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Semente sintética garante mudas de banana de alta qualidade

 

Luciana Nogueira Londe

Doutora em Genética e Bioquímica e pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais

luciana@epamig.br

Fotos Luciana Londe
Fotos Luciana Londe

A tecnologia de sementes sintéticas é baseada no encapsulamento de diferentes partes da planta, como por exemplo: embriões somáticos, gemas apicais e laterais ou tecidos meristemáticos, que são excisadas e, em uma cápsula de hidrogel são revestidos. O meio entre o explante (microbroto) e a cápsula é denominado endosperma artificial para a nutrição do explante.

O alginato de sódio é o principal gel para o encapsulamento, devido às suas propriedades geleificantes, baixo custo, facilidade de uso e ausência de toxicidade.  Pode ser armazenado tanto a curto quanto a longo prazo em nitrogênio líquido a -196°C, mantendo a integridade genética do material biológico em um espaço mínimo de armazenamento e conservação, técnica denominada de criopreservação.

O processo

Para se ter uma semente sintética, não necessariamente será preciso criopreservá-la. Essa é uma pesquisa posterior à formação da semente que, além de assegurar a conservação a longos prazos em nitrogênio líquido, proporciona resistência para sua manipulação e transporte, e também preserva a viabilidade caso a matriz seja enriquecida com substâncias nutritivas.

Vários elementos, como macro, micronutrientes, vitaminas, carboidratos e fitorreguladores são incorporados à matriz de alginato. Essa técnica de criopreservação tem sido aplicada à conservação de germoplasma em médio e longo prazos, por facilitar a troca do material genético entre diferentes instituições de pesquisas, mesmo de outros países.

A semente sintética, após formada, é colocada em meio de cultura, e geralmente utiliza o meio MS (Murashige & Skoog, 1964), que contém os macro e micronutrientes necessários para o explante se desenvolver e converter uma nova planta.

A semente sintética poderá ser conservada por períodos indeterminados Fotos Luciana Londe
A semente sintética poderá ser conservada por períodos indeterminados Fotos Luciana Londe

Mais pesquisas

Outra pesquisa envolvendo a semente sintética defende sua colocação diretamente em substrato ou solo para verificar se ocorre a conversão do explante em planta sem passar pela fase de aclimatização, que é necessário quando se coloca em meio MS.

Caso isso aconteça, viabilizaremos os custos para o produtor, visto que a fase de aclimatização é a mais difícil para algumas espécies, já que in vitro as plântulas terão todas as condições necessárias de desenvolvimento.

Assim que elas saem para as condições ex vitro, precisarão captar os próprios nutrientes provenientes do solo, bem como realizar a fotossíntese, mesmo ainda sendo frágeis para executarem com primor todas essas funções.

Benefícios para a banana

O uso da técnica de semente sintética em banana Musa spp. pode diminuir os custos de produção pela eliminação das etapas de enraizamento e aclimatação; além da possibilidade do estabelecimento dos propágulos diretamente a campo num estágio mais precoce do que em sistemas convencionais de propagação.

Custo

Os custos ainda estão em fase de análise, visto que os trabalhos não foram concluídos. A muda, por cultura de tecidos, varia de R$ 1,30 a R$ 1,80, dependendo de fretes. As sementes sintéticas provavelmente podem ser um pouco mais caras que isso devido à tecnologia empregada, proporcionalmente à quantidade demandada, visto que para um hectare de banana são necessárias 1.500 mudas de banana micropropagadas.

Viabilidade

O emprego dessa tecnologia é extremamente importante para o mercado, visto que facilitará o intercâmbio de material (germoplasma) devido ao tamanho empregado das sementes sintéticas.

A semente sintética, aliada à tecnologia da criopreservação, poderá ser conservada por períodos indeterminados, visto que o metabolismo da planta é praticamente nulo à temperatura na qual é armazenada, fazendo com que o vegetal mantenha todas as características necessárias para sua conversão em nova plântula.

Além disso, a pesquisa com cultura de tecidos visa manter o material livre de patógenos, o que é de interesse para o produtor e, consequentemente, para o consumidor, já que ambos estarão se beneficiando de produtos de qualidade fitossanitária.

Essa matéria você encontra na edição de agosto da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira a sua.

 

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