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Sistema aberto ou fechado – Qual o melhor para o morango?

Autores

Mário Calvino Palombini
Engenheiro agrônomo e proprietário da Vermelho Natural
vermelhonatural@hotmail.com
Roberta Peil
Professora do departamento de Fitotecnia – Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
rmpeil@ufpel.edu.br
Chaiane Signorini
Doutoranda em Fitotecnia – UFPel

Em muitos países tem se utilizado a solução do drenado, tanto em sistemas fechados recirculantes como o seu recolhimento para a posterior utilização em outras culturas. As calhas, por possuírem uma estrutura rígida, são interessantes neste sistema, facilitando a aplicação da declividade adequada para seu escorrimento.

As razões que impulsionam o aumento do cultivo em substratos se referem à otimização da mão de obra, ao maior potencial produtivo por unidade de área, à redução do uso de agrotóxicos, à diminuição dos custos de implantação da cultura a partir do segundo ano e ao aumento da produtividade e da qualidade dos frutos.

Do ponto de vista de drenagem da solução nutritiva lixiviada, podem ser caracterizados dois tipos de sistemas de cultivo em substrato: o sistema ‘aberto’ e o sistema ‘fechado’.

No cultivo em sistema aberto, a solução nutritiva drenada é liberada diretamente no solo. Este sistema representa a maioria dos cultivos comerciais de morango e praticamente a totalidade da produção das demais hortaliças de fruto. Causa sérias consequências ambientais, podendo salinizar o solo, contaminar o lençol freático e fontes de água. Além disso, ocasiona o desperdício de água e fertilizantes.

O cultivo em sistema fechado promove a coleta e a recirculação da solução nutritiva drenada, sendo, portanto, mais complexo e, assim, exigindo maior conhecimento técnico para o manejo. Por outro lado, representa um baixo impacto ambiental e diminui de forma significativa o gasto de água e de fertilizantes.

Máxima tecnologia

Existem dois motivos para adotar esta tecnologia – econômica, pela redução do desperdício dos adubos, e por questões ambientais, evitando a contaminação do solo e do lençol freático.

Se considerarmos uma perda de 20% de solução nutritiva no drenado, a quantidade de adubos desperdiçados seria equivalente a aproximadamente ao que se utiliza na mesma quantidade de área no cultivo de grãos mais uma adubação de melhoramento de pastagens.

Em termos econômicos, deve-se analisar a sua viabilidade. Em termos ambientais, estas quantidades de adubos podem ser absorvidas por uma vegetação nativa, caso exista na área abaixo das prateleiras, portanto, o dano ambiental está diretamente vinculado ao tipo de manejo adotado.

No morango

No caso da utilização em um sistema recirculante fechado na própria cultura do morangueiro ou o seu recolhimento para a utilização outras áreas cultivadas, o produtor deve avaliar alguns fatores.

A solução do drenado, ao passar pelo substrato, pode sofrer alterações das quantidades originais de nutrientes. Por esse motivo, são recomendadas análises periódicas da sua composição e a recomposição conforme as necessidades da cultura.

A solução do drenado, ao entrar em conta com as raízes das plantas de morangueiro, podem ser contaminadas por agentes patogênicos. A recomendação do tratamento de desinfecção é a utilização do filtro biológico (um filtro de areia com Trichoderma harzianum), que possui a capacidade de eliminar alguns patógenos e o tratamento complementar com lâmpadas ultravioleta.

Como a luz ultravioleta causa a degradação do ferro quelatilizado, é necessário à recomposição antes da sua utilização.

Análise dos sistemas abertos e fechados

O grande diferencial entre os sistemas aberto e fechado refere-se aos volumes de água e solução nutritiva gastos e descartados no ambiente, sendo alarmantes os números referentes aos sistemas abertos. Por exemplo, um produtor cuidadoso que forneça solução nutritiva em “pulsos” de sete minutos, quatro vezes ao dia, e considerando que a cinta de gotejo empregada possua gotejadores espaçados em 20 cm (cinco gotejadores/slab) e com vazão individual de 1,6 l/h, terá o gasto diário de 3,6 litros por slab.

Considerando a fração de drenagem de 20%, chega-se ao volume aproximado de 0,75 litros de solução nutritiva perdida diariamente por um único slab com sete plantas. Desta maneira, em um abrigo de 5,0 m x 50 m (400 slabs ou 2800 plantas), ter-se-á uma perda diária de 300 litros de solução drenada, o que equivaleria a uma perda anual de 110 m3 ou 4,4 milhões de litros/ha.

Do ponto de vista técnico, para os sistemas abertos é possível empregar uma gama maior de substratos e o manejo da solução nutritiva é simplificado, enquanto nos sistemas fechados estes são restritos a materiais com baixa CTC e há a necessidade de monitoramento mais frequente das condições de CE e pH da solução drenada.

Quanto aos problemas fitossanitários, na prática não se tem observado uma maior incidência de doenças ou pragas em decorrência da recirculação da solução drenada nos sistemas fechados. Ambos os sistemas reduzem a incidência de patógenos de forma semelhante em relação ao cultivo no solo.

Da mesma forma, as produtividades obtidas têm sido semelhantes e dependem muito mais do manejo adequado das plantas, do clima e da cultivar adotada do que dos sistemas em questão.

É urgente promover o ‘fechamento’ dos sistemas de cultivo em substrato. Além do desperdício de água e fertilizantes, os sistemas de cultivo abertos geram vários problemas ambientais: a salinização do solo e a contaminação do lençol freático e de fontes de água pelo lixiviado.

Por esses motivos, a substituição dos sistemas abertos por sistemas com a coleta e a recirculação da solução nutritiva drenada surge como uma eficiente forma de reduzir impactos econômicos e ambientais.

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