Paula Almeida Nascimento – Engenheira agrônoma e doutoranda em Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA) – paula.alna@yahoo.com.br
Timber Investment Management Organization (TIMO) é um grupo de gestão que auxilia os investidores institucionais na gestão de suas carteiras de investimento em ativos florestais.
O processo de investimento no qual os recursos financeiros são oriundos principalmente de grandes investidores institucionais, tais como fundos de pensão e seguradoras, convertem seu capital para a compra de áreas florestadas que serão adquiridas, manejadas e os produtos gerados serão vendidos por empresas gestoras especializadas no setor florestal.
Estas empresas, denominadas TIMOs (Timberland Investment Management Organizations), posteriormente repassam o acompanhamento dos investimentos e os retornos das transações aos investidores (Gastaldi & Minardi, 2012).
Características das TIMOs
• As TIMOs têm como objetivo maximizar os retornos econômicos de seus clientes (fundos de pensão, seguradoras, e outras instituições financeiras), comprando e vendendo terras florestais e comercializando seus produtos.
• As TIMOs não possuem as florestas, mas as compram, manejam e vendem para os seus clientes: fundos de pensão, fundos de doação, sistema público de pensão, pessoas físicas de alto poder aquisitivo, fundos de cobertura ou outros.
• As TIMOs representam, hoje, o maior grupo de compradores de florestas no Brasil.
Como as TIMOs surgiram?
No final da década de 1980, os profissionais da área financeira, nos Estados Unidos, criaram as TIMOs. Assim, devido à necessidade de novas modalidades de financiamento à expansão florestal, estas organizações funcionam unindo investidores e os investimentos florestais, levantando fundos, analisando o mercado florestal, adquirindo propriedades, efetuando e gerenciando as plantações florestais.
De acordo com a ABRAF (Associação Brasileira dos Produtores de Florestas Plantadas), as TIMOs iniciaram no Brasil na década de 1990 e estão em crescimento até os dias atuais. Assim, as TIMOs têm adquirido ativos florestais já estabelecidos e comercializado a madeira, e já se constituem importante opção de investimentos no setor florestal.
As atividades mais comuns são as aquisições das propriedades rurais, incluindo a floresta, ou apenas a floresta (árvores em pé). Outra atividade são os fundos de investimentos em ativos florestais, quase sempre vinculados a fundos de pensão.
Assim, a atuação das TIMOs no Brasil iniciou com o plantio de pinus em regiões ao Sul do País. Segundo a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), mais de 800 mil hectares de florestas plantadas no Brasil estão sobre a gerência das TIMOs.
No País há muitas regiões que estão em pleno crescimento e investindo em plantios florestais. Em relação aos outros países, o Brasil apresenta solo e clima favoráveis. Na Finlândia, por exemplo, as florestas naturais de pinus crescem cerca de 7,0 metros cúbicos por hectare/ano, enquanto no Brasil está próximo de 35 metros cúbicos por hectare/ano, crescimento cinco vezes superior.
Atuação
A corretora de investimentos tem a função de mediar a compra e venda de ativos. Ativos são as ações e título públicos que são negociados em uma bolsa de valores. Para quem deseja aplicação em ações ou em títulos públicos, é necessário a contratação de uma corretora. Desta forma, as operações das TIMOs são próximas à de um corretor de investimentos, pois elas pesquisam, analisam e compram ativos de investimentos que melhor atendam seus clientes.
E também, as TIMOs recebem a responsabilidade de gerenciar a área florestal para obter os retornos adequados para os investidores.
As TIMOs operam como um fundo de investimento que consiste em múltiplos investidores que compram o ativo e fazem a gestão dele por um tempo definido, ou atuam como investidores individuais, compram o ativo e o gerenciam por um período indefinido.
Geração de receita
A geração de receita começa por capturar o valor gerado para seus diferentes públicos-alvo. A geração de receita acontece por meio de taxas de transação, de administração (que crescem com seus ativos sob gestão) e de desempenho.
Há diferenças entre as taxas das TIMOs. Essa variação se deve aos diferentes objetivos estratégicos de investimento, aos fatores que compõem essas taxas, combinado aos objetivos de investimento e às tolerâncias de risco de diferentes investidores e dos gestores dos fundos.
Venda de ativos pelas TIMOs
No manejo florestal há gastos de investimento de longo prazo, ou seja, muitos anos para obter maiores ganhos de produção, então, é necessário a forma mais correta de rentabilidade. As TIMOs podem gerar grande parte da sua receita na venda dos ativos florestais, momento em que ocorre a liquidez do ativo e os valores de lucro desta venda beneficiam as partes interessadas, com o retorno total do investimento.
Desta forma, a maioria das transações de compra e venda de madeira acontece com a venda da madeira em pé. Para isso, é essencial que o inventário florestal seja executado de maneira bem feita e eficiente.
Benefícios
[rml_read_more]
Ativos florestais são áreas de plantio de florestas comerciais, cuja madeira é destinada para as indústrias, como celulose e papel, bioenergia, movelaria e construção civil.
Ativos florestais são investimentos a longo prazo no Brasil e são considerados investimentos de baixo risco. Além disso, são uma nova oportunidade de negócio em que o Brasil oferece um conjunto de condições únicas, pensando no fator clima e solo.
Ainda, o mercado de madeira tende a expandir em médio prazo e existe um crescimento projetado de 44% até 2020 com a entrada de novos investidores no mercado. A finalidade de ativos florestais é a comercialização dos produtos colhidos ou das terras reflorestadas em si e a obtenção de retorno financeiro aos investidores. Os investimentos florestais têm orientação na crescente demanda global por produtos florestais madeireiros e pela existência de um mercado competitivo.
Mogno africano: opção de investimento em ativos florestais
Uma espécie com baixo risco e bom retorno financeiro é o mogno africano. No Brasil, alguns produtores já iniciaram suas plantações de mogno, árvore muito apreciada no mercado nacional e internacional, com um preço alto por metro cúbico. Esta é uma alternativa para um bom reflorestamento comercial, com segurança e diversificação das aplicações financeiras.
A Consufor, consultoria especializada na área, com sede em Curitiba (PR), informa que até o fim da década os fundos de investimento florestal ou TIMOs terão adquiridos cerca de R$ 12 bilhões em florestas no país, valor que se compara a R$ 8,3 bilhões em ativos detidos por essas instituições no ano passado.
O perfil de médio e longo prazos do investimento em eucalipto (ciclos de plantio de no mínimo seis anos) e em pinus (podem atingir mais de 10 anos) se encaixa ao desejado fundo de pensão.
Do total de 7,83 milhões de hectares de árvores plantadas no Brasil em 2018, 36% pertence às empresas do segmento de celulose e papel. Em segundo lugar, com 29%, encontram-se os proprietários independentes, que investem em plantios florestais para comercialização da madeira em tora.
O segmento de siderurgia a carvão vegetal responde por 12% da área plantada. Os investidores financeiros, em geral por meio de empresas de gestão de investimento florestal, chamadas de TIMOs pela sigla em inglês, detêm 10% dos plantios de árvores no Brasil.
Atraídos pelo grande potencial florestal do País, esses investidores iniciaram sua operação aqui há cerca de 15 anos, aplicando em fundos especializados em ativos florestais. As empresas de painéis de madeira e pisos laminados possuem 6% das áreas plantadas, enquanto os segmentos de produtos sólidos de madeira, 4%, e outros 3% completam o quadro de proprietários de áreas com árvores plantadas no Brasil.
Em 2015 a empresa Consufor, consultora especializada no mercado de base florestal, conduziu um levantamento e constatou que o valor corrente (para o ano de 2015) de ativos florestais possuídos por fundos do Brasil foi de R$ 8 bilhões.
Em 2009, este valor era de aproximadamente R$ 2.6 bilhões (crescimento acumulado de 221%, i.e., taxa média anual de crescimento de 29%). A Consufor projeta um valor de aproximadamente R$ 12 bilhões em um futuro próximo.
A demanda global de madeira irá aumentar para os setores energéticos, papel e celulose, madeira serrada, construção civil e as bioeconomias, o plantio de novas florestas, utilizando técnicas de manejo sustentável para plantio e colheita, eliminação do desmatamento das florestas nativas, de restauração de áreas desmatadas e de preservação da biodiversidade.
Consequentemente, espera-se o surgimento de possíveis incentivos, subsídios e políticas econômicas para o setor florestal brasileiro, incluindo o setor privado e as TIMOs.
Importância dos investimentos florestais
Os investimentos florestais são importantes porque os investidores institucionais buscam investir em ativos florestais e usam as organizações de gestão de investimentos florestais, as TIMOs, para fazer a sua gestão; elas atuam como intermediárias no processo, isto é, pesquisam, adquirem os ativos florestais, e na sequência, gerenciam esses investimentos em nome dos clientes; o ativo florestal é frequentemente visto como um bom diversificador de portfólio para se proteger contra a inflação.
O Brasil apresenta grande diversidade de produtos florestais, em razão de suas características edafoclimáticas (solo e clima) e do desenvolvimento tecnológico obtido nas áreas de silvicultura e manejo florestal.
As atividades florestais compreendem um conjunto de atividades que incluem desde a produção até a transformação da madeira in natura em celulose, papel, painéis de madeira, pisos laminados, madeira serrada, carvão vegetal e móveis, além dos produtos não madeireiros.
Estratégias que apoiem as atividades florestais tornaram-se importantes para a manutenção das vantagens competitivas do Brasil no cenário mundial. Nesse contexto, é essencial reunir informações sobre a sustentabilidade e importância do setor florestal, com a finalidade de aumentar o crescimento de toda a cadeia produtiva da madeira.
Os investimentos em ativos florestais no Brasil ocorreram inicialmente no final da década de 90 e desde então vêm crescendo a passos bastante largos. Desta forma, concluiu-se que o País possui inúmeras vantagens, como condições ideais de clima e solo no País para silvicultura.
Assim, enquanto nos EUA, por exemplo, as florestas naturais de pinus crescem entre 5-10 m3/ha.ano, no Brasil as plantações florestais de pinus crescem, em média, 30 m3/ha.ano.
O investimento em ativos florestais é vantajoso por alguns motivos, como por exemplo, proteção natural contra inflação, mostrando-se uma excelente alternativa de diversificação de portfólio, proporcionando a redução do risco global da carteira administrada. Eles também oferecem uma proteção natural contra a inflação à devido sua alta correlação com este indicador.
Segurança no investimento
Outra vantagem é a segurança ao investidor, já que o investimento em ativos florestais proporciona segurança ao investidor frente às oscilações e turbulências do mercado de commodities. Caso o mercado de produtos florestais sofra oscilações desfavoráveis à comercialização da madeira, a colheita pode ser postergada, mitigando eventuais perdas.
Além do que, enquanto o investidor aguarda uma melhora do mercado, as árvores continuam crescendo e, consequentemente, se valorizando. A demanda por produtos florestais está em alta em todo o mundo.
No Brasil, a madeira de eucalipto é bem valorizada e para uso industrial cresceu em média 5% ao ano na última década. Além disso, os ativos florestais também constituem uma ferramenta para preservação do capital, já que, independentemente das condições macroeconômicas, na qual o investidor exerce pouca ou nenhuma influência, o capital investido nesses ativos permanece preservado ao longo do tempo.
Neste contexto, o investimento em ativos florestais pode atingir o retorno esperado, mas também está sujeito a certos riscos inerentes às atividades florestais. Os riscos podem ser biológicos e ambientais como, por exemplo, incêndios, tempestades, ventos fortes, ataque de pragas e doenças. Tais riscos podem ser mitigados a partir da adoção de práticas silviculturais e medidas de proteção adequadas. Alguns investidores, em determinados casos, optam pela contratação de seguros florestais para proteger o capital desses incidentes.
Investimentos florestais: necessários e rentáveis
O investimento em florestas é muito lucrativo, mas os ativos florestais exigem muito mais que o conhecimento de mercado de capitais. Requer conhecimento técnico sobre silvicultura e entendimento da dinâmica do mercado de produtos florestais. Além disso, o manejo florestal precisa ser acompanhado por profissionais especializados. No Brasil poucas pessoas conhecem sobre esta oportunidade representada pelos ativos florestais, em especial as florestas plantadas.
Investimento em ativos florestais é uma prática utilizada em vários países, mas nos Estados Unidos é uma tendência já conhecida em mercados mais experimentes. Um exemplo disso é Bank of America, que gerencia mais de 94 mil ativos florestais, que somam US$ 13,6 bilhões.
Publicado pela NEW FORESTS (2015), o ranking abaixo apresenta a relação das 10 TIMOs mais solicitadas pelos investidores Timberland atualmente. Esta listagem considerou o valor atual de ativos Timberland sob manejo pela TIMO (em bilhões de dólares americanos), a área de florestas adquirida pelos investidores (em milhões de hectares) e a sede da TIMO em questão.
Figura 1: Ranking atual das 10 TIMOs com maior valor de ativos sob manejo e suas localidades.
Planejamento é tudo
As TIMOs têm preferência pela aquisição de terras já florestadas no Brasil. No futuro, as transações econômicas envolvendo as TIMOs e os proprietários de terras florestais, incluindo os pequenos produtores e cooperativas, aumentaram as atividades e expansão do setor florestal, consequentemente, levando maior rentabilidade dos investimentos.
O setor florestal precisa de planejamento estratégico, então as informações sobre linhas de crédito florestais para pequenos e médios produtores e alternativas de financiamento para aquisição e cultivo de reflorestamentos são essenciais para crescimento dos investimentos no país.
As parcerias florestais, os mecanismos de arrendamento, de fomento e de extensão florestal abrem portas para a inclusão de pequenos, médios e grandes produtores, contribuindo para o desenvolvimento e interesse das TIMOs na aquisição de investimentos. No Brasil, o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) realiza financiamentos para o setor de florestas plantadas, principalmente de pinus e eucalipto.
– 800 mil hectares de florestas plantadas no Brasil estão sobre a gerência das TIMOs
– O valor de ativos florestais possuídos por fundos do Brasil gira em R$ 8 bilhões.
– Em 2009, este valor era de aproximadamente R$ 2.6 bilhões
– A Consufor projeta um valor de aproximadamente R$ 12 bilhões em um futuro próximo.
– Na Finlândia, por exemplo, as florestas naturais de pinus crescem cerca de 7,0 metros cúbicos por hectare/ano, enquanto no Brasil está próximo de 35 metros cúbicos por hectare/ano, crescimento cinco vezes superior.