A família Anacardiaceae inclui várias espécies de árvores frutíferas, como cajá, umbu, serigüela, cajarana, cajá-umbu, além de cajueiro (Anacardium occidentale L.), mangueira (Mangifera indica L.) e pistache (Pistacia vera L.). Essas espécies são exploradas economicamente em regiões tropicais e subtropicais do mundo.

Origem e Distribuição do Cajá
A cajazeira (Spondias mombin L.) é nativa das terras baixas do México e das Américas Central e do Sul. Comum em florestas úmidas, é encontrada desde o sul do México até o Peru, incluindo o Brasil e o oeste da Índia. No Brasil, é comum na Amazônia, Mata Atlântica e zonas úmidas do Nordeste, especialmente nos estados de Sergipe, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte.
Características da Cajazeira e do Fruto
A cajazeira pode atingir até 30 metros de altura, com copas de até 20 metros de diâmetro. Suas flores formam cachos de até 2.000 flores, mas apenas 10 a 12 frutos amadurecem por cacho. O fruto do cajá tem forma ovoide, casca fina amarelo-alaranjada e polpa suculenta, ácido-adocicada. Cada caroço volumoso pode conter de uma a cinco sementes.
Valor Nutricional e Benefícios do Cajá
O cajá é uma fonte rica de vitaminas A e C, fibras, fósforo, ferro e cálcio. Ele ajuda a reduzir o risco de doenças crônicas, como Alzheimer e certos tipos de câncer, devido à presença de antioxidantes. Também é benéfico para a saúde dos ossos, prevenindo a osteoporose, e para a pele, retardando o envelhecimento. Além disso, o consumo de cajá contribui para a prevenção de doenças cardíacas e anemia.
Cultivo da Cajazeira no Brasil
A cajazeira adapta-se bem a climas úmidos, subúmidos e quentes. Na Paraíba, é encontrada em altitudes de 130 a 618 m, com temperatura média de 23 a 24,5°C e precipitação anual de 1.400 mm. No Ceará, as precipitações médias são superiores a 1.100 mm, enquanto na Bahia, a concentração de cajazeiras ocorre em solos férteis e ricos em matéria orgânica, em consórcio com outras culturas, como o cacau.
Métodos de Propagação e Manejo do Cajá
A cajazeira pode ser propagada por sementes ou métodos vegetativos, como estaquia e enxertia. Recomenda-se o plantio de mudas vigorosas com 6 a 8 folhas. O espaçamento ideal é de 9m x 9m ou 10m x 10m. A adubação fosfática e potássica é crucial para alcançar máxima produção.
Pragas, Doenças e Manejo Integrado
As principais pragas da cajazeira incluem mosca-das-frutas (Anastrepha spp.), saúvas (Atta), mané-magro, bicho-pau e pulgão. As doenças mais comuns são antracnose (Glomerella cingulata), verrugose (Sphaceloma spondiadis), resinose (Botryosphaeria rhodina), e cercosporiose (Mycosphaerella mombin). O controle químico é frequentemente necessário para essas pragas e doenças.
Colheita e Aproveitamento dos Frutos do Cajá
A época de colheita do cajá varia de acordo com a região. Na Paraíba, ocorre de maio a julho, enquanto na Bahia, vai de março a maio. No Ceará, estende-se de janeiro a maio. Devido à desuniformidade de maturação dos frutos, a colheita é manual, o que resulta em perdas significativas.
O cajá tem excelente rendimento em polpa, acima de 60%, sendo amplamente utilizado na produção de sucos, sorvetes, geleias, vinhos e licores. Apesar de seu potencial agroindustrial, o cultivo ainda é predominantemente extrativista no Brasil.
Potencial Agroindustrial e Comercialização
O mercado de polpas e derivados de cajá é promissor, especialmente no Nordeste e na Zona da Mata de Pernambuco. Os frutos são processados para a produção de polpas congeladas e sucos, aproveitando seu sabor e aroma característicos.
Artigo com auxílio de:
Paula Almeida Nascimento
Engenheira agrônoma e doutora em Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
paula.alna@yahoo.com.br
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