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Giovani BeluttiVoltolini
Graduando em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras ” UFLA, membro do Grupo de Estudos em Herbicidas, Plantas Daninhas e Alelopatia ” GHPD e do Núcleo de Estudos em Cafeicultura ” NECAF
Gabriel Tadeu de Paiva Silva
Graduando em Agronomia ” UFLA e membro associado ao NEPAFLOR/UFLA
Marcos VinÃcius de Oliveira Gonçalves
Graduando em Agronomia ” UFLA e membro associado ao GHPD
A produção de mudas é o primeiro passo para o sucesso do plantio e, consequentemente, para o sucesso da lavoura. Para a formação de mudas de boa qualidade, o viveirista deve optar pelo substrato adequado e que atenda à demanda nutricional das espécies que o mesmo cultiva (forma).
Sobretudo, é imprescindÃvel que as plântulas tenham aporte no substrato de todos os nutrientes essenciais ao seu desenvolvimento, visto que este é o estágio que as mesmas necessitam de um cuidado especial para que seu desenvolvimento não seja afetado.
Neste sentido, a fertilização do substrato se mostra uma técnica muito eficaz, fornecendo os nutrientes às plantas de acordo com sua necessidade. Porém, em se tratando de mudas, a solubilidade destes fertilizantes deve ser alta, para que os nutrientes fiquem prontamente disponíveis às mesmas.
Entre os tipos de fertilizantes utilizados atualmente, os Fertilizantes de Liberação Lenta (FLL) vêm ganhando muito mercado, devido à grande eficácia e redução na mão de obra, que se mostra um grande problema devido ao seu custo e também à escassez de profissionais no campo.
Vantagens
As principais vantagens encontradas na utilização dos FLL na formação de mudas foram a redução na lixiviação de nutrientes, fornecimento regular e contÃnuo dos nutrientes, redução no risco de toxidez às raízes pela elevada concentração de sais, maior praticidade no manuseio dos fertilizantes e redução nos custos de produção, visto que há diminuição da demanda por mão de obra para a manutenção da adubação.
Como consequência de sua utilização, pode-se salientar a maior eficiência agronômica do fertilizante, maior desenvolvimento das mudas e redução da mão de obra.
Especificações e dosagens
Os nutrientes mais comumente usados na composição da maioria dos produtos de liberação lenta do mercado são o nitrogênio, fósforo e o potássio (NPK). A dosagem destes nutrientes varia conforme a constituição do substrato, pois este pode apresentar teores variáveis de nutrientes em sua composição natural, a estratégia de manejo de cada locação, o tempo de liberação dos nutrientes, a formulação do produto e a espécie da planta.
Para ilustrar a situação dos diferentes substratos podemos apresentar a seguinte tabela:
Características |
CO |
HM |
CED |
Turfa* |
VERM |
TSUB |
CAC |
CCM |
SCP |
N total (g.kg-1) |
11 |
8,4 |
10 |
31 |
– |
0,24 |
6,5 |
3 |
16,7 |
Relação C/N |
10 |
13 |
27 |
14 |
– |
12 |
44 |
128 |
– |
pH em CaCl2 0,01M |
6 |
6,4 |
6,1 |
4 |
5,9 |
4,2 |
6,5 |
8,8 |
4,8 |
P total (g.kg-1) |
4 |
4 |
0,2 |
0,7 |
– |
– |
1 |
5 |
6,9 |
K total (g.kg-1) |
3 |
2 |
1 |
3 |
– |
– |
3 |
12 |
– |
Ca total (g.kg-1) |
8 |
10 |
26 |
– |
– |
– |
1 |
49 |
– |
Mg total (g.kg-1) |
4 |
4 |
1 |
– |
– |
– |
1 |
7 |
– |
P resina (mg.dm-3) |
780 |
1216 |
120 |
– |
23 |
2 |
135 |
59 |
– |
K trocável (mmolc.dm-3) |
117 |
38 |
22 |
15 |
1,8 |
0,2 |
28 |
27 |
25 |
Ca trocável (mmolc.dm-3) |
144 |
188 |
273 |
– |
37 |
10 |
28 |
3 |
55 |
Mg trocável (mmolc.dm-3) |
54 |
183 |
64 |
– |
69 |
2 |
10 |
3 |
50 |
Al trocável (mmolc.dm-3) |
6 |
14 |
3 |
– |
1 |
3 |
3 |
0 |
6 |
CTC efetiva (mmolc.dm-3) |
321 |
423 |
362 |
– |
109 |
15 |
69 |
33 |
– |
CO ” Composto orgânico; HM ” Húmus de minhoca; CED – Casca de eucalipto decomposta; VERM ” Vermiculita; TSUB ” Terra de subsolo; CAC ” Casca de arroz carbonizada; CCM ” Cinza da caldeira de biomassa; SCP ” Substrato comercial a base de casca de Pinus.
Nutrientes utilizados em liberação lenta
Os adubos de liberação lenta são muito importantes para a produção de mudas florestais.É o caso de espécies como o eucalipto e a seringueira, fertilizantes que contribuem para a melhoria da qualidade das mudas e flexibilidade no tempo para plantio, pois liberam gradativamente as doses necessárias de nutrientes.
Dentre eles temos os macronutrientes nitrogênio e fósforo, e geralmente são estes que se apresentam em maior quantidade nos fertilizantes deste tipo, pois a exigência por estes nutrientes é bem maior no desenvolvimento inicial das mudas.
O nitrogênio é um nutriente essencial ao desenvolvimento, assim como o fósforo, que auxilia no crescimento e desenvolvimento das mudas. Contudo, a diferença entre eles está na funcionalidade metabólica dos vegetais.
 Responsável pela formação de proteínas e aminoácidos para a planta, o nitrogênio auxilia diretamente no desenvolvimento estrutural dela. O fósforo está relacionado ao fornecimento de energia para a muda, fase em que é de grande importância, visto que o metabolismo da planta é muito acelerado.