Juliana Rezende, Mariana Heitor e Luciane Rheinheimer são gestoras de propriedades rurais que têm em comum o troféu do Prêmio Mulheres do Agro (PMA), iniciativa da Bayer e Abag (Associação Brasileira do Agronegócio). Pela primeira vez, a premiação traz o tripé ESG como tema principal e é no pilar social — o “S” do ESG — em que as três agricultoras se destacam. Separadas por centenas de quilômetros, partilham um mesmo propósito e investem em ações sociais que impactam positivamente as comunidades no entorno de suas propriedades.
Farmacêutica de formação, Juliana Rezende decidiu dedicar 100% do seu tempo para a cafeicultura em 2015. Desde então, à frente da Fazenda Santa Barbara, em Monte Carmelo (MG), Juliana coleciona prêmios e certificações importantes que afirmam a qualidade e o compromisso com os pilares ESG em cada etapa da produção. Em 2021, a cafeicultora foi 1º lugar na categoria “Pequena Propriedade” no Prêmio Mulheres do Agro. Para além da preocupação com a sustentabilidade e pesquisa, Juliana tem uma forte atuação com a comunidade ao seu redor, sendo responsável por diversos projetos sociais.
Um deles é o programa de visitas para estudantes de ensino infantil até superior. O propósito é apresentar cada passo do processo produtivo, que dentre muitas atividades, conta com um laboratório de qualidade para testes com café e um espaço para apicultura, com cerca de 50 famílias de abelhas, que contribuem com a floresta local e polinizam o café arábica.
Na Fazenda Santa Barbara também são ministrados cursos e treinamentos em apicultura, classificação e avaliação de café, manejo integrado de pragas e biológicos, a até construção de fossas sépticas e técnicas para a recuperação de nascentes. Ao todo, Juliana já recebeu mais de 200 estudantes, além de 750 visitantes, dentre especialistas da Argentina, Etiópia, Estados Unidos, Eslováquia, Noruega e Polônia que vieram conhecer práticas de sustentabilidade do agro brasileiro.
“A educação é um ponto-chave para garantir que o agronegócio continue evoluindo e se tornando cada vez mais sustentável. Abro as portas da fazenda para pesquisadores e professores de universidades, que estudam e colhem materiais, já que em volta da fazenda temos fauna e flora muito específicas, que monitoramos com câmeras”, diz a produtora. “Sei que tudo o que é absorvido aqui nessas visitas, desde as experiências no laboratório até os manejos feitos nas plantações, geram informações que resultam em um agro mais inclusivo e parceiro do meio ambiente. Ver isso acontecer de perto e impactar a minha comunidade é a maior recompensa.”
Enquanto isso, em Patos de Minas (MG) Mariana Heitor comanda a Fazenda Reserva Heitor, com uma área total de 216 hectares, sendo 140 dedicados para a produção de café. Ela é parte da terceira geração da família à frente da fazenda, que existe desde a década de 1970 e, em 2022, levou o 1º lugar no PMA para casa, na categoria “Média Propriedade”. Para além dos projetos de reflorestamento, que os pais dela começaram nos anos 90, a produtora traz a comunidade para perto, especialmente crianças do ensino fundamental que estudam na zona rural de Patos de Minas.
“Desde 2008, o Dia da Árvore passou a ser um evento na fazenda, reunindo cerca de 120 estudantes do ensino fundamental, que assistem palestras sobre saúde e meio ambiente, passeiam pela área de vegetação recuperada e visitam as áreas de nascentes. Ao fim do dia, é feito o plantio de mais de 150 mudas de árvores nativas”, conta Mariana. Após a visita, o projeto continua dentro da sala de aula com o apoio de professores, que trabalham os temas de preservação ambiental por meio da produção de textos, desenhos e outros trabalhos educacionais feitos pelos alunos.
O projeto recebe apoio regional de representantes do setor público e privado e, em 2022, colaborou para que a Fazenda Reserva Heitor recebesse o prêmio “Sou Rural Sustentável”, que reconhece produtores e produtoras rurais comprometidos com a sustentabilidade e os pilares ESG. “Aqui, unimos nossa experiência às novas tecnologias na produção de café, com foco no desenvolvimento de práticas sustentáveis que valorizem a ética, a comunidade e a preservação dos recursos naturais. Nosso trabalho com os mais jovens contribui para a formação de cidadãos com maior consciência ambiental”, finaliza Mariana.
Tecnologia e capacitação em Passo Fundo
Em Passo Fundo (RS), Luciane Rheinheimer está determinada a promover capacitação e encorajamento às produtoras da região e de outros estados. Agrônoma e vencedora do 2º lugar no Prêmio Mulheres do Agro em 2019 na categoria “Média Propriedade”, a produtora passou a integrar o projeto ELA RS (Encontro de Lideranças do Agronegócio), ao lado de outras duas líderes rurais, com o objetivo de inspirar mais protagonismo para mulheres na agropecuária.
O ELA RS existe desde 2019, quando foi realizado o primeiro encontro presencial do projeto. Desde então, mais de 500 mulheres já foram impactadas pelas ações da iniciativa, que promove palestras com lideranças e pesquisadores, webinars, visitas técnicas em empresas do setor, oficinas e treinamentos sobre diversos temas fundamentais para os negócios.
“Em 2022, dentro da iniciativa e com a ajuda de parcerias, tivemos a ação ‘ELA RS na Lavoura’, com o objetivo de levar produtoras a campo para aprendizados sobre diversas culturas. Visitamos institutos de pesquisa do Rio Grande do Sul, para que acompanhassem de perto alguns estudos que estão sendo feitos, já que a tecnologia é um dos principais pilares de crescimento nos dias de hoje”, afirma a produtora gaúcha. “Acredito que essa troca de experiências seja capaz de inspirar cada vez mais o público feminino, não apenas para participar do universo do agronegócio, mas para liderá-lo com maestria.”