Fernando José Hawerroth – Doutor e pesquisador – Embrapa Uva e Vinho – fernando.hawerroth@embrapa.br
Maraisa Crestani Hawerroth – Doutora e pesquisadora – InnoveAgro Pesquisa e Consultoria Agronômica – maraisachawerroth@gmail.com
Além das condições de outono/inverno, as condições climáticas no período de florescimento são decisivas na resposta produtiva das macieiras. Condições de insuficiência em frio hibernal com menor sincronização de florescimento entre cultivares podem reduzir drasticamente as possibilidades de polinização, fundamental no processo de formação dos frutos.
Condições de precipitação, ou mesmo baixas temperaturas no florescimento, podem diminuir a atividade de insetos polinizadores, de modo a comprometer os índices de frutificação nos pomares.
Considerando a variabilidade climática observada entre anos nas principais regiões de cultivo da macieira, os produtores demandam utilizar técnicas diferenciadas a fim de garantir a regularidade produtiva dos pomares.
Essencialidade
O manejo de indução de brotação, a distribuição de colmeias de abelhas no pomar no período de florescimento e o uso de reguladores de crescimento são fundamentais para manter os patamares de produtividade ao longo dos anos.
Por serem desafios técnicos particulares das regiões de cultivo, a busca por soluções tecnológicas para o aprimoramento do manejo cultural deve ser constante, com importância significativa de instituições de pesquisa nesse processo.
O cultivo da macieira no Brasil tende a ser concentrado nas regiões de maior altitude, pois são as localidades com melhores condições climáticas em termos de ocorrência de frio no período de outono e inverno, e por apresentarem maior amplitude entre as temperaturas noturnas e diurnas no período de primavera e verão. Tais condições são fundamentais para a obtenção de elevados níveis de brotação de gemas, e a amplitude térmica diária é fundamental para a melhoria do formato e, principalmente, da coloração dos frutos.
Coloração das maçãs
As principais cultivares produzidas no Brasil, Gala e Fuji, apresentam frutos com coloração vermelha na epiderme dos frutos, sendo a coloração dos frutos um importante atributo considerado na comercialização.
Apesar das regiões de altitude apresentarem melhores condições climáticas para aumento da produtividade e qualidade dos frutos, a ocorrência de precipitações de granizo é frequente, causando severos prejuízos aos pomicultores.
Proteção
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A utilização de telas antigranizo tem sido cada vez mais presente nos pomares de macieira, para minimização das perdas decorrentes do granizo. O sistema é eficiente no controle de danos de granizo, mas o sombreamento causado pelas malhas antigranizo pode implicar em aumento do crescimento vegetativo, redução da eficiência de insetos polinizadores e redução da coloração dos frutos, quando os pomares não são adequadamente manejados.
A necessidade de alterações de manejo cultural frente às especificidades do cultivo sob tela antigranizo tem sido uma importante ação de pesquisa desenvolvida pela Embrapa Uva e Vinho em parceria com o setor produtivo.
Fitossanidade
Os problemas fitossanitários nos pomares de macieira no Sul do Brasil são de grande relevância e também demandam continuidade de pesquisas para serem adequadamente manejados. Ponto de relevância a ser destacado nesse sentido é a constante busca e uso de soluções tecnológicas que permitam o menor impacto ambiental, segurança aos trabalhadores e com máxima segurança em termos de resíduos de defensivos agrícolas nas frutas, atendendo as pressuposições de qualidade do mercado nacional e de mercado para exportação.
A adoção e ampliação de práticas associadas à produção integrada de maçãs, com uso eficiente e racional de insumos, buscando a sustentabilidade, rentabilidade e respeito ao consumidor e ao meio ambiente são constantes nos diferentes processos ao longo da cadeia produtiva da maçã.
Possibilidades
A perspectiva de diversificação de cultivares para ampliação do período de colheita, além da menor vulnerabilidade do setor produtivo (alicerçado na produção de Gala e Fuji, 60% e 30% da produção, respectivamente), ampliará as possibilidades de escalonamento da mão de obra no período de colheita.
Além disso, o aumento da variabilidade de produtos disponíveis ao consumidor amplia as oportunidades de conquistar diferentes nichos de mercado. É válido destacar que a maior inserção da mecanização demandará ajustes concomitantes em todo o sistema de produção da macieira, a destacar a arquitetura de plantas.
Dentre as potenciais mudanças a serem observadas nos próximos anos estão as mudanças em termos de sistemas de condução dos pomares, visando a simplificação das atividades no manejo dos pomares, com foco na eficiência laboral, altas produtividades e qualidade dos frutos, e ampliação do potencial de inserção da mecanização.
Essa é a saída do pomicultor brasileiro para ser cada vez mais eficiente e competitivo na fruticultura mundial.
