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Teoria da dupla-relatividade para fertirrigação

A dupla-relatividade, inspirada em Einstein, tem a virtude de ser extremamente simples para o manejo profissional das fertirrigações - Crédito Shutterstock
A dupla-relatividade, inspirada em Einstein, tem a virtude de ser extremamente simples para o manejo profissional das fertirrigações – Crédito Shutterstock

 

Os fertilizantes são, em geral, sais. A salinidade pode ser medida com o auxílio de um condutivímetro para identificar a Condutividade Elétrica (CE). Para isso, já estão disponíveis kits rápidos voltados à identificação dos principais nutrientes que compõem a CE na solução do solo.

Condutivímetro e pHmetro digitais Atago - Crédito Luiz Dimenstein
Condutivímetro e pHmetro digitais Atago – Crédito Luiz Dimenstein

A primeira relatividade é comparar cada nutriente contra ele próprio em sequência de duas coletas da solução do solo em intervalo, por exemplo, semanal, e comparar o cálcio da semana atual contra o da semana passada, idem para o potássio da semana atual contra o potássio da semana passada e para os demais nutrientes.

Kit Cálcio - Crédito Luiz Dimenstein
Kit Cálcio – Crédito Luiz Dimenstein

Em seguida está a segunda relatividade, que compara a contribuição de cada nutriente dentro da salinidade total de CE, identificando quanto o cálcio contribuiu na CE da semana passada em relação à semana atual. O mesmo acontece ao identificar a contribuição do potássio na CE da semana passada e da semana atual.

Kit Cloreto - Crédito Luiz Dimenstein
Kit Cloreto – Crédito Luiz Dimenstein

Assim se identificam duas relatividades que geram um delta (∆): a do nutriente individual contra ele próprio e cada elemento na sua contribuição na CE. Esse ∆ é importante para saber se há perdas ao longo do ciclo de cultivo e efetuar as correções nas fertirrigações seguintes de doses compatíveis, evitando erros grosseiros, seja por falta ou excesso.

Kit Fosfato - Crédito Luiz Dimenstein
Kit Fosfato – Crédito Luiz Dimenstein

Vantagens

A teoria da dupla-relatividade para fertirrigação traz como principal vantagem a economia de fertilizantes, além de o desempenho das plantas ser otimizado pela nutrição ideal.

Kit Nitrato & Nitrito - Crédito Luiz Dimenstein
Kit Nitrato & Nitrito – Crédito Luiz Dimenstein

Temos já bem definidos os níveis de CE adequados para os vários cultivos ao longo das fases de desenvolvimento, como também os níveis desejados de cada nutriente que compõe a CE por fase fenológica em que as plantas passam (vegetativo, floração, frutificação e maturação). Os testes rápidos levam entre um e dois minutos para identificar os níveis de cada nutriente em ppm ” parte por milhão, na solução do solo.

Kit pH fita 4,5 - 10 - Crédito Luiz Dimenstein
Kit pH fita 4,5 – 10 – Crédito Luiz Dimenstein

Sabemos que cada equivalente contribui com 0,1 na CE. Um equivalente é o peso molecular dividido pela valência: para potássio, que é monovalente, 39/1 = 39; e para cálcio, que é bivalente, 40/2 = 20. De fato, o potássio contribui com 0,1 na CE para cada 39 ppm identificados nos testes rápidos, ao passo que, para o cálcio, 0,1 na CE para cada 20 ppm.

Kit Potássio - Crédito Luiz Dimenstein
Kit Potássio – Crédito Luiz Dimenstein

Importante saber

Premissas para interpretações dos nutrientes na solução do solo com a dupla- relatividade do próprio nutriente comparado entre os intervalos de coletas e sua contribuição na CE:

  • Não existem valores absolutos em nutrição vegetal;
  • Identificar a salinidade total na solução do solo medida pela CE em mS/cm, que é similar à unidade do Sistema Internacional dS/m;
  • Considerar a relação de que, para cada medição de CE = 1 mS/cm, representam-se 10 equivalentes de cátions e outros 10 equivalentes de ânions, respeitando essa proporcionalidade, CE = 2 mS/cm representa 20 equivalentes de cátions e outros 20 equivalentes de ânions, e assim por diante, até ~7,0 mS/cm;
  • Os principais cátions que formam o coquetel iônico na solução do solo são K+, Ca++, Mg++, NH4+, H+3O (hidrônio) e os micros Fe++, Mn++, Zn++, Cu++;
  • Os principais ânions que formam o coquetel iônico na solução do solo são Cl, NO3-, SO4–, SO3-, PO4—, HPO4–, OH, HCO3- e os micros B4O7– e MoO4–.

Ao tomar como exemplo o potássio, que tem o peso molecular 39, e sendo cátion monovalente, o equivalente é igual ao seu próprio peso molecular, sendo que cada equivalente contribui na CE total com 0,1 mS/cm.

Desse modo, se a CE da solução do solo for de 2,5 mS/cm e o K+ contribuir com 10 equivalentes, teremos outros 15 equivalentes no coquetel da solução do solo formados com outros cátions. A concentração do K+ em ppm na solução nutritiva do solo, nesse exemplo de 10 equivalentes, seria de 10 x 39 = 390 ppm de K+, e a sua contribuição na salinidade total seria de 1 mS/cm dentro dos 2,5 mS/cm de todo o coquetel de cátions.

A solução é aplicada de forma planejada neste método - Crédito Silvio Calazans
A solução é aplicada de forma planejada neste método – Crédito Silvio Calazans

Em paralelo, a mesma solução nutritiva do solo com CE = 2,5 mS/cm deve ter também outros 25 equivalentes de ânions. Somando todos os equivalentes de cátions + ânions do exemplo, teremos 50 equivalentes.

A concentração de K+ na solução do solo é apresentada em ppm, mg/L ou mg/kg (todas essas unidades são similares). Vamos considerar que 1 equivalente de K+ = 39 ppm K+ e contribui para salinizar a solução do solo com CE = 0,1 mS/cm. Proporcionalmente, para 2 equivalentes de K+ teremos 39 x 2 = 78 ppm, e a salinidade originada pelo K+ contribui na CE com 0,2 mS/cm.

Os extratos de solução do solo são ferramentas úteis ao sistema - Crédito Silvio Calazans
Os extratos de solução do solo são ferramentas úteis ao sistema – Crédito Silvio Calazans

Considerando o cátion Ca++, que tem peso molecular 40, mas bivalente, terá o equivalente a 40/2 = 20. Portanto, cada 20 ppm de Ca++ na solução do solo contribui na CE com 0,1 mS/cm, e ao identificar, por exemplo, em uma análise da solução do solo 80 ppm de Ca++, sabemos que a CE tem 0,4 mS/cm originada desse íon catiônico.

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