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Vassourinha-de-botão: como identificar e manejar

Crédito: Miriam Lins

Willian Ricardo Monesi da Silva
Engenheiro agrônomo – Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT)
willian.monesi@gmail.com
Franciely da Silva Ponce
Engenheira agrônoma e doutora em Horticultura- FCA/UNESP
francielyponce@gmail.com

A vassourinha-de-botão (Spermacoce verticillata) pertence à família Rubiaceae juntamente com a Poia-branca (Richardia brasiliensis) e Erva-quente (Spermacoce latifolia). Desta forma identificar e diferenciar estas espécies de plantas daninhas e conhecer suas características se torna fundamental para a definição do método controle.

Entre os principais aspectos da vassourinha-de-botão vale destacar sua dispersão por sementes fotoelásticas positivas, ou seja, necessitam de luz para a germinação. Outra característica é a capacidade de germinação em uma ampla faixa de temperatura (20 a 35°C) e sua alta capacidade de dispersão.

A planta tem seu porte arbustivo, hábito perene e pode ser diferenciada por suas características morfológicas da parte apical. Como a pilosidade branca, caule quadrático, folhas verticiladas (pares opostos) com inserção sem pecíolo nos nós da planta (Tabela 1). 

Tabela 1. Características morfológicas para diferenciação e identificação da vassourinha-de-botão (Spermacoce verticilata).

Culturas afetadas

Na produção de grãos, a presença da vassourinha-de-botão afeta de forma negativa as culturas de interesse, como soja, sorgo e milho, provocando perdas de produtividade com o aumento populacional da planta daninha na área de cultivo. Estas perdas são de 29 a 70% para o sorgo e 28% para soja.

No caso da soja, uma cultura de alta importância comercial, considerando suas extensas áreas de cultivo e grande importância econômica, garantir um cultivo livre de matocompetição nos períodos inicias do cultivo favorece o bom desenvolvimento da cultura, refletindo de forma positiva na produção final.

Formas de controle

Como método de controle, é importante que seja considerado o manejo integrado de plantas daninhas (MPID), combinando diferentes ferramentas que devem estar alinhadas com o planejamento do cultivo, como identificar a presença e áreas infestadas.

Dentro dos métodos de controle do MIPD, a ferramenta de maior importância é o controle químico, por sua facilidade de aplicação, fácil aquisição e rápida visualização dos resultados.

Pode ser utilizado de forma “solteira” com apenas um princípio ativo ou combinada. O uso desse método pode ocorrer de forma parcelada com duas aplicações, dependendo da necessidade ou nível de rebrota.

Outa importante ferramenta é adotar o método de plantio direto, que integra a palhada do cultivo anterior na forma de cobertura do solo, impedindo a emergência de plantas daninhas, e pode estar facilmente integrado ao controle quimo.

O método de controle deve visar principalmente a redução na competição entre a cultura e planta daninha, para que a cultura, tenha um bom desenvolvimento inicial. Gera, dessa forma, uma vantagem completiva, em que a própria cultura é capaz de limitar o desenvolvimento da planta daninha, exercendo assim um controle cultural. 

Não se engane

O controle da vassourinha-de-botão vem ganhando grande importância nas áreas produtoras de grãos, como no Mato Grosso. Considerada uma planta de difícil controle, ela causa prejuízos por sua alta infestação e resistência ao glifosato.

Neste contexto, é importante que o manejo desta planta daninha seja feito de forma integrada, considerando o uso de métodos combinados, como uso de palhada na cobertura do solo e o controle químico, que é uma importante ferramenta para garantir a vantagem competitiva, principalmente na fase inicial do cultivo.

O manejo de plantas daninhas deve ser considerado ainda na fase de planejamento do cultivo, para a otimização dos recursos empregados no controle, assim como a definição do método. Importante ressaltar que, nos casos de controle químico, os produtos devem estar registrados para a cultura.

A aplicação de herbicidas químicos deve ocorrer nos períodos iniciais de desenvolvimento da planta daninha, visando um controle anterior à floração (fase reprodutiva), com o objetivo de evitar a propagação por sementes na área de cultivo, reduzindo a infestação.

A rotação de princípios ativos é de elevada importância, uma vez que a espécie apresenta resistência a herbicidas à base de glifosato. Na fase perenizada a resistência é maior, sendo interessante que herbicidas à base de glifosato sejam utilizados apenas nas fases iniciais da vassourinha-de-botão. Isto ocorre porque o glifosato é um regulador de crescimento.

No caso de plantas maiores ou já perenizadas, o controle deve ser feito com a aplicação de outros princípios ativos, como flumioxazina e glufosinato sal de amônio (Figura 1).

Figura 1. Recomendação de princípios de herbicida para cada fase da vassourinha-de-botão. (Imagens: Atlas of Florida Plants).

A utilização de herbicida e a necessidade de reaplicação deve ser monitorada pelo produtor, devendo ser observada a eficiência de controle para adequação de produtos e rotação de princípios ativos.

A rotação de princípios ativos é uma tática importantíssima para reduzir a pressão de seleção de populações resistentes, seja para plantas daninhas, pragas ou doenças.

Qual o custo?

Quanto aos custos de controle, deve ser considerado primeiro o do método de controle utilizado e os ganhos em produção por minimizar as perdas decorrentes da competição. Outro fator a ser considerado é o controle da infestação por esta planta daninha e cultivos posteriores.

Além da competição com as plantas de interesse, as plantas daninhas podem ser refúgio para pragas, além de serem fonte de inóculo de doenças. A relação custo-benefício vai além dos gastos com produto e aplicação.

Muitas vezes o manejo da vassourinha-de-botão pode ser decisivo para a produtividade da cultura, sendo importante o posicionamento precoce de ferramentas de controle para que haja maior êxito no manejo.

O custo de uma pulverização de herbicida varia conforme o produto e dosagem necessária, tendo preço médio do flumioxazina R$ 750,00 e glifosato R$ 537,00, com doses de 3,0 L/ha para plantas já perenizadas. 

Desta forma, o controle precoce se torna ainda mais importante, pois reduz os custos.

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