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terça-feira, abril 16, 2024
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Vantagens do fertilizante organomineral para frutíferas

Autores

Regina Maria Quintão Lana
Professora de Fertilidade e Nutrição de Plantas – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
rmqlana@ufu.br
Mara Lúcia Martins Magela
Danyela Cristina Marques Pires
Doutorandas em Agronomia – UFU
Créditos Vigorfert

O setor de fruticultura no Brasil é um segmento que tem crescido nos últimos anos, com perspectivas de aumento para a produção de frutas in natura e também para a industrialização, como a produção de sucos e néctares. O País é reconhecido pela grande variedade de frutas produzidas em todas as regiões, com lavouras permanentes, como as de laranja, banana, coco-da-baía, mamão e uva; e lavouras temporárias, como melancia, abacaxi e melão (Sebrae, 2015).

A atividade frutífera possui grande importância social dentro do agronegócio brasileiro, gerando grandes quantidades de empregos. De acordo com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), estima-se que a cada hectare ocupado com fruticultura empregam-se diretamente de três a seis pessoas, e indiretamente três pessoas (Decicino, 2019).

Potencial genético + manejo

Para o alcance de altas produtividades juntamente com a obtenção de frutos de qualidade, requisito imprescindível à comercialização, é necessário atentar-se para o potencial genético das plantas, usar sementes de qualidade ou mudas vigorosas e sadias.

Sabe-se que todas as práticas de manejo, incluindo o fornecimento adequado de nutrientes essenciais para as frutíferas, irrigação, controle de pragas e doenças, uso de reguladores e podas estão estritamente relacionadas ao fornecimento e disponibilização de nutrientes no tempo, na forma e na quantidade requerida por todas as fases de crescimento da cultura.

Especificamente em frutíferas perenes, a disponibilização de nutrientes gradual e gradativa é de suma importância devido ao ciclo mais longo e à alta exigência de nutrientes pela parte vegetativa e exportação pelos frutos a cada safra.

Os organominerais

Uma das alternativas para atender essa demanda é o uso de fertilizantes organominerais, visto que apresentam características de liberação lenta dos nutrientes, ou slow realease, que ocorre em função da presença de matéria orgânica associada à fonte mineral.

Os fertilizantes organominerais também minimizam as perdas dos nutrientes por processos de lixiviação, volatilização e adsorção, bem como promove efeito residual de alguns macro e micronutrientes, sendo esta característica muito importante, principalmente para cultivos de espécies perenes.

Algumas pesquisas com a aplicação de fertilizantes organominerais em frutíferas demonstraram resultados promissores no desenvolvimento das plantas.

As bananas

O cultivo de banana representa uma das principais atividades frutíferas a nível mundial e também no Brasil. Em 2018, a produção nacional foi de 6.710.436 toneladas (IBGE, 2018). No País, a maior parte das mudas destinadas à produção vem da micropropagação, que é uma técnica que utiliza explantes de ápices caulinares de plantas matrizes que darão origem a centenas de indivíduos idênticos à planta-mãe, uniformes e livres de doenças, principalmente viroses.

Após a etapa de micropropagação, as mudas de banana devem passar por um processo de aclimatação, em que recebem adubação e irrigação por tempo necessário até atingirem tamanho ideal (maior ou igual a 15 cm) (Caron et al., 2017).

Na fase de aclimatação, a adequação da adubação é essencial para acelerar o crescimento e diminuir o tempo na fase de viveiro, garantindo o bom desempenho das mudas ao serem transplantadas (Nomura et al., 2012).

Neste contexto, o uso de fertilizantes organominerais pode proporcionar bons resultados para a fase de aclimatação de mudas de bananeira.

Pesquisas

Caron et al. (2017), com o objetivo de verificar o efeito da adubação organomineral em mudas de bananeira ‘Maçã’, em relação à adubação mineral e à ausência de adubação de cobertura, concluíram que o uso de fertilizante organomineral proporcionou desenvolvimento igual ao obtido com adubação mineral, sendo possível a diminuição da dose em até 40%, sem prejudicar o desenvolvimento das mudas quanto à altura e diâmetro dos pseudocaules (Tabela 1).

Destaca-se, neste trabalho, que, em termos percentuais, a dose de 80% do fertilizante organomineral proporcionou, em relação à altura, incrementos de 2,03% em relação à fonte mineral e 56,13% a mais em relação à ausência de adubação. Tais resultados evidenciam a necessidade de fazer adubação no período de aclimatação de banana com fontes mais eficientes (Tabela 1).

Tabela 1. Altura e diâmetro dos pseudocaules médios de mudas de bananeira ‘Maçã’ ao longo de 180 dias da adubação de cobertura, Uberlândia (MG), 2017. Adaptado de Caron et al. (2017)

Tratamento Altura (cm) Diâmetro (cm)
Mineral 10.85 a 1.36 a
Organomineral 100%   9.85 a 1.34 a
Organomineral 80% 11.07 a 1.33 a
Oragnomineral 60% 10.88 a 1.37 a
Testemunha 7.09 b 1.04 b
DMS 1.38 0.18
CV(%) 22.6 22.7

Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem significativamente, a 1% de probabilidade pelo teste de Tukey.

Lima et al. (2006), objetivando avaliar o efeito da aplicação de fertilizante organomineral fluido na aclimatação de mudas micropropagadas de banana variedade Nanicão, observou que o organomineral aplicado às mudas promoveu maior crescimento em altura e diâmetro do colo nas mudas em relação às que não receberam o fertilizante organomineral fluído e observou maior quantidade de matéria seca da parte aérea (Tabela 2).

Tabela 2 – Altura, diâmetro dos colmos e massa seca da parte aérea de plantas de bananeira cultivar Nanicão, 65 dias após o transplante. Adaptado de Lima et al. (2006)

Tratamento Altura (cm) Diâmetro de colmo (cm) Massa seca da parte aérea (g)
  Substrato   21.1 b   1.7 b   4.8 b
  Substrato + Fertilizante Organomineral fluido 24.6 a 1.9 a 7.0 a
CV%: 6.5 4.9 5.0

Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem significativamente, a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

Versatilidade

O uso de fertilizantes organominerais também tem sido mencionado como tecnologia inovadora que pode atuar no manejo de nematoides. Ferreira et al. (2012), objetivando selecionar doses de um fertilizante organomineral, cuja matriz orgânica foi a torta de mamona para controle de Meloidogyne javanica, concluiu que o número de galhas foi reduzido com a aplicação de doses crescentes do fertilizante, sendo que a maior dose estudada (30 g L-1 de substrato) foi a que mais reduziu a população de fitonematoides, não influenciando negativamente no desenvolvimento da banana.

Resultados positivos com o uso de fertilizante organomineral foram encontrados em outras frutíferas, como no melão (Cucumis melo L.). Fernandes e Testezlaf (2002), avaliando a aplicação de adubo organomineral via água de irrigação, comparando-o com a fertirrigação convencional de adubos químicos na produção do melão, cultivado em ambiente protegido, observou que os tratamentos com organominerais promoveram alongamento do ciclo da cultura em oito dias e aumento de 3,70 t ha-1, comparado com a fonte mineral.

Outras frutas

Em frutíferas menos convencionais, como em pinheira (Annona squamosa), Araújo et al. (2008) observaram que a utilização dos fertilizantes organominerais em associação com os biofertilizantes líquidos proporcionarou aumento significativo da produtividade, com incrementos que variaram de 10,44 a 24,52% em relação à testemunha.

Estes mesmos autores constataram valores médios superiores de massa de frutos para o tratamento que recebeu adubação organomineral sólida e também nos tratamentos com organomineral em associação com biofertilizantes, quando comparados com a testemunha.

Os resultados apresentados evidenciam o potencial promissor do uso de fertilizantes organominerais como uma tecnologia eficaz a ser considerada dentro das práticas de manejo de frutíferas.

Produtividade aliada à sustentabilidade

Atualmente, um dos objetivos das pesquisas com organomineral e dos produtores de frutas tem sido conciliar altas produtividades com viabilidade econômica e ambiental. A adubação dessas espécies exige a utilização de fontes que garantam o pleno fornecimento dos nutrientes ao longo do ciclo, visando que o produto final colhido apresente coloração, sabor e tamanho adequado às exigências do mercado.

Assim, os fertilizantes organominerais podem constituir uma alternativa para o manejo adequado da matéria orgânica na fruticultura, com ganhos nos âmbitos econômicos, ambientais e sociais.

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