O uso do controle biológico para manejo de pragas e doenças na cafeicultura tem crescido nas últimas safras, principalmente, por produtores de café especiais e certificados. Para ser considerado um grão especial, este deve ser produzido com procedência controlada e altos padrões de qualidade desde o plantio do café até o seu preparo. Dessa forma, quanto mais se utilizam insumos biológicos, melhor a planta responde de forma natural e equilibrada, concentrando seu gasto energético na produção de grãos perfeitos. Além disso, o manejo biológico também favorece a obtenção de certificações orgânicas e socioambientais.
Segundo o professor Dr. Gilberto de Oliveira Mendes, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), campus Monte Carmelo, os produtos biológicos apresentam-se como uma nova ferramenta para o manejo de pragas e doenças na cafeicultura, oferecendo ao agricultor mais um componente para o manejo integrado. Esses produtos podem ser utilizados na rotação de princípios ativos no controle de pragas e doenças, evitando o desenvolvimento de resistência. “Além disso, existem pesquisas que mostram que o cafeeiro pode se beneficiar de outros microrganismos capazes de melhorar o crescimento vegetativo, com potencial de aumento de produtividade no futuro”. O professor Dr. Gilberto de Oliveira Mendes participou da 25ª edição da Fenicafé – Feira Nacional de Irrigação em Cafeicultura e apresentou o tema “Oportunidade: potencial dos produtos BIOLÓGICOS no sistema de produção de café”.
Na palestra, Mendes faz um apanhado das soluções biológicas disponíveis para a cafeicultura e também apresenta as perspectivas de novas tecnologias em desenvolvimento, mostrando alguns resultados de pesquisas. “Nesse contexto, discutimos o potencial dos biológicos na cafeicultura”.
Influência na qualidade do grão – “Nós já sabemos que o controle de pragas e doenças é essencial para expressar o potencial produtivo do cafeeiro. Logo, o uso de produtos biológicos com eficácia comprovada certamente vai conduzir para ganhos de produção. O uso de inoculantes com potencial de promoção de crescimento do cafeeiro também é uma perspectiva interessante para aumentar a produtividade”, garante o pesquisador. Para ele, o maior destaque do uso de produtos biológicos é na qualidade do grão, uma vez que são produtos livres de compostos potencialmente tóxicos para os seres humanos e para o ambiente. Dessa forma, o nível de resíduos indesejados no grão e no ambiente tende a diminuir com o uso de biológicos.
Manejo integrado – O controle de pragas e doenças não é algo pontual, envolve um manejo integrado. É preciso usar todas as ferramentas disponíveis (produtos biológicos, defensivos químicos, práticas culturais, irrigação, etc.) de forma racional. “Por mais eficiente que um método de controle possa ser, seu uso repetitivo levará ao aparecimento de resistência. Logo, os produtores precisam adotar uma abordagem mais ampla para controle, utilizando todas as tecnologias disponíveis”.
“O produtor de hoje tem acesso mais facilitado ao conhecimento técnico por meio da internet. E ele está conectado às inovações no setor. Esse é um grande diferencial da agricultura moderna: o acesso à informação. Isso tem acelerado a transferência do conhecimento para o setor produtivo. Nesse processo de troca de informações, o contato entre pesquisador, produtor e empresas do setor é algo essencial para o avanço tecnológico fundamentado no conhecimento empírico de todas as partes”, finaliza.
A Fenicafé se divide em três partes: o 25º Encontro Nacional de Irrigação da Cafeicultura do Cerrado, 22º Simpósio Brasileiro de Pesquisa em Cafeicultura Irrigada e a 24ª Feira de Irrigação em Café do Brasil.
A feira é promovida pela Associação dos Cafeicultores de Araguari (ACA) e a Federação dos Cafeicultores do Cerrado com apoio da Embrapa Café.