeconômica, pois mobiliza grande contingente de mão de obra para o manejo da cultura.
Dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA/IBGE) informam que a área cultivada no País em fevereiro de 2023 foi de 464.754 ha, correspondendo a uma produção de 7.072.280 t e rendimento médio de 15.027 kg/ha.
O Brasil aparece como o maior produtor de banana da América do Sul (FAOSTAT) e é o quarto produtor mundial, sendo que praticamente toda a produção é consumida internamente, 99%.
As variedades mais cultivadas são as de mesa, como as bananas prata, nanica, maçã e ouro.
São Paulo é o Estado com maior produção de banana, correspondendo com, em média, 15,3% da quantidade produzida no Brasil, ou seja, um milhão de toneladas, com destaque para a região de Registro. Seguidos, aparecem os Estados da Bahia, Minas Gerais e Santa Catarina, conforme dados do LSPA/IBGE.
Perdas que poderiam ser evitadas
A banana é um alimento altamente perecível, e as perdas da produção devido ao manejo inadequado na pós-colheita podem variar de 20% até 80%, causando desvalorização do produto.
As perdas podem ter origens diferentes desde mecânica, fisiológica e microbiológica, porém, atenção maior deve ser dada às perdas de origem mecânica, pois além de causarem amassamentos, ferimentos e cortes, podem desencadear as perdas de origem fisiológica e microbiológica.
Por se tratar de um fruto climatérico (aquele que continua sua atividade metabólica após a colheita), fatores que prolongam a vida útil desta fruta devem ser priorizados, como: colheita no ponto ótimo de maturação, minimização de injúrias mecânicas, tratamento fitossanitário, acondicionamento a condições de temperatura e umidade adequadas na cadeia de comercialização.
Portanto, um dos pontos-chaves é prolongar a vida útil na fase pré-climatérica, ou seja, quando os frutos ainda se apresentam verdes, sendo a cadeia do frio o principal meio de conservação.
Porém, a banana é um vegetal sensível às injúrias causadas pelo frio, devendo a temperatura ser monitorada de forma eficaz para evitar danos aos frutos, como escurecimento da casca e baixa taxa de conversão de amidos em açúcares, causando, consequentemente, perda de sabor, aroma e brilho.
Durante a colheita, evitar injúrias com as ferramentas e não deixar os cachos caírem ao chão. Após, evitar empilhar os cachos e colocá-los armazenados à sombra, evitando queimaduras de sol.
Pós-colheita
Na pós-colheita são realizadas práticas que têm por finalidade a conservação dos alimentos, mantendo a qualidade da colheita e possibilitando maior tempo de prateleira e, assim, período favorável até a distribuição, comercialização e consumo desta fruta.
Normalmente, as práticas pós-colheita são realizadas em locais denominados casas de embalagem. As práticas envolvem limpeza, higienização, despistilagem e escolha/classificação.
No despencamento, também se deve evitar as injúrias com as ferramentas, tampouco segurar a penca por um único fruto, causando defeito. Na higienização, normalmente são utilizados dois produtos, detergente e sulfato de alumínio.
O detergente para lavagem e eliminação dos restos florais e o sulfato de alumínio para remover e precipitar o látex, popularmente chamado de seiva ou leite. Essa lavagem e higienização se dão em tanques com água, no qual as pencas são submersas e contribuem para conservação dos frutos, evitando o aparecimento de doenças.
Na escolha e classificação, são retiradas as pencas que apresentam má formação ou estão fora do tamanho padrão, com sintomas de ataque de pragas e doenças e danos mecânicos da própria colheita.
Embalagem
Após a lavagem, as pencas são encaixotadas. Nesta etapa, é importante dispor as pencas/buquês de forma a evitar amassamento e consequente perda da qualidade. Normalmente, são utilizadas caixas plásticas, de papelão e ou madeira.
As caixas plásticas devem ser higienizadas, as de papelão descartáveis e as de madeira novas, ou seja, de primeiro uso. Estes são pontos preconizados pela Instrução Normativa MAPA n° 17, de 31/05/2005, quando se trata de comércio interestadual, a fim de mitigar os riscos da sigatoka negra (Mycosphaerella fijiensis), doença que acomete a bananicultura.
Maturação sob controle
Por ser um fruto climatérico, a banana apresenta alta taxa respiratória e alta produção de etileno após a colheita, por isso, é importante, sempre que possível, manter os frutos em câmara fria, de forma a realizar a maturação controlada.
A maturação controlada também permite homogeneizar o amadurecimento e, quando desejável, proporcionar o amadurecimento mais rápido.
Para grandes produtores, cooperativas e centrais de abastecimento, o uso de gases ativadores de maturação, como o etileno e acetileno, na associação com a redução da temperatura entre 12 e 18°C, é uma prática comum.
Tais condições devem ser selecionadas visando o desenvolvimento da cor amarela da casca, além de um efeito adicional sobre a longevidade após a remoção dos frutos da câmara de maturação.
Contudo, com o objetivo de prevenir desordens fisiológicas, desuniformidade na maturação e ocorrência de doenças que alteram a qualidade da banana, cuidados devem ser tomados em relação à concentração dos gases, temperatura, umidade relativa, ventilação, exaustão, limpeza e desinfecção das câmaras e uniformidade de frutos.
Transporte
Para o trânsito, conforme a legislação já citada, não se pode utilizar folhas da bananeira ou partes da planta de bananeira no acondicionamento de qualquer produto.
Ainda quanto ao transporte, outros fatores a se observar são o horário, clima, tipo de carroceria e condições da estrada. O ideal é que se faça em veículo fechado e climatizado, para manter a cadeia do frio e a qualidade até o consumidor final.