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Tutoramento do tomateiro: As técnicas que têm dado certo

Fernanda Lourenço DippleZootecnista, engenheira agrônoma, especialista em Perícia e Licenciamento Ambiental, mestra em Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola e professora de Fitotecnia – UNEMATfernanda.dipple@gmail.com

Rafael Rosa RochaEngenheiro agrônomo e mestrando em Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola –UNEMATrafaelrochaagro@outlook.com

Renata Lunardi BegniniGraduanda em Engenharia Agronômica – UNEMATrenatanovamutum@hotmail.com

Santino Seabra Junior Engenheiro agrônomo, PhD e professor – UNEMAT santinoseabra@hotmail.com

Na cultura do tomateiro (Solanum lycopersicum Mill.), no cenário mundial, o Brasil destaca-se como o 9º maior produtor, sendo o 3º em produtividade, com consumo “in natura” e processado. O tomate de mesa contribuiu com mais de 60% da produção nacional, tornando-se fundamental a utilização de técnicas que contribuem para acréscimo de produção e produtividade.

Para tal, a produção de tomate voltada para o mercado de mesa exige o tutoramento, uma prática essencial, já que tais plantas apresentam crescimento indeterminado. Essa técnica favorece a circulação de ar entre as plantas, evita a infestação de fungos, reduz o estresse, aumenta a produtividade e a sanidade dos frutos.

Existem diversas possibilidades de tutoramento para cultivo de tomates, por isso, a seleção da mais adequada deve levar em conta a equipe disponível, sua capacidade de reproduzir a técnica em larga escala e os custos envolvidos.

Técnicas mais praticadas

O cultivo de tomate é influenciado por diversos fatores, e o manejo dado a ele influencia diretamente no crescimento, desenvolvimento e na produção da planta. Desta forma, o tutoramento é de extrema importância nesta cultura, pois reduz o contato das plantas com solo, auxilia em seu desenvolvimento, permite que maior índice de radiação e ventilação atinja a planta, o que ocasiona um microclima mais arejado, reduz as intempéries com patógenos e facilita o manejo, as aplicações de agrotóxicos e a colheita, reduzindo, de forma significativa, as perdas.

O tutoramento mais indicado é o vertical, devido à redução de problemas sanitários, onde as plantas são amarradas verticalmente a tutores como bambu ou fitilho, atuando de forma positiva na produtividade das plantas e aumentando o tamanho dos frutos.

Dentre eles, temos para campo aberto:

ð Tipo cerca cruzada ou “V” invertido: é o sistema mais utilizado no Brasil, porém, apresenta algumas problemáticas com aumento da umidade do baixeiro e, com isso, cria-se um ambiente favorável ao desenvolvimento de pragas e doenças. É um sistema relativamente simples, tradicional, que consiste na colocação de estacas de bambu com 1,80 a 2,20 m de comprimento, apoiadas em uma madeira inclinada sobre um fio de arame bem esticado.

ð Tipo estaca individual vertical: pode ser em estaca de bambu ou fitilho.

þ Bambu: As estacas de bambu roliças são cortadas com 2,20 a 2,50 m e deverão ser fincadas no solo cerca de 0,50 m. Nestas, as plantas são amarradas verticalmente com um pedaço de fitilho.

þ Fitilho: utiliza-se fitilho e arame, que é a técnica mais utilizada. Para cultivares de crescimento indeterminado, ela consiste em esticar um arame na horizontal sobre as fileiras de tomate, com altura de 1,80 a 2,00 m. As plantas são amarradas com o fitilho que será preso no arame. À medida que a planta cresce, se solta o fitilho, envolve a nova parte da planta e prende o fitilho novamente.

þ Tipo meia estaca: para cultivares de crescimento determinado, mexicano ou denominado também de meia-estaca. Neste método são colocados mourões de madeira com 1,50 a 1,80 m de altura, fixados nas extremidades da linha. Posteriormente, passa-se um fio de arame de 0,40 a 0,50 m do solo. A cada cinco plantas finca-se um bambu para sustentação do arame. Para tutoramento das plantas determinadas utiliza-se o fitilho, porém, passado na horizontal, em média a cada 30 cm de distância.

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þ Sistema Viçosa: Sistema Viçosa ou V invertido constitui-se das práticas culturais de tutoramento com inclinação de aproximadamente 75° em relação ao solo, no qual as plantas são inclinadas alternadamente para um lado e para o outro, formando, quando vistas de frente, um “V”. A condução das plantas é feita com uma haste, porém, já há estudos com esse sistema com várias hastes.

Recomendações

Apesar de, dentre essas técnicas, a mais praticada ser o “V” invertido, o mais indicado pelos pesquisadores na atualidade é o vertical com fitilho, pois o mesmo permite maior aeração, ventilação, aproveitamento uniforme da radiação solar em toda a planta e melhor qualidade e produtividade de frutos para consumo in natura.

Este método de tutoramento, aliado às práticas como nutrição das plantas, manejo integrado de pragas e doenças e adequação das necessidades ambientais para o cultivo do tomateiro, possibilita altos rendimentos produtivos, frutos mais limpos e de melhor classificação, gerando menores perdas.

Para estufas

þ Tutoramento com fitilho: o sistema de tutoramento com fitilho em ambiente protegido favorece a condução das hastes, facilita o grampeio dos brotos, melhora a eficácia da pulverização e torna o espaço mais limpo. Existe também a vantagem do fitilho não se desgastar com os efeitos de sol e chuva, aumentando seu tempo de duração.

þ Tutoramento em Carrossel Holandês: o sistema de tutoramento conhecido como carrossel holandês pode garantir longevidade e aumento da produtividade. Essa condução específica consiste em um arame na horizontal, acima das fileiras de tomate, com altura de 1,70 a 2,0 m. As plantas então são trançadas com fitilho, que será preso em cima, no arame. À medida que a planta cresce é preciso soltar o fitilho, envolver a nova parte da planta nele e prender o fitilho no arame, desta vez um pouco mais pra frente.

A principal vantagem do sistema carrossel é que ele proporciona longevidade de produção. É possível ficar mais tempo com a planta dentro da estufa, possibilitando ainda mais que ela expresse plenamente seu potencial produtivo.

Manejo

O tutoramento do tomateiro deve ser implantado posterior à regularização do terreno. Deve-se colocar os mourões nas extremidades das linhas, por isso, necessitam ser de material resistente para sustentação dos arames, das plantas e dos frutos.

Os mourões devem possuir diâmetro maior que 10 cm e altura de 2,5 m e deverão ser fixados com 0,5 a 0,7 m de profundidade, o que permite maior estabilidade e sustentação das linhas.

Posteriormente a esta etapa, deve-se colocar um arame na parte superior, na horizontal, para apoiar as escoras ou apoios de bambu, que devem ser adicionados a cada 3,0 m linear. Estes permitem maior distribuição do peso e melhor sustentação.

O mais indicado para sustentação ou tutoramento das plantas, pelo custo e sanidade dos frutos, é o fitilho. Essa técnica é mais utilizada para cultivares de crescimento indeterminado e conta com utilização de fitilho e arame. O arame é posto na horizontal, sobre as fileiras de tomate, e deve ficar a uma altura de 1,80 a 2,00 m.

As plantas são amarradas com o fitilho, que será preso no arame, como explicado anteriormente. Assim, deve-se deixar uma sobra de fitilho para enrolar e amarrar o tomateiro conforme seu crescimento vegetativo.

Um novo fitilho é o de material virgem com proteção UV está sendo utilizado por vários produtores de tomate tutorado. Os pontos positivos são o menor volume de materiais a serem movimentados de um lote para o próximo que vai usar os mesmos mourões.

A técnica diminui a disseminação de doenças de uma área para outra, as quais muitas vezes ficam na terra do ‘oco’ do bambu. Alguns produtores não gostam do sistema de fitilho em regiões de muito vento, por causar injúrias no tronco e nos frutos, embora boa parte dessas injúrias sejam causadas pela fricção das folhas nos frutos.

Desta maneira, uma das formas de tornar a produção mais eficiente é a utilização de técnicas e tratos culturais que maximizam a produção em campo. Estas práticas atuam diretamente na redução de insumos e tratos culturais, o que permite aumento da produção com menor custo.

Para viabilidade da tomaticultura, a avaliação dos gastos e custos em todas as etapas do processo produtivo é fundamental, sendo importante na tomada de decisão do produtor rural, gerando eficiência da atividade.

Relação com a produtividade

O tutoramento do tomateiro indeterminado para consumo in natura é fundamental para assegurar maior qualidade do fruto, tanto por fatores diretos como indiretos (maior aeração, menor incidência de problemas causados por doenças e pragas, maior facilidade de controle fitossanitário, evitar umidade, apodrecimento e até o pisoteio de frutos).

A utilização de técnicas, como o tutoramento do tomateiro, permite, também, o melhor aproveitamento da radiação solar, juntamente com um bom manejo de água e nutricional, o que possibilita uma melhora da eficiência de produção de fotoassimilados e, esta, consequentemente, aumenta o número e o tamanho dos frutos, acarretando em acréscimo da produção por planta.

Benefícios

O tutoramento, principalmente na vertical, com fitilho, apresenta diversos pontos positivos, pois aumenta a produtividade e aperfeiçoa a mão de obra, portanto, reduz o custo operacional em 50%.

Alavanca a produção total e comercial de frutos, assim como o peso médio de frutos em relação ao método cruzado, podendo produzir mais de 1,0 kg de frutos por planta, comparando sistemas de cultivos e tutoramento adequados.

No campo

Pesquisas relatam que o tutoramento e tratos culturais adequados possibilitam uma produção por planta com mais de 5,0 kg. Além de aumento de produção, tem-se a diminuição das perdas por podridões e melhor classificação dos frutos, gerando maior valor agregado, ideal para tomaticultura de mesa.

Fato importante de ser destacado é que, juntamente com o tutoramento, deve-se realizar outras práticas de manejo para obtenção de acréscimo de produção e rendimento dos frutos de tomate.

Realizando de forma correta o tutoramento, sistema de condução, tratos culturais, manejo nutricional, de pragas e doenças devem ser utilizados em conjunto, pois estes fatores atuam diretamente sobre a sanidade e a produção de tomates.

Em teste

Em pesquisa realizada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), foi possível constatar que o tutoramento vertical conduzido por fitilho favoreceu o desenvolvimento de frutos de tamanho grande e diminuiu a produção de frutos de tamanho médio em comparação ao tutoramento com cerca cruzada. Os autores do estudo acreditam que a maior insolação e ventilação proporcionada à produção foram os fatores responsáveis por esse resultado.

Pesquisa realizada em Nova Mutum (MT), na UNEMAT, com sistemas de condução para tomate determinado voltado para o mercado “in natura”, constou que o tutoramento meia estaca obteve maiores quantidades de frutos comerciais quando comparado com o sistema “v aberto” ou o Sistema Viçosa, assim como também maior quantidade de frutos tamanho G.


Em $$

Conforme alguns levantamentos, os custos por hectare com os mourões podem ultrapassar R$ 1.000, com base em um material de resistência mediana e sem tratamento. A utilização de mourões de madeira tratada e de diâmetro superior a 15 cm aumentará muito o valor a ser investido. A redução da distância entre linhas de cultivo também aumentará a utilização de vigas ou mourões e aumentará seu custo de produção.

O bambu é comercializado normalmente em unidade, este material era muito comum e de fácil comercialização, porém, algumas regiões apresentam dificuldade de disponibilidade e seu valor tende a aumentar. Algumas pesquisas sugerem que seu valor de compra fique em torno de R$ 2,00 a R$ 5,00 a unidade de até 2,5m. Em média, utilizam-se de 2.000 a 2.500 unidades por hectare.

Hoje, estão sendo comercializadas estacas de plástico resistente e fibra de vidro, com custo inicial alto e com apelo de venda de alta durabilidade, o que pode viabilizar com o tempo.

O fitilho plástico é comercializado por kg, ao valor médio de R$ 10 a R$ 15/kg. Este material possui durabilidade variável, conforme as condições do ambiente.

Regiões muito quentes reduzem sua durabilidade, e ciclos longos podem necessitar de maior quantidade de produto. Podem ser utilizados outros fitilhos comercializados por rolos ou em metros lineares.

Assim, seu custo por hectare altera bastante, chegando a 50%, conforme o material (composição) e o sistema de tutoramento, individual na vertical ou um sistema de tutoramento mexicano ou meia estaca.

Outro material importante para o tutoramento é o arame. A metragem também pode variar. Normalmente este produto é comercializado em quilos.

Então de forma correta o custo varia muito de região para região, mas no balanço de custo-benefício do emprego do sistema correto de tutoramento para seus segmentos é muito satisfatório.


Vale a pena?

A participação dos insumos no custo total de produção da tomaticultura pode representar uma grande parcela, com mais 50%. Atualmente, o custo por hectare para produzir tomate in natura ultrapassa os R$ 100 mil. Este valor varia grandemente, pois os níveis tecnológicos para a produção são muito distintos e, desta forma, influenciam diretamente o custo de implantação e produção.

Dentre os insumos, o material de tutoramento, vigas, mourões, bambu e fitilhos representam uma grande parcela, podendo alcançar até 30% do custo dos insumos. Com o aumento do dólar e diversos fatores que instabilizam a produção de oleícolas no Brasil, os materiais que mais tiveram acréscimos de valor foram os agroquímicos (inseticidas, fungicidas, adubos) e sementes, que representam a maior parcela do custo de produção da tomaticultura.

Assim, a utilização de técnicas que permitem aumentar a produção e o rendimento dos frutos gera possibilidades de maior eficiência produtiva e torna-se interessante, pois permite acréscimo da produtividade aliado à lucratividade da atividade.

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