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Raízes pivotantes de girassol

Lucas Guilherme Araujo SoaresTécnico agrícola e graduando em Engenharia Agronômica – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) lucasifpa@gmail.com

Thiago Feliph Silva FernandesEngenheiro agrônomo e mestrando em Produção Vegetal – Universidade Estadual Paulista (UNESP)thiagofeliph@hotmail.com

Girassol – Crédito: Gilberto Grando

O girassol (Helianthus annuus L.), é uma planta dicotiledônea de ciclo anual, pertencente à família Asteraceae, de origem do continente Norte Americano. Trata-se de uma oleaginosa que apresenta características agronômicas de grande importância, como resistência à seca, ao frio e calor, com boa adaptabilidade às diferentes condições edafoclimáticas.

Seu sistema radicular é do tipo pivotante e bastante ramificado e, não havendo impedimentos químicos ou físicos, explora grande profundidade de solo, absorvendo água e nutrientes onde outras plantas normalmente não alcançam (Castro et al., 1996).

Por apesentar um sistema radicular primário bem desenvolvido, o girassol tem um crescimento e desenvolvimento inicial acelerado, sendo formado por uma raiz apical principal e raízes secundárias em abundância, com capacidade de explorar grande volume de solo e os recursos hídricos presentes.

Durante a fase de quatro a cinco pares de folhas juvenis, sua raiz primária pode chegar a uma profundidade de 50 a 70 centímetros, atingindo o máximo do crescimento na floração, quando alcança até quatro metros de profundidade em solos arenosos (Rossi, 1998).

Solo

A raiz desse vegetal possui grande capacidade de explorar grandes volumes do solo e água, o que contribui, principalmente, para uma maior resistência da planta a estresse hídricos, bem como a maior capacidade de ciclar nutrientes em camadas mais profundas. Entretanto, é importante destacar que os atributos físicos e químicos do solo devem proporcionar condições para o desenvolvimento do sistema radicular, pois cerca de 65% das raízes funcionais se encontram nos primeiros 40 cm (Rossi, 1998).

Por isso, o ideal desenvolvimento da cultura está atrelado às boas condições de fertilidade do solo. Carvalho et al. (2011) e Santos et al. (2012), avaliando alternativas econômicas para sucessão de grãos na região central do Brasil, encontrou resultados econômicos interessantes utilizando a planta de girassol, em comparação às culturas de milho e o sorgo.

Benefícios para a lavoura

Os benefícios proporcionados pela cultura do girassol ao solo e à lavoura são muitos. Há que se destacar a melhoria físico-química e estruturação do solo, proporcionadas pela redução da intemperização do solo pela utilização da planta como cobertura, além do fator econômico.

Por possuir vantagens como melhor tolerância à seca do que o milho e o sorgo, baixa incidência de pragas e doenças, em áreas onde se faz rotação de culturas percebe-se um aumento de 10%, e 15 a 20% nas culturas de soja e milho, respectivamente (Embrapa, 2010).

Quando se pensa na relação do cultivo de girassol com a melhoria de qualidade do solo, por meio das raízes pivotantes, é importante destacar as cultivares de boa qualidade genética, com características agronômicas interessantes, atreladas ao bom manejo da lavoura que será implantada após a colheita do girassol.

Atualmente, existem diferentes cultivares no mercado, ficando a critério do produtor a escolha da cultivar (Carvalho et al., 2011).

Versatilidade

Esse vegetal possui grande potencial para ser utilizado na adubação verde, devido ao seu rápido desenvolvimento inicial, efeito alelopático a uma grande quantidade de plantas daninhas, e boa eficiência na reciclagem de nutrientes. Além disso, exerce o papel de excelente agente protetor de solos, devido a proporcionar redução da erosão e infestação de ervas daninhas.

Como implantar a técnica

O processo de implantação de uma lavoura de girassol de elevada importância produtiva está continuamente ligado à escolha da melhor época de semeadura, do genótipo, manejo adequado da fertilidade do solo, tendo em consideração o sistema de rotação e sucessão de culturas e os fatores ambientais de cada região a ser implantada a cultura, como a disposição de água durante o ciclo da cultura. 

Os autores Leite et al. (2007) destacam que o girassol pode ser cultivado em diferentes regiões do País. Percebe-se, ainda, que ele possui fácil aptidão a diferentes regiões, podendo ser cultivado em cada uma delas, sempre obedecendo o calendário agrícola definido pela localidade e/ou região, atentando para os cuidados de não cultivar em épocas favoráveis ao surgimento de doenças, em especial aquelas que aparecem no final do ciclo das plantas, e evitar regiões com baixas temperaturas no final do ciclo da cultura.

Outro processo importante é a operação da semeadura, no manejo de cultivo de girassol. O arranjo das sementes, e em consequência a uniformidade e o desenvolvimento decorrente das plantas, são um dos principais pontos falhos no desenvolvimento da cultura.

Consórcio benéfico

De acordo com trabalhos acadêmicos desenvolvidos na cultura, os maiores rendimentos de grãos são obtidos com populações de plantas entre 40.000 a 45.000 plantas/hectares, utilizando espaçamento entrelinha de 70 cm, embora em outras estudos sugerem-se espaçamentos de 90 cm entrelinhas, proporcionando maior quantidade de aquênios por capítulos, possivelmente devido à menor competição entre as plantas.

Ressalta-se que a população de plantas está diretamente relacionada a fatores como tipo de cultura, altura de plantas, fertilidade do solo, distribuição de chuva, irrigação, práticas de cultivo e colheita e viabilidade e pureza da semente (Leite et al., 2005).

Previamente ao início do plantio, deve-se planejar um estudo preliminar a respeito das condições do solo, na qual a cultura será instalada. É recomendável que se faça uma coleta de solo e envie para um laboratório mais próximo para ser feito análise físico-química, e identificar possíveis deficiências nutricionais, tais como: falta ou excesso de macro e micronutrientes, além da quantidade de alumínio, para posterior correção.

O alumínio é o elemento que mais prejudica o desenvolvimento do girassol, pois devido à sua elevada toxidez, prejudica o crescimento do vegetal pela restrição do desenvolvimento radicular, diminuindo a resistência das plantas à seca e ao acamamento, comprometendo a adubação e aumentando a incidência de doenças (Castro et al., 1997).

Produtividade

O girassol representa altas produtividades, quando implantando como cultura que antecede lavouras de grãos, tendo em consideração que a espécie é de segunda safra, ou safrinha.

Baseado em produtividades alcançadas, estima-se que o Brasil poderá vir a ser um dos protagonistas da cultura, em produtividade e área cultivada. De acordo com a literatura, temos nos destacado com a expansão desordenada do cultivo, mesmo com a falta de zoneamento agroclimático e fitossanitário, além de assistência técnica capacitada.

Registra-se que a produtividade média está na ordem 1.500 kg/ha, ficando acima da média mundial. Entretanto, em condições de campo e regiões com tradição no cultivo, as produtividades médias alcançam 2.000 kg/ha.

No campo

Os resultados práticos mais difundidos em lavouras de girassol partem do sistema de plantio direto (SPD), que reduz operações como aração, que consiste no revolvimento da terra com objetivo de descompactá-la, melhorando sua estrutura para o cultivo de espécies.

Essa técnica é possível porque, no plantio direto, a palhada de outras culturas e restos vegetais é mantida na superfície do solo, garantindo uma proteção maior do que se estivesse exposto ao ambiente. Com isso, a erosão e compactação do solo é reduzida.

Trata-se de uma prática conservacionista especialmente adequada para as condições de ambiente de regiões tropicais, em que se faz necessário manter o solo protegido do sol e da chuva (Assis & Lanças, 2005).

Sem erros

Um dos grandes erros na implantação desta cultura é quando o produtor não realiza a correção do solo, uma vez que esta cultura não tolera solos ácidos, devido ao impacto direto no desenvolvimento da planta.

O impacto ocasionado à espécie implantada em solos ácidos é, principalmente, quanto à indisponibilidade dos nutrientes para a planta, ficando a mesma debilitada e improdutiva, ocasionando perdas significas ao produtor.

Uma das formas evitar erros frequentes em implantação de lavouras é realizar o correto manejo, fazer um breve estudo dos principais insumos que serão utilizados, além da escolha de um profissional capacitado para orientar o produtor do plantio a colheita.

Qual o custo?

O custo da implantação da cultura está atrelado principalmente aos insumos. Realizando uma breve pesquisa em fornecedores de insumos agrícolas poderemos ter a base do que será gasto.

Entretanto, os valores médios giram em torno de R$ 72,00 e R$ 124,00 por saca da semente de girassol de 60 kg. Para a saca do calcário agrícola de 50 kg, o preço fica em torno de R$ 30,00, podendo variar para cada região, além da hora maquinário para preparo de solo e plantio.

Entretanto, para ter garantia do sucesso de cada projeto, é de suma importância que sejam feitas as estimativas de custo e lucratividade das atividades, com o propósito de analisar se a implantação da cultura é viável.

Alguns estudos mostram que o retorno é inviável quando se realiza o cultivo solteiro, uma vez que os custos com a cultura se mostram elevados, tendo seu retorno em produtividade e valor da comercialização baixos, provocando um retorno financeiro baixo comparado ao investimento. Portanto, quando a cultura é implantada com antecedência ao cultivo de grãos, soja, milho e sorgo, ela se mostra rentável devido aos benefícios que a cultura fornece ao solo e lavoura.

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