Bruno Novaes Menezes Martins
Engenheiro agrônomo, mestre e doutorando em Horticultura pela FCA/UNESP – Campus de Botucatu (SP)
O melão (Cucumis melo L.), pertencente à família Cucurbitaceae, é o oitavo fruto em volume de produção mundial, sendo um dos mais importantes no agronegócio brasileiro. No Brasil, o melão é o que tem demonstrado expansão mais significativa nas duas últimas décadas.
Adubação verde
Alternativamente, práticas biológicas, como a adubação verde, vêm sendo adotadas em vários programas de manejo e conservação do solo em diversos países, a fim de recuperar a fertilidade e reduzir o uso de fertilizantes minerais.
A adubação verde é uma prática agrícola que consiste na incorporação de massa vegetal ao solo, podendo ser produzidas no local ou adicionadas, com a finalidade de melhorar a capacidade produtiva do solo, refletindo de forma positiva em atributos físicos, químicos e biológicos, sendo uma alternativa bastante viável na busca da sustentabilidade dos solos agrícolas, além de ser uma técnica útil e econômica para os pequenos e médios produtores de melão.
Os benefícios que a adubação verde promove ao cultivo do meloeiro são inúmeros, em destaque: fonte de nutrientes para as plantas, promovendo mobilização e reciclagem de nutrientes devido ao sistema radicular profundo e ramificado, retirando nutrientes de camadas mais profundas do solo; aumento de disponibilidade de nitrogênio oriundo da massa vegetal decomposta às culturas de interesse, o que reflete na substituição ou suplementação à adubação mineral; otimização da disponibilidade de fósforo no solo por meio da estimulação da ocorrência de microrganismos (bactérias, fungos e actinomicetos) envolvidos na liberação de enzimas que promovem a solubilização de fosfatos; promove a absorção e o retorno de potássio às camadas superiores; eleva o pH do solo e, consequentemente, diminui a acidez e aumenta a CTC (Capacidade de Troca de Cátions) efetiva do solo, ou seja, aumenta a capacidade de adsorver nutrientes presentes no solo, que depois podem ser disponibilizados para as culturas; redução de perdas de nutrientes por volatilização e lixiviação; facilita uma melhor estruturação física, com maior infiltração, capacidade de aeração do solo, retenção de água e estabilidade dos agregados, além de recuperar áreas degradadas pela grande produção de raízes, rompendo camadas adensadas.
Observa-se, ainda, proteção contra a erosão; controledas variações de temperaturas das camadas superficiais do solo, com redução da perda d’água por evaporação, aumentando a disponibilidade de água para as culturas; redução da população de plantas invasoras, em razão do crescimento rápido e agressivo dos adubos verdes (efeito supressor ou alelopático); favorece a reprodução de microrganismos benéficos às culturas agrícolas e redução da incidência de pragas, doenças e nematoides nas culturas.
Ciclagem de nutrientes
A ciclagem de nutrientes é possibilitada devido ao processo de mineralização dos resíduos que estão na superfície do solo, por meio da ação microbiológica. A ciclagem acontece em função do sistema radicular profundo das plantas de cobertura que retiram nutrientes de camadas do solo, transformando-os em material orgânico e, posteriormente, liberando-o na superfície.
Os nutrientes são mineralizados e disponibilizados em doses contÃnuas para o aproveitamento das lavouras cultivadas em sucessão. Outro efeito importante da adubação verde é a mobilização de nutrientes lixiviados ou pouco solúveis que se encontram em maiores profundidades do perfil.
A absorção dos nutrientes advindos da mineralização dos adubos verdes pelas hortaliças depende, em grande parte, da sincronia entre a decomposição e mineralização dos resíduos vegetais e da época de maior exigência nutricional da cultura. A liberação do N é mais intensa nos primeiros 60 dias após a incorporação, possibilitando a semeadura imediata de outra cultura.
Opções em adubo verde
Há uma disponibilidade de diversas espécies que podem ser utilizadas como adubos verdes e que podem ser adaptadas às diferentes condições edafloclimáticas no Brasil, de modo que têm como finalidade contribuir com a manutenção da biodiversidade, diminuição dos custos e dos riscos ambientais e econômicos.
São utilizadas espécies de plantas de diversas famílias, havendo preferência pelas leguminosas por apresentarem alta capacidade de fixação de nitrogênio mediante associação simbiótica entre as leguminosas e as bactérias do gênero Rhizobium, além de promover a liberação gradativa do nitrogênio para as culturas de interesse, e apresentarem produção de grande quantidade de fitomassa verde e seca, sistema radicular profundo e vigoroso que permite maior extração e ciclagem de nutrientes.
As espécies de primavera/verão são indicadas para as regiões com semeadura prevista para o início do período de chuvas, que ocorre a partir de outubro. Já as espécies de outono/inverno são semeadas no outono, no período de março a abril, com desenvolvimento favorecido por temperaturas amenas e restrição de chuvas, com ciclo encerrado no final do inverno (no máximo até o início da primavera).