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Silício evita entrada de diversos patógenos na couve-flor

Crédito: Shutterstock

Liliane Marques de Sousa
Engenheira agrônoma e mestranda em Fitotecnia – Universidade Federal de Viçosa (UFV)
liliane.engenheira007@gmail.com
Walleska Silva Torsian
Engenheira agrônoma e doutoranda em Fitotecnia – ESALQ/USP
walleskatorsian@usp.br

As hortaliças têm alto valor nutricional e são bastante expressivas em todo o País, principalmente no Estado de São Paulo, considerado um dos principais produtores e consumidores.

A couve-flor está entre as 15 hortaliças mais consumidas no Brasil. Possui cerca de 93% de água, sais minerais e vitaminas de extrema importância para o corpo humano, além de ser uma excelente fonte de potássio e possuir poucas calorias.

Em 2020, foram comercializadas pouco mais de 80 mil toneladas de couve-flor, destacando-se os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, com 86% da produção. Foram movimentados cerca de R$ 272 milhões para os quase três mil hectares de couve-flor no Brasil. 

Vista de perto

A couve-flor pertence ao grupo das Brassicaceae, mesmo do repolho e da couve-manteiga. A hortaliça em questão possui folhas alongadas, raízes com até 20 cm de profundidade e uma inflorescência imatura que está localizada sobre um curto caule, com coloração branca, amarela, creme e com o melhoramento genético, verde e roxa.

É considerada uma hortaliça de clima frio, exigindo baixas temperaturas entre as fases vegetativa e reprodutiva. A couve-flor é uma planta alógama, ou seja, a polinização depende de insetos.

Condições para o plantio

Para o cultivo de couve-flor são necessárias temperaturas entre 14 e 20°C. O cultivo acima de 25°C ocasiona a má formação da inflorescência, e temperaturas perto ou abaixo de 0°C causam injúrias, devido ao congelamento.

A couve-flor necessita de solos mais argilosos, com alto teor de matéria orgânica e bem drenados, é pouco tolerante à acidez e exige um pH entre 6 e 6,8. A calagem e a adubação são essenciais, mas, para isso, é necessário realizar a análise de solo, sempre com a presença de um engenheiro agrônomo.

O ideal é elevar a saturação por bases a 80%. Deve-se aplicar o calcário durante o preparo do solo.

Adubação

O nitrogênio e o potássio são os mais consumidos pela cultura e influenciam diretamente a produtividade. O enxofre e o cálcio também são importantes para o crescimento da inflorescência.

O nitrogênio está ligado ao desenvolvimento vegetativo rápido, influenciando o crescimento da inflorescência.

TRANI et al. (1996) relata que a couve-flor é bastante exigente em micronutrientes como o boro, cobre, ferro, molibdênio, manganês e zinco, destacando principalmente o boro e o molibdênio. A deficiência em micronutrientes inviabiliza a produção devido à má formação da inflorescência.

Silício

Crédito: Sipcam Nichino

O silício é o segundo elemento mais abundante, por ser o principal constituinte do solo mas, isso não garante que a planta o absorva diretamente. Mesmo não sendo um elemento essencial às plantas, se mostra bastante importante devido ao fato de auxiliar no crescimento e produção de diversas culturas.

É benéfico para as plantas, melhorando a morfologia e a estrutura. A aplicação do silício em diversas culturas demonstra resultados positivos, como aumento de resistência ao acamamento, diminuição de pragas e doenças devido à formação da parede celular mais grossa e maior resistência às condições climáticas.

Estudos nas culturas do arroz, cana-de-açúcar, feijão, milho, soja e trigo demonstram que o uso do silício é um elemento importante para melhores resultados de produtividade. A utilização do silício na agricultura é considerada como um antiestressante natural, pois o uso do mesmo pode reverter estresses causados por altas temperaturas e alta pluviosidade.

A acumulação do silício na planta favorece a penetração da luz solar, mantendo as folhas mais fotossinteticamente ativas. O uso do silício aumenta a assimilação de nitrogênio, fornecendo rigidez à parede celular e à atividade radicular, evitando a entrada de diversos patógenos.

Benefícios

O silício é absorvido pelas plantas na forma de ácido monossilícico (H4SiO4). Os vasos do xilema realizam o transporte do silício na planta e sua distribuição depende da transpiração da mesma.

Altas concentrações de silício estão presentes no caule e nas folhas. A adubação com silício fortalece a parede celular das folhas, devido à formação da camada sílica-cutícula. O silício junto aos estômatos pode reduzir a taxa de transpiração da planta, fazendo diminuir o consumo de água.

A adubação com silício contribui para o controle de pragas e aumento da produtividade das plantas, e quando presente em maior volume nas células atua como agente, evitando a escassez de água na planta.

Também é responsável por aumentar a resistência das culturas, diminuindo a infecção por fitopatógenos e tornando a planta mais tolerante a diversos estresses. O silício é móvel nas plantas e pode ser aplicado por adubação foliar e também em fertirrigação na couve-flor.

Ação fitossanitária

O primeiro relato da redução de doenças utilizando o silício foi em 1940, mostrando resultados positivos na redução de míldio em pepino, devido à formação de barreira física e o acúmulo de compostos fenólicos.

O silício é depositado na parede celular da epiderme. Após a planta absorver o silício, o mesmo é depositado na forma de sílica, ficando imóvel. Logo, a formação da barreira de resistência dificulta o crescimento e penetração do fungo nos tecidos das plantas.

O silício também estimula a defesa natural da planta, com a produção de compostos fenólicos e acúmulo de lignina, que são acumulados na parede celular, também impedindo a colonização dos fungos.

Essa proteção das plantas com base no silício foi comprovada para evitar o oídio e podridão da raiz em pepino e abóbora e requeima em batata. De acordo com pesquisadores, a aplicação do silício em hortaliças é mais eficaz, mas tem muito a ser estudado ainda.

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