Maurício Alves de Oliveira Filho
Engenheiro agrônomo – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
mauricio.aof@gmail.com
Brenda Santos Pontes
Graduanda em Agronomia – UFU
brenda_spontes@hotmail.com
Hugo César Rodrigues Moreira Catão
Doutor e professor – UFU
hugo.catao@ufu.br
As exigências do mercado consumidor por uvas “apirênicas”, ou seja, videiras que possuem a capacidade de gerar frutos com ausência de sementes, vem sido notada desde meados da década de 80, época em que a vinicultura nacional conquistava espaço no mercado interno com uvas de mesa com sementes.
Entretanto, o mercado internacional ansiava por uvas de mesa sem sementes. Tal oportunidade de adentrar o mercado de exportação ocasionou em diversos programas de melhoramento genético conduzidos pela Embrapa Uva e Vinho, gerando cultivares com capacidade de se adaptar a diferentes condições edafoclimáticas encontradas no Brasil.
Genética
A produção das uvas apirênicas e uvas com sementes utilizam-se de técnicas clonais, visando garantir a propagação da carga genética com os mesmos padrões produtivos e de qualidade encontrados na planta-mãe, o que não ocorre quando a muda é obtida por meio da semente, sendo a enxertia o meio mais conhecido e aplicado de produzir tais clones.
Em seu amplo espectro, as características dos frutos das videiras que conquistam o amplo mercado consumidor vão desde o sabor, a acidez, a polpa crocante e a coloração, podendo ser preta, verde, verde amarelada, entre outras.
Entretanto, a garantia de um maior valor agregado está atrelada ao atributo da ausência de sementes, possibilitando a criação da categoria de uvas especiais, a qual possui uma alta demanda para o consumo in natura e fabricação de doces.
Impulso
Analisando esta característica “divisora de águas”, o melhoramento genético recebeu um grande impulso na eficiência de produção de novas cultivares de uvas sem semente.
Isso aconteceu graças a um esforço em conjunto de diversas entidades promotoras de conhecimento e desenvolvimento tecnológico, que desvendou os mecanismos biológicos que levam à formação de frutos sem semente na uva.
Esta característica é definida no momento de desenvolvimento do fruto, em que a falta de expressão do gene VviAGL11 ocasiona a não formação de sementes. Tal descoberta impulsionou o Brasil na comunidade internacional e possibilitou que novas cultivares pudessem ser produzidas em menor escala de tempo e com maior economia.
Inovações
Os novos avanços tecnológicos observados no melhoramento genético das uvas sem semente têm trazido o desenvolvimento de novas cultivares mais resistentes e produtivas aos diferentes climas e agentes fitopatogênicos encontrados no extenso território brasileiro.
Acredita-se que as instituições responsáveis irão conseguir suprir a demanda do mercado produtor, com novas cultivares mais adaptadas e com mais opções de manejo para reduzir a inconsistência produtiva e aumentar a produtividade nacional.