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Bruno Nicchio
Ernane Miranda Lemes
Engenheiros agrônomos, mestres e doutorandos em Agronomia, ICIAG-UFU
José Geraldo Mageste da Silva
Professor UFVJM/Instituto de Ciências Agrárias, ICIAG-UFU
Dentre as espécies florestais cultivadas, o eucalipto (Eucalyptus sp.) e o pinus (Pinus sp.) são as de maior destaque, seguidas pela seringueira (Hevea brasiliensis) e outras espécies como a teca (Tectona grandis), o paricá (Schizolobium amazonicum) e o mogno africano (Khaya sp.).
Essas espécies são de grande importância econômica para o País, apresentando grande capacidade de adaptação e a aplicação em diferentes processos e destino de produção, como a celulose, papel, postes, energia, serraria, carvão vegetal, além de outros produtos, como óleos essenciais e produção de mel nos períodos de florada. Todos esses destinos da produção florestal são prejudicados com a ocorrência de doenças e pragas.
Danos
Na cultura do eucalipto, por exemplo, a ocorrência de doenças, como a mancha de micosferela (fungos dos gêneros Mycosphaerella e Teratosphaeria) pode reduzir a produção de madeira em até 20%, demonstrando o potencial destrutivo das doenças em cultivos florestais.
O eucalipto ainda pode ser atacado por vários outros patógenos que são agentes causais de doenças como o tombamento de mudas e a podridão de raízes e estacas (Phytophthora sp.), o mofo cinzento (Botrytis cinerea), o oÃdio (Oidium eucalypti), a ferrugem (Puccinia psidii), a murcha bacteriana (Ralstonia solanacearum) e de cilindrocladium (Cylindrocladium candelabrum), a rubelose (Corticium salmonicolor), o cancro (causado por diversos fungos, principalmente Cryphonectria cubensis), entre outras doenças foliares e complexos etiológicos que possuem sintomas de doenças, mas têm origens diversas.
Doenças de origem abiótica também afetam as culturas florestais, como o estresse hídrico (seca ou alagamento), granizo e elevadas temperaturas, o que termina por predispor as plantas ao ataque de patógenos (doenças bióticas) que, em situações normais, não seriam um problema para a cultura.
Pragas
As pragas, especialmente os insetos, podem afetar a produção florestal e de seus derivados. Formigas, cupins, besouros, lagartas, percevejos, psilideos, ácaros e pulgões, isolados ou em conjunto, podem causar grandes prejuízos à produção, e seus danos dependem da intensidade e época de ocorrência da praga, da espécie florestal, do correto diagnóstico do agente causal e das medidas de controle adotadas.
No entanto, apesar do conhecimento dos problemas potenciais que as doenças e as pragas podem causar às espécies florestais, é sempre muito difícil quantificar precisamente os danos e as perdas que estas moléstias podem infringir à produção florestal de madeira e derivados.
Ação do silício
O manejo da fertilização mineral com a aplicação silício (Si) apresenta uma série de benefícios para as plantas, no entanto, para entender como o Si pode beneficiar as plantas é necessário entender como ele age.
Após absorvido pelas raízes, o Si se polimeriza na superfície das folhas, especialmente nas áreas onde ocorre a evapotranspiração da água absorvida junto com a solução do solo, e forma um rígido revestimento (barreira física) que dificulta a entrada e o estabelecimento de patógenos, especialmente fungos, e a herbivoria causada por insetos.
O Si pode também funcionar como um ativador das defesas naturais das plantas (barreira bioquímica), estimulando a produção de substâncias que irão proteger a planta da entrada e desenvolvimento de doenças e pragas.
Mais benefícios
Além da maior resistência das plantas às doenças e pragas proporcionada pelos efeitos da presença de Si, outros benefícios também são comumente relatados com a aplicação deste nutriente, como a resistência ao acamamento, plantas com uma arquitetura mais eretas e maior eficiência fotossintética, maior tolerância à geada, a altas temperaturas e ao estresse salino e hídrico, aumentos de produtividade da biomassa e a mitigação dos sintomas causados pelo excesso de metais pesados.
Como exemplos dos benefícios da aplicação de Si temos que (i) a incidência e o desenvolvimento de oÃdio (Oidium eucalypti) em eucalipto foram inferiores, assim como (ii) a desfolha causada pelo ácaro Oligonychus punicae também foi menor quando as plantas foram suplementadas com Si via solo; (iii) os efeitos fitotóxicos do excesso de zinco em solução também foram reduzidos com a aplicação de Si, e as plantas apresentaram um melhor desenvolvimento do sistema radicular.