Autores
Rhaiana Oliveira de Aviz
rhaianaoliveiradeaviz@gmail.com
Luana Keslley Nascimento Casais
luana.casais@gmail.com
Graduandas em Agronomia – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)
Luciana da Silva Borges
Doutora, professora da UFRA e coordenadora do Grupo de Pesquisa em Horticultura da Amazônia (Hortizon) e Núcleo de Pesquisa em Agroecologia (NEA)
luciana.borges@ufra.edu.br
O Brasil atualmente está entre os maiores produtores de laranja do mundo, tendo São Paulo como principal região produtora. Na safra 2017/18 foi constatado um aumento na produtividade desse fruto, apresentando em média 1.033 caixas de 40 kg/ha. Isso ocorreu devido a uma atenção maior aos tratos culturais e também ao clima nesse período, que estava favorável à produção. Entretanto, 17,31% das perdas foram em decorrência da queda de frutos (Canal Rural, 2018).
Parte da queda dos frutos está relacionada à taxa de pegamento que a planta apresenta. Durante a floração, as laranjeiras produzem uma quantidade bastante expressiva de flores, e após a polinização os frutos competem por fotoassimilados e nutrientes, causando o aborto de parte dos frutos. As plantas cítricas possuem uma taxa de pegamento que varia entre 0,1% a 6% (Domingues Neto et al, 2015)
Alguns fatores relacionados à produção influenciam na variação dessa taxa, como clima, tipo de solo e variedade escolhida, mas o estado nutricional é um dos fatores que tem grande influência no pegamento dos frutos.
Específico para citros
A laranjeira é uma planta bastante exigente em nutrientes, e durante a floração ela necessita de uma boa quantidade de nitrogênio, potássio, cálcio, boro, ferro, manganês, zinco e enxofre. A maior parte desses nutrientes atua em conjunto, promovendo alto índice de pegamento dos frutos (Yara, 2019).
Composição
Os fertilizantes organominerais são gerados a partir da combinação de composto orgânico e adubos minerais. Essa categoria de fertilizante foi enquadrada na legislação em 1982, de acordo com a Instrução Normativa nº 25, de 23 de junho de 2009, que diz que ‘os fertilizantes organominerais devem ter em sua composição no mínimo 8% de carbono orgânico, CTC de 80 mmolc.kg-1, 10% de macronutrientes isolados (N, P, K) ou em mistura (NP, NK, PK, NPK), 5% de macronutrientes secundários e 30% de umidade (Rabelo, 2015)’.
Além disso, em sua composição podem conter aminoácidos livres, que potencializam a produção, pois a planta não gasta energia para produzi-los, além de terem grande importância no metabolismo, produzindo hormônios e polímeros de parede celular (Costa et al, 2018).
A utilização desses fertilizantes garante vários benefícios, tanto para o estado nutricional da planta quanto para melhorar a fertilidade do solo. Com o uso contínuo é possível melhorar a capacidade de troca de cátions (CTC), o pH, o transporte e a disponibilidade de micronutrientes, bem como reduzir os teores de alumínio tóxico e acidez do solo.
Outro ponto positivo é que os nutrientes são liberados gradativamente, evitando perdas e trazendo maior economia para o bolso do produtor (Cardoso, 2017).
Manejo
No mercado, os organominerais estão disponíveis tanto na forma sólida e granulada quanto líquida (concentrado). Para o uso na forma sólida é recomendado abrir sulcos na projeção da copa da planta, que é o local onde há maior absorção pelas raízes, e após a aplicação é necessário realizar irrigação no local. Já o produto na forma líquida pode ser aplicado por pulverização ou fertirrigação.
A aplicação do produto deve ser realizada a partir da brotação, e de acordo com o produto adquirido geralmente faz-se o uso de 1,0 a 3,0 litros/ha em aplicações semanais. Devem-se realizar três ou mais aplicações.
Para melhor aproveitamento do potencial do fertilizante é recomendado realizar as aplicações no início da manhã e no final da tarde, e evitar os horários de sol intenso, pois pode ocorrer evaporação da solução. Também deve-se suspender a aplicação caso haja risco de chuvas.
É recomendado realizar a aplicação quando a velocidade do vento apresentar 10 km/h ou abaixo disso, para evitar deriva do produto, utilizar bico de pulverização com maior capacidade de vazão e regular as barras de pulverização, para que fiquem a menos de 50 centímetros do alvo.
Cuidados
Para maior segurança de aplicação e quantidade adequada do produto, é de grande importância ler a ficha de informação. Lá é possível encontrar todas as informações pertinentes ao material adquirido, sua composição, efeitos colaterais, entre outros.
Para a aplicação foliar desses produtos é necessário utilizar os devidos EPI’s (equipamentos de proteção individual), garantindo a segurança do trabalhador que irá manusear esse fertilizante.
Em campo
Um produtor de laranjas no município de Nova Campina (SP), após uma assistência técnica, passou a adotar o uso de fertilizantes organominerais, tanto via solo quanto foliar, com o intuito de aumentar a produtividade, pois as plantas estavam apresentando uma baixa quantidade de frutos por planta (Cultivar, 2016).
Após o uso, o resultado foi surpreendente, pois mostrou eficiência em apenas um ano, enquanto com o uso de fertilizantes convencionais a estimativa de ganho seria em até três anos. Com o tratamento, a produção teve um aumento de 70% na produtividade, e de acordo com Ernesto Luiz, técnico responsável pela produção, a tecnologia contribuiu para o aumento da quantidade de flores, pegamento e quantidade de frutos, diminuiu o índice de abortos naturais e favoreceu o enchimento dos frutos (Cultivar, 2016).
Produtividade
Utilizando os métodos tradicionais de manejo da laranjeira, a planta apresenta um índice de pegamento ente 1,0 e 6%. Entretanto, com o uso de novas tecnologias, como a adubação organomineral, que incremente a atividade fisiológica da planta e torne disponível todos os nutrientes necessários na fase reprodutiva, esse índice pode chegar a até 47%. Isso é um indicativo de maior quantidade de frutos por planta, e consequentemente maior produtividade.
Uma árvore dessa frutífera gera em torno de 80 a 100 quilos de frutos por planta. Com o aumento dessa quantidade, tem-se também uma necessidade constante de teores adequados de nutrientes, e os organominerais os liberam gradativamente para as plantas, disponibilizando periodicamente e mantendo o nível de nutrição das plantas.
Custo-benefício
Os fertilizantes organominerais são viáveis tanto para o pequeno quanto para o grande produtor rural, porque possuem um custo baixo em relação aos adubos convencionais, tendo como base de composição a matéria orgânica. Várias são as fontes de matéria orgânica que podem ser usadas na fabricação dos organominerais, como dejetos de suínos, aves e resíduos de origem vegetal.
O agricultor pode realizar a produção na sua propriedade, entretanto, para ser considerado organomineral, o fertilizante deve atender as exigências que estão estipuladas na legislação e obedecer os teores mínimos de cada material que compõe o fertilizante.
Comparado com a adubação convencional, os organominerais apresentam economia relacionada à quantidade de aplicações que são realizadas. Eles liberam os nutrientes gradativamente na solução do solo, evitando perdas por lixiviação ou evaporação. Como na nutrição convencional a maior porcentagem dessas perdas acontece por esse motivo, é realizado um maior número de aplicações durante o ciclo da planta para obter maior eficiência.
Além disso, é possível encontrar no mercado fertilizantes organominerais que se adaptam ao tipo de manejo do agricultor. Podem ser aplicados tanto por via fertirrigação, pulverização, em forma de substrato ou granulado, o que reduz restrições e permite que sejam utilizados nos diversos tipos de sistemas de cultivo.