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Algas marinhas proporcionam benefícios à bulbificação da cebola?

Autores

Fabio Olivieri de Nobile
Doutor e professor – Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos (Unifeb)
fabio.nobile@unifeb.edu.br
Maria Gabriela Anunciação
Graduanda em Engenharia Agronômica – Unifeb
Crédito: IAC

A cebola é amplamente utilizada na culinária nacional, sendo de grande importância na alimentação do brasileiro, de forma que, junto ao tomate e à batata, forma a tríade das principais hortaliças cultivadas. Dessa maneira, é possível encontrar cultivo de cebola em todo o Brasil, especialmente na região sul do País, que é responsável por cerca de 50% da produção nacional, chegando a, aproximadamente, 1,5 milhão de toneladas.

É claro que, como todas as plantas cultivadas, a cebola tem suas condições ótimas de cultivo que vão proporcionar aumentos consideráveis na produção. Importante atentar-se às questões de temperatura, que vão implicar no desenvolvimento das plântulas e expansão das folhas, sendo de grande importância no aspecto fotossintético.

No entanto, a interação do comprimento do dia e temperatura interferem na bulbificação da cebola. Dessa maneiram é importante salientar que a cebola, no quesito de fotoperíodo, prefere dias longos.

Mitos e verdades

Saindo da vertente climática, existe uma série de insumos que visam melhorar as condições de plantio, otimizando o desenvolvimento e agregando melhorias ao ciclo da planta. É preciso levar em conta que a cebola, por se tratar de uma hortaliça, está presente em pequenas propriedades regidas, quase em sua totalidade, por agricultura familiar.

Dessa maneira, é preciso buscar insumos mais práticos e menos onerosos e, nesse sentido, o extrato de algas marinhas tem sido testado na cebola como meio de melhorar as condições de bulbificação.

Pesquisas

Diversos experimentos realizados em universidades brasileiras indicam que o extrato de diversas algas de variadas espécies promove melhorias na absorção de nutrientes e fotossíntese, incrementando a produtividade. Diversas são as culturas testadas, desde hortaliças até outras culturas produzidas em grande escala, como o feijão.

A agricultura vem utilizando muitas espécies de algas marinhas como bioestimulantes e fertilizantes naturais. Diversos compostos extraídos de macroalgas que apresentam atividades protetoras de plantas pertencem à classe dos polissacarídeos, importantes por apresentarem uma enorme variação estrutural, podendo conter raros carboidratos e grupamentos sulfatos.

Os polissacarídeos extraídos de algas marinhas são substâncias naturalmente ativas e possuem importantes aplicações. Ágar, carrageninas e fucoidanas são bem conhecidos por terem vasta aplicação na indústria alimentícia, farmacêutica e biotecnológica e, mais recentemente, na agricultura.

Manejo

A aplicação de extrato de algas pode ser via foliar ou direta no solo. Além disso, por conta da presença de hormônios, pode ser realizado até mesmo em tratamento de sementes visando melhorias na emergência e germinação, dependendo do manejo adotado.

Lembrando que pode ser feita uma integração de técnicas para reduzir os custos do produtor. O uso do extrato de algas não está ligado somente a melhorias diretas nas condições nutricionais da planta, mas também ao aumento de resistência a estresses abióticos. Dessa forma, ciente de que a cebola é altamente sensível às condições de temperatura e fotoperíodo, o uso de um indutor de resistência pode ser benéfico, causando bons reflexos de produtividade.

Benefícios

A composição dos extratos de algas é bem rica. Possui desde macro e micronutrientes até aminoácidos e hormônios, ou seja, é uma explosão nutricional que vai incrementar de forma orgânica a condição da planta.

O aumento de resistência está ligado ao estímulo enzimático do sistema antioxidante causado pelo composto de algas. Dessa maneira, há o aumento de resistência contra secas, salinidade e baixa fertilidade do solo, geadas e radiação solar. E vai além – no aspecto biológico há relatos de eficiência contra nematoides e doenças.

Para a cebola

A aplicação pode ser feita de diversas formas. Na cebola, bons resultados foram encontrados com aplicações semanais ou quinzenais em concentrações relativamente baixas de 3,0 ou 4,0 mL/L-1. Os resultados provenientes dessa aplicação proporcionaram aumentos de massa fresca e seca dos bulbos, melhorando até mesmo as condições de armazenamento.

Alguns extratos de algas já presentes no mercado recomendam o uso de 750 g.ha-1, sendo a primeira aplicação realizada entre duas e três semanas após o plantio, sendo repetidas de formas quinzenais ou semanais até a colheita, promovendo crescimento radicular e melhorias na conformação geral da cebola.

Em experimentos realizados com milho, a promoção do crescimento radicular foi enorme, então, é um manejo que deve ser estudado em diversos ramos da agricultura. Entretanto, é possível ver grande potencial na aplicação do extrato de algas, desde culturas menores até as commodities.


Atenção

Vale lembrar que os principais nutrientes exigidos pela cebola são o nitrogênio e o potássio, portanto, é aqui que reside um dos possíveis erros na hora de implantar a técnica de aplicação de extratos de algas.

São diversas as espécies de algas utilizadas para a preparação do extrato, é necessário, então, deve-se atentar à composição das algas, ao método de extração e ao uso de aditivos. O uso desbalanceado de nutrientes pode causar danos irreparáveis à sua cultura – um exemplo é o fornecimento exagerado de nitrogênio, que poderá aumentar a massa foliar, causando atrasos na bulbificação e até a promoção de fungos, uma vez que o autossombreamento criará um microclima favorável para a reprodução desses organismos.

Além disso, a presença de hormônios provenientes das algas pode causar retardos e problemas pós-colheita. Consulte sempre as informações nutricionais e integre adequadamente com o manejo já adotado na área para evitar problemas.


Custo e lucro envolvidos

Há grande flutuação de preço da cebola no mercado. Com o decorrer dos anos, os preços são ditados pela safra de cada Estado. Estima-se que, por hectare, o produtor consiga ter um lucro de, aproximadamente, R$ 2.000,00 dependendo da condição do mercado de insumos e comercialização.

No entanto, o uso do extrato de algas pode ser um diferencial, visto que diversos experimentos garantem a melhoria dos aspectos morfológicos. Além disso, o uso constante até a colheita pode diluir preços referentes aos fertilizantes utilizados na cultura.

O extrato de algas não é uma novidade “tão nova assim”. Diversas são as culturas em que esse composto já foi testado, e a maioria dos resultados foram positivos. Porém, é necessário estudar e disseminar mais a técnica e lembrar que é preciso observar o nível tecnológico da área e a condição fornecida.

Lembrando que existe uma interação entre nutrientes e hormônios e que, dependendo da quantidade, não necessariamente essa interação será benéfica, portanto, esteja sempre a par da composição nutricional do seu solo e consulte um engenheiro agrônomo que irá fornecer as quantidades corretas e necessárias de qualquer insumo utilizado durante o ciclo da cultura.

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