Os principais desafios dos produtores rurais nesse tema estão sendo apresentados em evento da cadeia de soja em Cuiabá pelo Doutor Agro, Marcos Fava Neves, autor e organizador de 75 livros
O Brasil é e será fornecedor sustentável de alimentos, bioenergia e outros agroprodutos para o planeta. Com a perspectiva de que em 2030 praticamente dois terços da soja importada pelo mundo será oriunda do Brasil, é cada vez mais certo de que a sojicultura e a sustentabilidade caminharão juntas e se transformarão em oportunidades. Baseado nesse cenário que o doutor Agro Marcos Fava Neves, professor da USP e da FGV, apresentou o Painel Sustentabilidade da cadeia da soja – Desafios e Oportunidades, no dia 13 de abril, no segundo dia do evento Master Meeting Soja 2022, em Cuiabá/MT.
Para que isso se concretize, ele afirma que a cadeia produtiva da soja tem de fazer todos os processos de forma sustentável, para se consolidar como fornecedor não só de comida, mas também de outros valores, já que ao entregar comida é possível entregar preços mais acessíveis, paz e redução da fome.
“Esta é a imagem que vem sendo construída no Brasil e a cadeia da soja tem ampla responsabilidade em ajudar nessa construção”, comenta Neves, que é autor e organizador de 75 livros, reconhecido como um dos maiores professores e cientistas internacionais da atualidade no que tange os estudos da produção no campo. Seu livro mais recente “Ferramentas para o Futuro do Agro”, que norteou sua apresentação no evento, estará disponível ao público do evento, gratuitamente.
Nesse contexto, o professor aponta os desafios a serem enfrentados para alcançar o patamar projetado. Segundo ele, o crescimento da soja brasileira incomodou muitos países na Europa e os Estados Unidos. “Por causa disso, a nossa produção fica sempre alvo de ataques internacionais, alguns por questões protecionistas, outros por questões políticas, de mercado e até referentes a sustentabilidade”, afirma ao avaliar que a produção nacional pode crescer ainda mais de forma sustentável, pois tem a matemática a seu lado, com bons índices de preservação.
Uma questão que o Brasil precisa se atentar e combater com mais eficiência, afirma o professor, é o desmatamento ilegal, para trazer os índices a zero. Porque não adianta ter bons indicadores ambientais e biocombustíveis, energia renováveis e outras iniciativas importantes se o desmatamento ilegal, principalmente na Amazônia, continuar aumentando.
Pilares da sustentabilidade
Sustentabilidade vai além do meio ambiente, da preservação ambiental. De acordo com o professor Maros Fava Neves, ela tem três pilares: o de Pessoas, o Econômico e o Ambiental. “Mas muita gente associa a sustentabilidade apenas com a questão de floresta, do verde, da preservação. Na verdade, é além disso. Envolve a governança das empresas e nesse quesito, o sojicultor deve mostrar ao mundo a movimentação financeira decorrente da produção, o volume de empregos gerados, a massa salarial paga na cadeia produtiva, o quanto movimenta a economia, o valor dos impostos recolhidos, o quanto as exportações contribuem para a balança comercial brasileira e para a economia, enfim, todos os benefícios da cultura da soja”, exemplifica.
Outro ponto que merece atenção é a forma como a produção de soja avança no Brasil. Nos últimos anos, a cultura passou a ocupar áreas de pastagem degradada, com uma vantagem econômica expressiva. Segundo o especialista, com investimento médio de R$ 15 mil a R$ 20 mil é possível converter 1 hectare de pasto em soja prestes a ser colhida. “E esse valor circula na economia, beneficia empresas fornecedoras, vendedores, produtores sementes, de indústrias de defensivos, fertilizantes, o setor de máquinas agrícolas e prestadores de serviços”.
Nas propriedades, os sojicultores precisam manter a preservação das matas, cuidar desse patrimônio ambiental de valor incalculável e mostrar isso ao mundo. Com relação à governança, ele lembra da importância de se fortalecer as associações setoriais, as cooperativas e também trabalhar na transparência da atividade, com relatórios de sustentabilidade.
O EVENTO
O Master Meeting Soja é promovido pela Proteplan, uma empresa mato-grossense de pesquisa agrícola, assessoria e capacitação que tem a missão de desenvolver soluções integradas na agricultura e difundir conhecimento técnico e experiência para a cadeia produtiva. Os trabalhos da empresa visam contribuir com o desenvolvimento da agricultura de forma sustentável, respeitando as boas práticas agrícolas e visando rentabilidade nas diversas culturas de atuação (soja, milho, algodão e feijão). O evento acontece no hotel Gran Odara na capital mato-grossense.