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Qual o panorama mundial da noz-pecã?

Autores

Carlos Roberto Martins
Pesquisador da Embrapa Clima Temperado
carlos.r.martins@embrapa.br
Rudinei De Marco
Doutorando em Agronomia – Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
Roseli de Mello Farias
Professora – Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS)
Marcelo Barbosa Malgarim
Professor – Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
Crédito: Shutterstock

As nozes são mundialmente classificadas em agrupamento denominado de “frutos secos”. Os frutos desse agrupamento são reconhecidos pelas características organolépticas intrínsecas de cada espécie, pela forma de consumo e, principalmente, pelos efeitos nutracêuticos.

Frutos como a noz-pecã, amendoim (Arachis hypogaea), amêndoa (Prunus dulcis), avelã (Corylus avellana), castanha-do-pará, também conhecida como castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa), castanha-de-caju (Anacardium occidentale), macadâmia (Macadamia integrifolia), noz-europeia, também conhecida como noz-chilena (Juglans regia) e pistache (Pistacia vera) têm características próprias, bem como diferentes origens, formas de cultivo e de uso em processamento para o respectivo consumo.

Consumo

As nozes, como popularmente são reconhecidas no Brasil, são consumidas praticamente no estado naturalmente seco, sendo ricas em óleos e com baixo conteúdo de água. A noz-pecã, juntamente com as outras nozes, destacam-se pelos efeitos benéficos à saúde. São frutos ricos em gorduras insaturadas, proteínas, fibras, vitaminas (ácido fólico, niacina e vitamina E), minerais (magnésio, potássio e cálcio), fitoquímicos (flavonoides, carotenoides e fitoesteróis), todas substâncias dotadas de propriedades cardioprotetoras, anticarcinogênicas, anti-inflamatórias e antioxidantes.

Nos últimos anos, a produção de nozes evoluiu acentuadamente em todo o mundo. No ano de 2004, a produção mundial de nozes era de aproximadamente 2,3 milhões de toneladas, alcançando em 2018 cerca de 4 milhões de toneladas, representando um acréscimo de aproximadamente 80% na produção.

Produção crescente

A produção mundial de amêndoa subiu de 550 mil toneladas em 2004 para 1,1 milhão de toneladas em 2016, enquanto que, para o mesmo período, a noz-europeia passou de 350 mil para 850 mil toneladas, o pistache de 425 mil para 735 mil toneladas, a castanha-de-caju de 544 mil para 754 mil toneladas, a avelã de 325 mil para 397 mil toneladas, a macadâmia de 26 mil para 54 mil toneladas, a castanha-do-brasil de 27 mil para 28 mil toneladas, e a noz-pecã evolui de 68 mil toneladas em 2004 para 118 mil toneladas em 2016.

Cabe destacar, nesse cenário, que a noz-pecã ficou em quarto lugar na evolução desse período, em termos de produção, com 74%, ficando atrás da noz-europeia, frutífera com a maior evolução em termos de produção, representando um acréscimo de 142% no período, seguida da produção de amêndoa com 110% (segunda), macadâmia com 105% (terceira).

As demais frutíferas também apresentaram evolução nos patamares de produção: o pistache com 72%, a castanha-de-caju com 39%, a avelã com 22%, e a castanha-do-brasil com 2%.

Principais produtores de nozes no mundo

Na Tabela 1 relacionam-se os principais países produtores de nozes no mundo, em porcentagem do volume de produção. A produção mundial de amêndoas é liderada pelos Estados Unidos, com aproximadamente 77% da produção, seguidos da Espanha e Austrália. Esses três países concentram mais de 90% da produção de amêndoas no mundo.

A noz-europeia é produzida principalmente nos Estados Unidos e China, que, juntos, detêm mais de 66% do mercado mundial, com destaque na América do Sul para o Chile, que já figura entre os principais países produtores.

A produção mundial de pistache está concentrada principalmente no Irã, Estados Unidos e Turquia, que, conjuntamente, detêm mais 90% da produção mundial. A castanha-de-caju é produzida principalmente na Nigéria, Índia e Vietnã com mais de 80% da produção.

A produção mundial de avelã está concentrada basicamente na Turquia (70%) e Itália (12%). A Austrália (29%), África do Sul (28%), Quênia (19%), juntamente com Estados Unidos (8%), correspondem a mais de 80% da produção mundial de macadâmia. Com relação à castanha-do-brasil, existe um predomínio da Bolívia, com mais 70% da produção, seguida do Brasil e Peru, que praticamente dominam o cenário mundial.

Tabela 1: Relação dos principais países produtores de nozes (frutos secos) no mundo, pelo volume de produção (t).

Posição Amêndoas Noz-europeia Pistache Castanha-de-caju Avelã Macadâmia Castanha-do-brasil
1 EUA China Irã Nigéria Turquia Austrália Bolívia
2 Espanha EUA EUA Índia Itália África do Sul Brasil
3 Austrália Irã Turquia Costa do Marfim Geórgia Quênia Peru
4 Irã Turquia China Vietnã EUA EUA Costa do Marfim
5 Marrocos México Síria Benin Azerbaijão Malaui Gâmbia
6 Itália Ucrânia Grécia Filipinas China Guatemala  
7 Turquia Chile Itália Guiné-Bissau Irã China  
8 Tunísia Uzbequistão Afeganistão Indonésia Espanha Brasil  
9 Argélia Índia Tunísia Tanzânia França    
10 China França Espanha Brasil Chile    

Fonte: Adaptado da FAO (2017).

Cultivo de nogueira-pecã no mundo

Atualmente, a maior parte da área plantada com nogueira-pecã no mundo situa-se na América do Norte, principalmente nos Estados Unidos e México. Seu cultivo comercial vem sendo ampliado e ocorrendo em vários países de diferentes continentes, inclusive na América do Sul, principalmente no Uruguai, Argentina, Chile, Peru e Brasil. Desses, destacam-se em áreas de cultivo e envolvimento de produtores Brasil e Argentina.

A produção mundial de noz-pecã vem crescendo ao longo dos anos. Em 2004, a produção era próxima de 68 mil toneladas, chegando em 2017 com produção acima das 124 mil toneladas de nozes, representando um acréscimo de 74%. Apesar das flutuações produtivas ocorrerem de maneira mais evidente para essa frutífera, percebe-se uma estabilização nos últimos quatro anos, com produções acima de 110 mil toneladas de nozes.

A maior parte da área plantada com nogueira-pecã no mundo situa-se na América do Norte, principalmente nos Estados Unidos e México, com aproximadamente 159 mil e 112 mil hectares plantados, respectivamente. Ambos correspondem a 92% da produção mundial, enquanto que o restante se distribui na África e Oceania.

A produção de noz-pecã em 2015/16 foi de 62.915 mil toneladas nos Estados Unidos e de 51.300 toneladas no México, enquanto que na África do Sul foi de 8.250 toneladas e a na Austrália de 1.430 toneladas.

Vale ressaltar que a China vem se destacando no mercado mundial como um grande centro consumidor de noz-pecã, a ponto de muitos investimentos em países do Hemisfério Sul estarem ocorrendo para suprir esse mercado.

Noz-Pecã na América do Sul

Embora sejam estimativas, Argentina e Brasil possuem destacadamente as maiores áreas de cultivo com nogueira-pecã na América do Sul. De acordo com o INTA (Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária), na Argentina, a área de cultivo supera os seis mil hectares.

No Brasil, existem estimativas ainda maiores, chegando próximo dos oito mil hectares. É importante frisar que, em ambos os países, a maioria dos pomares encontra-se em fase inicial de implantação e produção, ou seja, árvores jovens que não atingiram seu potencial produtivo. No Uruguai e no Peru, as áreas de cultivo estão próximas dos mil hectares de cultivo com nogueira-pecã.

Comércio internacional e brasileiro de noz-pecã

O principal país importador de noz-pecã, em nível mundial, são os Estados Unidos da América, com aproximadamente 57,6% do mercado, seguidos do Canadá (10,4%), Holanda (7,1%), México (4,1%) e Inglaterra (6,2%). Esses países dominam mais de 80% do mercado importador mundial de noz-pecã.

O Brasil não se destaca internacionalmente entre os grandes importadores de noz-pecã.  No País, as informações sobre importação são descritas como nozes, e a noz-pecã faz parte, mas estima-se que a importação seja predominantemente de noz-europeia (Juglans regia). As nozes, nesse segmento, são os frutos importados em maiores quantidades pelo Brasil, seguidos majoritariamente pela avelã. 

Os principais países dos quais o Brasil importa nozes são Argentina, Chile, China e Estados Unidos.

Oferta x demanda

É evidente a grande lacuna existente no mercado brasileiro em relação à produção de noz-pecã, consistindo em grandes oportunidades de avanço no segmento produtivo. A ordem de importações oscila em torno dos três mil a cinco mil toneladas de nozes no período de 2005 a 2016, enquanto que as exportações não ultrapassam as 1.000 toneladas no mesmo período, indicando uma produção brasileira deficitária.

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