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Como é feita a esparramação do cisco no pós-colheita em cafeeiros?

Autor

José Braz Matiello
Engenheiro agrônomo do MAPA/Procafé
jb.matiello@gmail.com
Crédito Miriam Lins

A esparramação ou chegada de cisco é uma prática em cafezais que vem sendo deixada de lado nos últimos anos, devido ao desconhecimento da sua importância e da forma mais fácil para sua execução, objetivando seu menor custo. Esta é uma operação que visa retornar, para junto da linha de cafeeiros, os resíduos acumulados no meio da rua em função da colheita do café, sejam aqueles depositados pelo trabalho de arruação, sejam oriundos da própria colheita, como folhas, galhos, terra, frutos remanescentes etc.

A importância do retorno desses resíduos, mais conhecidos como ciscos, para debaixo da linha de cafeeiros, tem sido pouco estudada, porém, trabalho recente mostra que em três safras avaliadas, a média produtiva saltou de 35,2 sacas/ha para 43,9 sacas com a ‘chegada do cisco’, em experimento realizado em Araguari (MG) (Santinato et alli, in- Anais do 42º CBPC, 2016, p. 121). Portanto, um aumento de cerca de 25%, favorável à prática conhecida como ‘chegada mais dirigida do cisco’.

A evolução da técnica

Tradicionalmente, certo tempo após a colheita a esparramação do cisco era efetuada com a enxada, acoplando a mesma a uma capina do mato existente na ocasião. Hoje em dia, a chegada do cisco deve ser feita o quanto antes, após a varrição e recolhimento do café do chão.

A realização mais cedo é adequada porque os resíduos, constituídos de folhas, galhos, terra solta, etc., vão, também mais cedo, proteger o solo e economizar água junto aos cafeeiros, e logo estarão disponíveis para servirem de adubo para os cafeeiros.

Como funciona

Quanto ao processo de esparramação, atualmente, nas áreas mecanizáveis, verificou-se em trabalho avaliado na Fazenda Ouro Verde, em Bocaiúva (MG), que se pode efetuar a prática mais facilmente com o equipamento conhecido como “varre tudo” acoplado ao trator, existindo várias marcas no mercado.

É o mesmo equipamento usado para arruação, juntando/enleirando o cisco antes da colheita e para varrer os frutos de café, para seu recolhimento, e em seguida por outro equipamento. Ele é constituído de um conjunto de dois rastelos giratórios e de um sistema de ventilação.

No processo de esparramação, o modo operacional consiste em desligar o ventilador e, por meio de comando próprio, troca-se o sentido de rotação dos rastelos, que atualmente são acionados por motores hidráulicos, bastando inverter o fluxo de óleo e assim, rodando no sentido inverso, jogam para fora os resíduos existentes na rua, que vão parar junto e debaixo dos cafeeiros.

A velocidade operacional observada no campo varia conforme a quantidade de material a esparramar: a normal seria de cerca de 2,0 km por hora, mas existindo pouco material pode-se operar até com 5,0 km por hora, com rendimento de 1,0 a 1,5 ha por hora, considerando o tempo das manobras.

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