28.3 C
Uberlândia
quinta-feira, novembro 21, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosHortifrútiSilício no controle de oídio em abóbora

Silício no controle de oídio em abóbora

Aldeir Ronaldo SilvaEngenheiro agrônomo e doutorando em Fisiologia e Bioquímica de Plantas – ESALQ/USPaldeironaldo@usp.br

João Pedro Ramos da SilvaEngenheiro agrônomo e mestrando em Fisiologia e Bioquímica de Plantas – ESALQ/USPjoaopedror@usp.br

Abóbora – Fotos: Miriam Lins

O cultivo de abóbora é bastante predominante em várias regiões do mundo, sendo uma espécie agrícola de grande importância para a segurança alimentar de vários países. Em geral, os frutos são ricos em amido e açúcares, além de alto valor de vitaminas do complexo B1, B2 e C (Silva 2017).

Além da qualidade nutricional, outro fator importante na produção de abóbora é a grande diversidade de uso do fruto, tanto no preparo de pratos como doces. Quanto à produção, estão à frente os Estados de Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Bahia, Paraná e Santa Catarina, que correspondem a 84% da produção nacional (Prohort).

O terror dos produtores

O ódio é bastante recorrente nas espécies da família das cucurbitáceas, como melancia, abóbora, chuchu, melão e abobrinha. Em geral, os danos ocorrem na parte da área foliar, resultando na redução da capacidade de fotossintética em virtude da redução da área foliar e, consequentemente, diminuição na produtividade.

O ataque de oídio na cultura provoca a redução na produtividade, pela diminuição da área foliar, com o surgimento de manchas amareladas, progredindo para manchas brancas com micélios e conídios do fungo. Também pode surgir nas hastes e pecíolos.

Em estágios iniciais de crescimento dos fungos, ocorre na parte abaxial das folhas, mas dependendo do grau de manifestação a parte adaxial também pode ser colonizada. Já em estágios finais ocorre o surgimento de manchas escuras, equivalente à frutificação do fungo, sendo posteriormente necrosada. Há, ainda, redução do crescimento e desenvolvimento da planta, oriundo da diminuição das reservas nutricionais e energéticas da planta, levando à baixa da produção e qualidade do fruto de abóbora.

Outro fator importante é que os fungos patógenos são altamente especializados em parasitar seu hospedeiro de forma sutil, não levando-o à morte imediata, além da diversidade de raças desse patógeno.

Regiões mais afetadas e formas de controle

A ocorrência de oídio no Brasil é bastante generalizada, todavia, regiões de clima úmido ou frio apresentam condições favoráveis ao surgimento da doença. Outro fator refere-se a uma doença cosmopolita que atinge uma ampla gama de culturas agrícolas.

Além disso, outros fatores que contribuem para a disseminação dos fungos, como temperaturas entre 6,0 a 33°C, são propícias para germinação dos esporos, e temperaturas entre 20 e 25°C são favoráveis ao ataque do oídio (Pinto et al., 2014).

Tanto o controle preventivo como curativo é necessário, em virtude dos danos oriundos do ataque de oídio no cultivo da abóbora, afetando diretamente a capacidade produtiva das plantas e, consequentemente, a qualidade dos frutos. Em geral, os controles químicos e o uso de variedades resistentes são os mais utilizados, mas outros métodos também podem ser eficientes, como o controle biológico e manejos alternativos, como a adubação.

Todavia, a suplementação nutricional contribui diretamente para redução dos danos e disseminação do oídio no cultivo de abóbora.

Atuação do silício

O silício é um elemento muito importante para a agricultura mundial, existindo a discussão científica quanto à essencialidade do elemento. Entre os efeitos mais representativos estão: diminuição da incidência de doenças e tolerância ao estresse abiótico, pois quando absorvido o silício na forma de ácido monosilícico (H4SiO4), a maior parte é depositada na parede celular da epiderme, promovendo o aumento na resistência ao ataque de doenças e pragas, bem como fatores ambientais.

[rml_read_more]

Além disso, nas cucurbitáceas o silício também contribui para o aumento da fotossíntese, diminuição da transpiração e elasticidade da parede celular, interagindo com os polifenóis e promovendo maior desenvolvimento da planta de abóbora.

Dicas importantes

A aplicação de silício pode ser feita tanto na forma preventiva como também de maneira curativa, sendo que o elemento possibilita ganhos produtivos, mesmo em situação de não ocorrência do ódio.

A forma de aplicação mais utilizada é via foliar, em virtude da diversidade de produtos no mercado nacional, como silício com outros micronutrientes, micronutrientes isolados e substâncias orgânicas, com intervalo de aplicações de 15 dias durante a fase de desenvolvimento da abóbora.

A técnica apresenta alta capacidade de absorção em função da área foliar. Entretanto, o silício também pode ser aplicado via solo durante a semeadura ou na adubação de cobertura. Geralmente as dosagens mais utilizadas no cultivo de abóbora para aplicação via foliar variam de 1,5 a 2,5 L/ha.

No campo

O uso de silício possibilita melhoria quanto ao crescimento da planta e aumento da área foliar, promovendo também o incremento de pigmentos de clorofila. Tais fatos permitem maior capacidade de produção de fotoassimilados, resultando no aumento do número de fruto abóbora por planta.

Outro fator no cultivo de abóbora é a suscetibilidade à ocorrência de oídio em grande parte do ciclo de cultivo, levando à redução na produtividade. Nisto, o uso de silício durante o cultivo promove a redução da infestação, bem como os danos provocados pelo oídio em plantas de abóbora.

Por fim, o emprego de silício apresenta bons resultados quanto aos ganhos produtivos. Em ensaio experimental realizado no interior do Estado de São Paulo, a aplicação de silicato de potássio provocou o aumento no número de fruto e peso dos frutos de abóbora, bem como contribuiu para redução dos danos causados pelo oídio.

Além disso, outros estudos também revelam a redução da severidade da doença de oídio em plantas de melão e pepino.

Por outro lado, entre os erros mais comuns observados na utilização de silício no cultivo de abóbora, destacam-se; aplicação de dosagens elevadas ou muitas baixas, levando ao desbalanceamento nutricional. Outro erro muito comum é a redução do pH da solução, podendo resultar em uma relação de antagonismo do silicato de potássio, por exemplo, que contenha fonte amoniacal (NH4+).

Investimento x retorno

Em geral, as fontes de silício disponíveis no mercado variam bastante quanto à composição dos produtos, bem como as formas disponíveis no mercado. Com produtos comercializados na forma líquida ou em pó, as embalagens variam de 1,0 a 5,0 litros, com preços de R$ 46,00 a R$ 240,00.

Em geral, as fontes de silício apresentam custo viável, com excelente retorno quanto ao aumento de produtividade e resistência de plantas de abóbora ao ataque do oídio.

ARTIGOS RELACIONADOS

Ciclo da cebola define o planejamento de mercado

  Daniel Pedrosa Alves Doutor em Genética e Melhoramento e pesquisador da Epagri na área de Melhoramento de Plantas danielalves@epagri.sc.gov.br Gerson Henrique Wamser Mestre em Produção Vegetal e pesquisador...

Enxertia otimiza produção de frutíferas de caroço

Newton Alex Mayer Engenheiro agrônomo, doutor e pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Pelotas (RS) alex.mayer@embrapa.br   As mudas de espécies frutíferas de caroço (pessegueiro, nectarineira e ameixeira)...

O cultivo de morangos no Brasil

  Carlos Reisser Junior carlos.reissser@embrapa.br Luis Eduardo Correa Antunes Pesquisadores da Embrapa Clima Temperado O morango é uma 'fruta' com um apelo de consumo dos mais elevados dentre as...

Adubação inteligente na couve-flor

Pertencente à família das Brassicáceas, a couve-flor (Brassica oleracea var. botrytis), é uma hortaliça que vem sendo cultivada no Brasil durante o ano inteiro, graças aos programas de melhoramento genético, que desenvolveram cultivares e híbridos adaptados à altas temperaturas.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!