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sexta-feira, maio 3, 2024
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Produção de mamão no Brasil

Crédito: Shutterstock

Fabrício Custódio de Moura Gonçalves
Engenheiro agrônomo e biólogo, doutor em Agronomia/Horticultura e professor de Engenharia Agronômica – Universidade Estadual do Piauí (UESPI)
fabriciocustodiodemouragoncalves@urc.uespi.br
Francisco de Assis Pereira Leonardo
Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia e professor de Engenharia Agronômica – UESPI
franciscoleonardo@urc.uespi.br
João Valdenor Pereira Filho
Engenheiro agrônomo, doutor em Engenharia Agrícola e professor – UESPI
joaovaldenor@urc.uespi.br

A cultura do mamão possui grande importância na fruticultura nacional, e o Brasil se destaca como segundo produtor mundial da fruta, ficando atrás da Índia (maior produtor), com produção equivalente a 44,5% do mamão produzido no mundo (Faostat).

O Brasil situa-se ainda entre os principais países exportadores de mamão, principalmente para o mercado europeu.

A cadeia produtiva do mamão emprega cerca de 33 mil pessoas, movimentando R$ 900 milhões no mercado interno e o total arrecadado com exportações supera US$ 50 milhões. A União Europeia consumiu cerca de 87% do mamão brasileiro, mantendo-se como o principal mercado externo.

Vale lembrar que as exportações da fruta para os Estados Unidos também foram positivas. Embora os embarques de mamão para os EUA ainda sejam inferiores aos do Bloco Europeu, o total embarcado aumentou 14% em volume e 28% em receita, sobretudo nos primeiros semestres dos dois últimos anos, visto a redução de produção e exportação mexicana.

Em números

A produção é de 1,6 milhão de toneladas e a produtividade média nacional é da ordem de 47  t  ha-1. No Nordeste brasileiro, tem-se 20,2 mil ha-1 que produzem cerca de 1,0 milhão de toneladas, com produtividade média de 48 t ha-1. Na região Sudeste, os plantios ocupam 9,2 mil ha-1, entretanto, a produção é de 568,3 mil ha-1 e a produtividade em torno de 61 t  ha-1 (IBGE, 2018).

Quanto à produção nacional, os principais produtores são os Estados do Espírito Santo (902 mil toneladas), Bahia (630 mil toneladas), Rio Grande do Norte (106 mil toneladas) e Ceará (100 mil toneladas). No quesito exportações, o Estado do Espírito Santo responde por 50% do total, sobretudo, em virtude dos maiores índices tecnológicos nos cultivos ali existentes.

 A produção concentra-se nas regiões sudeste e nordeste, onde se encontram instalados os principais Polos de produção da fruta no Brasil, sendo a Bahia e o Espírito Santo responsáveis por cerca de 70% da área e da produção de mamão no País.

Os Estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Minas Gerais surgem como polos emergentes, participando com 21,82% da produção; e os demais Estados, com os 12,97% restantes.

A produtividade no Espírito Santo é em torno de 330 mil toneladas anuais, acima da média nacional. A região gera um valor bruto de produção da ordem de R$ 220 milhões.

Demanda

Os principais destinos do mamão brasileiro são a União Europeia, os Estados Unidos, o Mercosul (Argentina e Uruguai) e o Canadá, com importações, respectivamente, de 91,60%, 6,44%, 1,14% e 0,63% dos volumes exportados pelo Brasil.

Entretanto, apesar de sua participação nas exportações, as estatísticas indicam que 96% da produção de mamão no País é absorvida pelo próprio mercado interno. Em relação à comercialização da produção para o mercado interno, o principal destino do mamão produzido no Brasil são as Centrais de Abastecimento de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

Nesse aspecto, vale ressaltar as perdas pós-colheita que estão associadas ao transporte dos frutos a granel em caminhões, que ainda são utilizados em grande escala, principalmente pelo menor custo e pela inexistência de estruturas adequadas de pós-colheita (packing house) nas propriedades dos pequenos produtores.

Deve-se destacar que a oferta de mamão no mercado interno sofre pouca sazonalidade em função da época do ano, fato associado ao cultivo dessa frutífera o ano inteiro. Contudo, em virtude dos menores preços praticados nos meses de setembro a janeiro, entende-se que a oferta neste período seja ligeiramente maior.

Investimento inicial

Crédito: Brapex

O custo de implementação e manutenção de um plantio de mamão é variável, pois depende de diversos fatores, como local de instalação, uso ou não de irrigação, disponibilidade de mão de obra, entre outros.

A receita está ligada a fatores como oferta/demanda, tipo de mercado (interno ou externo), qualidade do produto e localização do mercado, ficando a estimativa do resultado financeiro na dependência da quantificação desses fatores.

Para uma lavoura com densidade de 1.666 plantas ha-1, com uso de irrigação, estima-se um preço médio no 1º, 2º e 3º anos de produção, respectivamente, de US$ 4.348,93, US$ 3.389,85 e US$ 2.027,80.

Neste sistema de produção, considerando o fluxo de custos e receitas para um período de três anos, projeta-se uma margem bruta negativa no primeiro ano, enquanto que nos anos seguintes, ela se torna positiva, com rentabilidade líquida, considerando o fluxo total, de US$ 14.203,55, ou seja, uma excelente oportunidade de investimento.

Rentabilidade

Embora o mamão ocupe pequena área plantada em relação a outras culturas, utilizando-se as boas práticas agrícolas sua rentabilidade tende a ser atraente, quando comparada com outras atividades tradicionais. Com isso, a cultura torna-se uma opção de atividade econômica viável para pequenos e médios produtores.

Essa rentabilidade das lavouras é maior para os produtores que exportam, ao remunerar melhor e de forma estável, promovendo, dessa forma, melhoria significativa na lucratividade do setor.

Seguindo as recomendações técnicas de boas práticas agrícolas em cultivo de mamão, as quais podem ser consultadas em sistemas de produção disponíveis ao público em geral, produtores de vários portes conseguem obter boa rentabilidade.

Potencial de produção

Aliado às condições climáticas favoráveis ao cultivo, o mamoeiro exige, para o seu bom desenvolvimento, temperaturas entre 21°C e 33°C, regime pluviométrico entre 1.500 mm e 1.800 mm anuais, ou suplementação com irrigação, caso o regime de chuvas não seja atendido.

Essas condições climáticas ideais são prevalecentes na região do Espírito Santo, maior produtora de mamão. Ademais, lá o alto nível tecnológico adotado e a capacidade empresarial instalada permitem os maiores índices de produtividade do País e frutos com alto padrão de qualidade, os quais possuem grande aceitação pelos mercados interno e externo.

Crédito: Aureliano Costa

O rendimento da cultura do mamoeiro sofre influência direta da adoção de tecnologias avançadas de produção que, comercialmente, alcança o seu ótimo após o primeiro ano de plantio, obtendo-se normalmente dois anos de produção comercial. Vale ressaltar a existência de plantios que, mesmo no terceiro ano de produção, continuam economicamente viáveis.

No primeiro ano de colheita, que se inicia entre o nono e o décimo mês após o plantio, ocorre a maior produção. A partir do segundo ano a produção começa a declinar e depois do terceiro ano, devido à queda na produção e na qualidade dos frutos e pela dificuldade de colheita ocasionada pelo porte elevado das plantas, torna-se recomendável economicamente a erradicação e formação de um novo plantio.

Prós e contras da produção

Seguindo o manejo adequado de fatores importantes de produção, como água e nutrientes, o retorno econômico já é observado no primeiro ano de colheita, que se inicia entre o nono e o décimo mês após o plantio, quando ocorre a maior produção.

Apesar disso, reconhece-se que, ao longo dos últimos anos, o crescimento do agronegócio do mamão no Brasil tem sido favorecido por um desenvolvimento tecnológico razoável.

Entretanto, existem ainda muitos entraves para maior expansão da cultura, a exemplo das doenças e da escassez de cultivares disponíveis para plantio que atendam às exigências dos mercados interno e externo, além do desenvolvimento de tecnologias pós-colheita e da redução dos níveis de resíduos de agroquímicos.

É evidente a necessidade de estruturação das casas de embalagem e o desenvolvimento de tecnologias pós-colheita, visando viabilizar a otimização dos custos com transporte e a redução de perdas e manutenção da qualidade dos frutos.

A perspectiva de manutenção do elevado custo de produção, ligado ao aumento marcante do dólar nos últimos anos, influenciou a alta do preço dos insumos utilizados no campo, limitando a entrada de novos produtores.

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