Natanael Motta Garcia – natanaelmottagarcia@outlook.com
Bruno Englerth Pedrozo – bruno_englerth@hotmail.com – Graduandos em Agronomia – Unifio
Adilson Pimentel Júnior – Mestre, doutorando em Agronomia/Horticultura (Unesp) e professor de Agronomia – Unifio – adilson_pimentel@outlook.com
A aplicação de fitorreguladores é um manejo que vem ganhando cada vez mais visibilidade e importantes resultados em diversas culturas, inclusive na fruticultura, visto que melhora a produtividade, incrementa o tamanho dos frutos, diminui a alternância produtiva e reduz o vigor vegetativo.
Sua utilização permite superar as limitações produtivas próprias das diversas espécies, pelas aplicações no florescimento, para aumentar o tamanho e o número dos frutos; após a poda, visando o controle do vigor vegetativo; e aplicações durante o desenvolvimento dos frutos para aumentar o tamanho ou diminuir sua abscisão.
Os fitorreguladores permitem cultivar diversas frutíferas em locais onde antes não se via perspectivas de produção devido a aspectos ambientais e climáticos específicos de cada região.
O manejo
Os fitorreguladores podem ser empregados tanto no tratamento de sementes como no sulco de plantio ou semeadura e/ou em pulverizações foliares, em aplicação em fases iniciais da cultura, com o objetivo de melhorar a germinação, a emergência e o desenvolvimento inicial de plantas.
Em estágios avançados pode ser aplicado via foliar ou solo na forma líquida, para suplementar a planta em épocas de floração, desenvolvimento do fruto até a maturação em pré ou pós-colheita.
No caso do abacate, se trata de uma fruta que vem sendo reconhecida nutricionalmente e vários produtores vêm apostando em seu cultivo, uma vez que seu preço de venda está muito atraente atualmente. Para que haja um aumento de regiões de cultivo e até mesmo de qualidade de fruto, o uso de fitorreguladores vem se tornando uma técnica comum de manejo.
Pomares de abacate apresentam produtividades distintas, dependendo das condições edafoclimáticas da região, cultivar utilizada, manejos culturais e fitossanitários. Geralmente as plantas de abacate vindas de mudas enxertadas começam sua produção comercial por volta do terceiro ou quarto ano de idade, podendo variar de 12 a 30 kg por planta, devido às condições citadas anteriormente.
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A produção vai aumentando gradativamente com o passar dos anos, atingindo seu máximo por volta dos oito até os 20 anos de cultivo. Até atingir tal produção por hectare, é muito influenciada pelo espaçamento e cultivar-copa.
Um abacateiro pode atingir uma produtividade máxima de 25 a 50 toneladas por hectare, com um espaçamento de cinco metros entre plantas e sete metros entre linhas em oito até 15 anos. Já em um espaçamento de 10 metros entre plantas e 12 entrelinhas pode levar de 15 até 20 anos.
Aplicação de fitorreguladores
Entre as técnicas culturais disponíveis para melhorar a produção de abacates está a aplicação de fitorreguladores, adotada nos pomares comerciais dos principais países produtores, que resultam na melhoria da produtividade, incremento no tamanho dos frutos e redução do vigor vegetativo.
Diversas pesquisas realizadas em pomares irrigados de abacateiros da cultivar ‘Hass’ demonstraram a efetividade do uso de fitorreguladores no período do florescimento, resultando em incrementos na produção e no tamanho de frutos.
Contudo, os fitorreguladores poderão ser uma alternativa para que haja aumento da vida produtiva do abacateiro, uma vez que diversos hormônios são demandados para que haja uma produção plena.
Erros e acertos
Fitorreguladores vegetais atuam em baixas concentrações, sendo importante tomar alguns cuidados no momento de aplicação para garantir ótima deposição do produto e absorção pela planta. Por isso, é recomendado verificar o equipamento de pulverização, as condições climáticas e as condições da própria planta.
Os fitorreguladores empregados tanto no tratamento de sementes como no sulco ou em pulverizações foliares merecem atenção quanto à dose recomendada, uma vez que o produto pode não surtir efeito ou ser tóxico à planta. Um exemplo típico é o efeito herbicida devido às altas concentrações de auxina.
Por este motivo, vários herbicidas para controle de dicotiledôneas (comumente conhecidas como folhas largas), como o 2,4-D, são formulados com auxina (hormônio vegetal promotor de crescimento), mas que em altas concentrações causam a morte da planta.
A aplicabilidade desta técnica dependerá do objetivo final do produtor de abacate. Assim, verifica-se qual é o modo de ação do fitorregulador em questão e onde este exercerá sua função sobre a planta, como rotas de absorção e épocas de produção endógena no vegetal.
O cuidado na aplicação deve ser redobrado devido à rápida ação destes compostos, uma vez que alguns fitorreguladores sintéticos possuem a escala de toxicidade semelhante aos agroquímicos.
Estudos da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina) de Florianópolis-SC, apontaram os reguladores de crescimento cloreto de chlormequat e o daminozide classificados como uso restringido, em função dos níveis residuais nos frutos e dos riscos à saúde humana.
Investimento x retorno
A recomendação de um fitorregulador deve considerar, além do efeito positivo na variável analisada, os custos operacionais de aplicação e aquisição do produto, se tornando viável decorrente do aumento de produção que pode oferecer à cultura, desde que manejado da forma correta e responsável.
Assim, oferece retorno financeiro ao produtor que investiu na tecnologia para aumentar sua produção, levando em conta também as baixas doses de aplicação do produto e o ganho em produtividade.
Por fim, o custo do produto dependerá de sua pureza e forma de aplicação, uma vez que os produtos em pó solúvel ou líquidos são os preferíveis, pois envolvem como meio de aplicação pulverizadores, equipamento básico no sistema produtivo de frutas.