Letícia de Abreu Faria
Doutora em Agronomia e professora – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)
leticiadeabreufaria@gmail.com
Raimundo Vagner de Lima Pantoja
Marcos Vinícius Vieira dos Santos
Graduandos em Agronomia
Os termofosfatos são fertilizantes fosfatados cujo processo de produção se baseia no aquecimento da rocha fosfática, podendo ocorrer pelo processo de calcinação (900 a 1.200°C) ou fusão (1400 a 1500°C).
Esses fertilizantes fosfatados apresentam baixa solubilidade em água, mas são altamente solúveis em ácido cítrico. Isso significa que é uma fonte de fósforo com liberação gradativa fomentada pela acidez natural da solução do solo ou influência das raízes, principalmente para os termofosfatos calcinados.
A liberação mais lenta do fósforo possibilita sua menor adsorção às partículas do solo, fenômeno conhecido como fixação, e consequentemente maior absorção pelas plantas e maior eficiência de uso do fertilizante ao longo do tempo.
Diante dos elevados custos dos fertilizantes fosfatados, principalmente os fertilizantes fosfatados de alta solubilidade (devido à importação da rocha e do enxofre usado nos processos industriais), os termofosfatos são produzidos nacionalmente e caracterizados como fonte de solubilidade, eficácia e custo intermediários entre as fontes aciduladas (superfosfatos) e os fosfatos naturais.
A técnica
Os termofosfatos podem ser utilizados nas práticas corretivas, como na fosfatagem pré-plantio para solos com teores baixos a muito baixos de fósforo (P), e também na adubação fosfatada visando a nutrição das plantas.
Independentemente do uso, as práticas convencionais de manejo físico e químico do solo, como a descompactação, calagem, gessagem, etc., devem ser realizadas visando potencializar os efeitos dos termofosfatos.
Sua aplicação corretiva por meio da fosfatagem deve ser realizada em área total, preferencialmente sem incorporação ou incorporação superficial em torno de 30 dias antes do plantio, e distanciado em torno de 60 dias ou mais após a calagem.
No caso da adubação fosfatada visando a nutrição de plantas, a aplicação do termofosfato, assim como de outras fontes de fósforo, deve ser localizada em sulco para obtenção de melhores resultados, pois o P tem baixa mobilidade no solo, e sua aplicação a lanço com esse propósito pode acarretar em sua indisponibilização para as plantas, principalmente nos estádios iniciais de desenvolvimento e também devido ao maior contato com o solo, favorecendo o processo de fixação com óxidos de ferro e alumínio, que são abundantes em solos intemperizados predominantes no Brasil.
Doses
Seja o uso como corretivo ou adubação, as doses dependerão do teor de P no solo, devendo-se considerar o tipo de extrator (resina ou Mehlich), textura e manejo do solo, e a cultura a ser cultivada, sendo importante a assistência técnica para garantir melhores resultados, mas, em geral, solos com baixa disponibilidade de fósforo requerem doses superiores a 100 kg ha-1 de P2O5 e seu manejo tem alta dependência das condições de solo e do sistema de produção.
Culturas beneficiadas
Na literatura se encontram trabalhos que comparam os termofosfatos com outras fontes de fósforo e atestam a eficiência agronômica destes em diversas culturas anuais e perenes, podendo apresentar produtividades pouco inferiores, iguais ou até superiores ao uso de fontes aciduladas, dependendo das condições de fertilidade do solo.
Os ganhos podem ser relacionados ao aumento na produção da matéria seca, ao teor de fósforo na parte aérea e, consequentemente, maior produtividade, mas também deve-se considerar o custo do fertilizante e seu efeito residual reduzindo o custo de produção ao longo do tempo.
Em campo
Em pesquisa, Silva e colaboradores (2009) verificaram que o termofosfato magnesiano obteve resultados superiores ao fosfato natural. A eficiência apresentou 101,5% no Argissolo Acinzentado e 86,2% em Argissolo Amarelo comparado ao superfosfato triplo na adubação de melão em Petrolina (PE).
Em Itumirim (MG), o termofosfato magnesiano teve maior aproveitamento de fósforo e desempenho similar ao superfosfato triplo para a maioria das variáveis avaliadas por Resende e colaboradores (2006). Gava e colaboradores, em 1997, também observaram maior incremento na fertilidade dos solos e crescimento de mudas de eucalipto em areia quartzosa, no qual se verificou superioridade de 64% ao superfosfato simples.
Em Paragominas (PA), o termofosfato calcinado tem apresentado valores próximos ou semelhantes ao superfosfato simples na produção de soja, mas com um custo de produção atrativo.
De modo geral, os termofosfatos podem apresentar variabilidade de desempenho devido à qualidade da rocha fosfatada e ainda demandam muitas pesquisas de avaliação de desempenho e desenvolvimento de recomendações de uso.
Vale a pena?
A eficiência agronômica dos termofosfatos pode ser semelhante ou superior às fontes aciduladas, pois a liberação gradual do fósforo reflete em menores perdas e uma ação residual mais duradoura, podendo resultar em redução de custos ao longo do tempo.
Embora o termofosfato magnesiano tenha boa eficiência agronômica constatada em muitas pesquisas, muitas vezes pode apresentar valores de aquisição semelhante ou superior aos fosfatos acidulados. Por outro lado, os termofosfatos calcinados usualmente apresentam custos inferiores, tanto em relação ao magnesiano quanto às fontes aciduladas.