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Calagem – Na dose certa, faz toda diferença

Autor

Leandro Flavio Carneiro
Doutor e professor do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade Federal de São João Del Rei – campus Sete Lagoas (MG) e coordenador do Grupo de Apoio à Pesquisa e Extensão em Fertilidade do Solo (G-FERT)
carneiro@ufsj.edu.br

Crédito Nutrion

A maioria dos solos agricultáveis do Brasil apresenta, naturalmente, baixa fertilidade do solo, baixa capacidade de retenção de nutrientes e elevada acidez, caracterizada por baixos valores de pH e elevado teor de alumínio.

A prática de correção da acidez do solo é denominada de calagem. Para que o agricultor obtenha sucesso com a calagem é preciso fazer uma amostragem representativa de uma área que apresente o mesmo tipo de solo, histórico de uso, declividade e cor, interpretar os atributos químicos do solo e atentar para os aspectos técnicos e econômicos do uso de corretivos de acidez do solo.

Os aspectos técnicos estão relacionados à composição química (teores de óxidos de cálcio e magnésio) e granulométrica (tamanho das partículas) dos corretivos. O Poder Relativo de Neutralização Total (PRNT) dos corretivos é uma característica que combina a composição química e granulométrica. Esta característica é usada para corrigir a dose dos corretivos que será aplicada e ajudar na escolha do corretivo mais econômico disponível no mercado.

Todos os métodos de cálculo de calagem consideram que os corretivos serão incorporados na camada de 0 a 20 cm de profundidade, devido à baixa movimentação no solo, e que possuem um PRNT de 100%.

Porém, a maioria dos corretivos de acidez do solo comercializados não possui este valor de PRNT, necessitando, portanto, de correção da dose do corretivo que será aplicado ao solo com o uso do PRNT.

Cálculo

Para avaliar o corretivo mais econômico, o produtor deve relacionar o custo da tonelada do corretivo na propriedade (incluir o frete), dividindo o valor pelo PRNT, ou seja, quanto ele estará pagando por unidade de PRNT.

O corretivo de acidez mais usado no Brasil é o calcário, por apresentar boa distribuição das jazidas e menor custo. Na escolha do calcário, o técnico deve atentar aos teores de magnésio no solo. Se o solo estiver com baixos teores de magnésio, deve escolher um calcário com maior teor de magnésio, pois é a fonte mais barata de magnésio usada na agricultura.

Caso o técnico deixe de fornecer magnésio via calcário, ele terá como opções o sulfato de magnésio e o termofosfato magnesiano, os quais são de alto custo e menos disponíveis no mercado.

Hora da decisão

O correto manejo do calcário envolve decisões relacionadas, além da escolha do calcário, à dose, época de aplicação e modo de aplicação. Para a escolha do método de cálculo da calagem, o técnico deve atentar para as particularidades de cada método, regionalidade e tipo de solo.

O calcário precisa ser aplicado e incorporado no solo pelo menos 90 dias antes do plantio, pois possui baixa solubilidade. Para tanto, é importante um planejamento que envolva a época de amostragem (seis meses antes do plantio), escolha do laboratório e aquisição do insumo.

Em sistemas conservacionistas de produção que não fazem o revolvimento do solo, como o plantio direto, cultivo mínimo, sistemas integrados de produção e agroecológicos, o calcário é aplicado a lanço sem incorporação, e neste caso, deve-se corrigir a dose, uma vez que os métodos consideram a incorporação a 20 cm de profundidade.

Dicas importantes

É importante ressaltar que, antes de adotar um sistema de plantio direto, cultivo mínimo ou sistema agroecológico (sistemas de produção que não revolvem o solo), é recomendado fazer uma calagem, incorporando e optando por um calcário de menor PRNT (maior efeito residual).

Além da calagem, também é importante fazer aplicação de fósforo e potássio para aumentar os teores destes nutrientes no solo, caso este apresente baixos teores.

Investimento

O custo da prática da calagem no primeiro ano é considerado alto, porém, o mesmo deve ser amortizado ao longo do tempo, uma vez que na maioria dos solos o efeito residual está em torno de três anos.

Durante esse tempo, o técnico deve amostrar o solo todo ano para ir acompanhando a necessidade de reaplicação do calcário. Uma calagem malfeita pode acarretar sérios problemas que afetam a disponibilidade dos nutrientes no solo, como por exemplo, de fósforo e micronutrientes como ferro, manganês, cobre, zinco e boro.

Por outro lado, uma calagem bem-feita, além de corrigir o pH, diminui as perdas de potássio, cálcio e magnésio, aumenta a atividade dos microrganismos benéficos no solo, corrige a toxidez de alumínio, fornece cálcio e magnésio, proporcionando aumento de produtividade e lucratividade para o produtor rural.

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