Autores
Paulo Roberto de Camargo e Castro
Doutor e professor titular – ESALQ/USP
prcastro@usp.br
Gabriela Romêro Campos
Graduanda em Engenharia Agronômica – ESALQ/USP
O biorregulador tiametoxam (TMX) foi analisado sob o aspecto da biologia molecular, no sentido de se esclarecer as alterações gênicas na planta-teste Arabidopsis thaliana comparativamente a um controle dessa espécie vegetal.
Estudo genético do TMX aplicado na A. thaliana, realizado na Universidade Livre de Berlim por Schmülling & Krupkova, mostrou que a molécula tem capacidade de reprimir e expressar genes de maneira a ativar aqueles que foram verificados primeiramente com macroarranjos comparados com a planta-teste controle.
Foram representadas as classes gênicas reguladoras positivas na transcrição, diferenciação e desenvolvimento e outros parâmetros. Também se verificou categorização funcional para os processos biológicos e por anotação para a função molecular e para o componente molecular.
Foi procedida a categorização estatística dos genes regulados pelo TMX. Em função dos resultados, observou-se a ação gênica para os diferentes processos do metabolismo vegetal, quando se verificou a regulação de genes relacionados com tolerância aos estresses.
Finalmente, observou-se que três horas após a aplicação de TMX houve uma síntese de ácido abscísico (ABA), hormônio que em equilíbrio positivo com a auxina (IAA) pode incrementar o crescimento radicular sob condições de déficit hídrico, sendo que após 30 minutos até três horas ocorreu significativa produção de metil-jasmonato, capaz de induzir a síntese proteica e promover a regulação da expressão gênica.
Biorreguladores: receptores hormonais
O efeito mais eficiente dos biorreguladores sobre os bioestimulantes pode ser devido ao melhor reconhecimento das células, tecidos e órgãos vegetais aos biorreguladores (similares aos hormônios endógenos) e à presença de pontos de ligação por meio de receptoras menos evidentes ainda aos bioestimulantes.
Na célula vegetal, esses receptores hormonais se encontram evidenciados na membrana celular (plasmática) e em membranas de organelas, além da presença no citoplasma das células. Também se mostra o reconhecimento de órgãos pelas concentrações específicas dos hormônios, como no caso do geotropismo.
Nesse processo, ao se colocar uma plântula na horizontal verifica-se um acúmulo de auxina (IAA) no caule e na raiz. No caule, essa concentração auxínica da ordem de 10-4 M promove maior crescimento das células basais com relação às de cima, causando um movimento do caule para cima (geotropismo negativo).
Na raiz, essa concentração (10-4 M) é excessiva, porque requer concentrações da ordem de 10-10 M, sendo que essa concentração excessiva de auxina provoca a síntese de etileno nessas células basais, e esse etileno atua retardando o crescimento dessas células com relação às células de cima, causando uma movimentação da raiz para baixo (geotropismo positivo) segundo Cholodny-Went, precursores de estudos com auxinas endógenas.
Aplicações agrícolas
Os biorreguladores têm sido pesquisados e aplicados na agricultura desde meados da década de 60, quando impactaram fortemente no manejo das plantas cultivadas, tendo suas utilizações evoluído desde esses anos.
Respostas positivas
Auxinas promotoras de crescimento, como o ácido indolbutírico (IBA), têm sido amplamente utilizadas para a propagação de espécies vegetais. O ácido indolilacético (IAA) aumenta a produtividade de morango, sendo que o ácido naftalenacético (NAA) pode ser utilizado no desbaste de citros.
Muitas outras aplicações de auxinas têm auxiliado os produtores no manejo dos cultivos. Giberelinas (GA) podem acelerar a germinação de sementes de numerosas espécies vegetais, inclusive tubérculos-sementes de batata.
Podem aumentar o tamanho do cacho e a distribuição de bagas, reduzindo a ocorrência de doenças e aumentando a produção de uvas. Citocininas (CK) mantêm o metabolismo vegetal, podendo ser utilizadas na conservação pós-colheita de diversas hortaliças folhosas. Também, em combinação com auxinas, possibilitam a proliferação celular na morfogênese e organogênese de numerosas espécies vegetais em cultura de tecidos, visando a micropropagação.
Daminozide é utilizada para restringir o crescimento de plantas ornamentais envasadas e melhorar o florescimento. Pode ser de utilidade em inúmeras outras aplicações em plantas cultivadas.
Ethephon é o biorregulador mais utilizado na agricultura, visando principalmente à maturação dos frutos. É empregado antecipar a produção de pepino, com a indução precoce de flores femininas, dentre muitas outras utilizações.
A combinação de GA+IBA+CK mostrou-se eficiente em aumentar a produção do tomateiro ‘Micro-Tom’ utilizado como planta-teste, na aplicação dos biorreguladores em combinação completa. Tiametoxam, aldicarb e cianamida hidrogenada, capazes de induzir a síntese de promotores de crescimento endógeno, também aumentam o vigor, desenvolvimento e produtividade de numerosas plantas cultivadas.
O biorregulador antecipa a produção de pepino, com a indução precoce de flores femininas.