Autores
Antonio Santana Batista de Oliveira Filho – Mestrando em Produção Vegetal – FCAV/UNESP – a15santanafilho@gmail.com
Adriana Araujo Diniz – Professora adjunta II – Universidade Estadual do Maranhão (UEMA/CESBA) –adrisolos2016@gmail.com
Myrelly Nazaré Costa Noleto – Graduanda em Engenharia Agronômica – UEMA/CESBA myrellynoleto11@gmail.com
O boro (B) é considerado como um micronutriente que pode limitar a produção das brássicas, principalmente devido à baixa disponibilidade do elemento em determinados tipos de solos. Este elemento contribui na incorporação de cálcio na parede celular e diretamente no processo de expansão celular, tendo atuação também direta no crescimento e desenvolvimento dessas hortaliças (Alves et al., 2006).
A deficiência de boro induz sintomas visíveis na planta, como redução da expansão foliar, inibição da parte aérea e das raízes e até a morte das gemas terminais, encurtamento das folhas e frutos pequenos e folhas quebradiças, entre outros.
A aplicação de fertilizantes foliares (micronutrientes) tem aumentado em decorrência da sua eficiência e com o intuito de buscar produtividades cada vez maiores. Dentre suas vantagens está a utilização de dosagens menores do que as usadas via solo, distribuição fácil e uniforme e respostas mais rápidas das plantas (Calonego et al., 2010).
A eficiência das aplicações foliares tem dependência da solubilidade e da fonte de B utilizada e do íon acompanhante, em que fertilizantes com baixa solubilidade mantêm o suporte de nutriente nas plantas por mais tempo e evitam a toxicidade pós-aplicação (Macedo et al., 2016).
As brássicas
O repolho (Brassica oleracea) é uma herbácea cultivada principalmente na agricultura familiar brasileira. O clima mais adequado de cultivo é o temperado e úmido, podendo estas plantas serem classificadas como verdes ou roxas e terem textura lisa ou crespa.
Para que haja um aumento significativo na sua produtividade é necessário que haja controle dos fatores que limitam a sua produção. Dentre eles, está a disponibilidade nutricional, de forma a atender as exigências dessa cultura.
O repolho é uma das culturas que mais esgota os solos, por ter uma exigência nutricional elevada e também um sistema radicular robusto que possui alta capacidade de extração de nutrientes, havendo assim a necessidade de adubações frequentes.
Durante o ciclo de cultivo, adubações foliar são eficazes para suprir as necessidades nutricionais da planta, exigidas ao longo do desenvolvimento, possibilitando a disponibilidade do elemento em deficiência de forma rápida. Desse modo, a aplicação de boro via foliar em repolho se demonstra eficaz no suprimento do nutriente.
Benefícios proporcionados pelo boro
A aplicação de boro foliar propicia uma rápida reposta da planta, o que confere o restabelecimento do equilíbrio nutricional sem que sejam acarretados danos à produtividade, ao contrário da aplicação via solo, que em condições de deficiência pode não mais reverter os danos causados à produção.
O suprimento de boro via foliar para o repolho confere qualidade ao produto, resultando em cabeças compactadas e grandes. A deficiência do elemento poderá resultar em cabeças frouxas, conferindo menor qualidade ao produto e, consequentemente, uma menor rentabilidade à produção. Portanto, a aplicação desse micronutriente na cultura pode proporcionar aumento significativo nas variáveis de crescimento, refletindo na produtividade final.
Como implantar a técnica
[rml_read_more]
Primeiramente, necessitam-se de avaliações cuidadosas, para definir se existe deficiência e a necessidade de aplicação, estabelecendo a dose e o produto a ser utilizado, sempre salientando a importância de planejamento, recomendado por um engenheiro agrônomo.
Durante a aplicação, deve-se utilizar pulverizadores de qualidade de forma a prevenir a formação de gotas na folha, contribuindo para a maximização da quantidade de gotículas que grudarão nas folhas de forma homogênea e assim serem absorvidas.
O maquinário de aplicação, independentemente da tecnologia utilizada, deve ser devidamente limpo e isento de impurezas que possam entupir ou dificultar a chegada das gotas até a folha, comprometendo assim a eficácia na aplicação do produto. Tomar cuidado com maquinário contaminado com resíduos de aplicações de outros produtos, o que poderá gerar resultados insatisfatórios na aplicação.
Aplicações muito grosseiras, que causam gotejamento, consequentemente desperdício e diminuição dos resultados esperados, devem ser evitadas. Misturar bem o produto na água e aplicar o mais vaporizado possível também contribui para uma melhor absorção.
A aplicação deve ser feita quando as folhas da planta estiverem túrgidas, levando em consideração condições ambientais de clima, como temperatura e umidade.
Produtividade
A adubação foliar de boro é um propulsor da produção, sendo o elemento essencial para o desenvolvimento vegetal, mesmo que exigido em pequenas quantidades.
A adubação foliar com boro no repolho pode garantir diversos benefícios, como os já citados anteriormente, consequentemente garantindo maior produtividade, já que as plantas terão cabeças bem desenvolvidas e de aparência favorável ao consumidor, garantindo um maior benefício.
Silva et al. (2014), ao avaliarem a aplicação de ácido bórico em repolho, constataram que na dose de 6,8 kg ha-1 houve um acréscimo de aproximadamente 40% de produtividade da cultura.
Silva et al. (2012), ao avaliarem a produtividade e desenvolvimento de cultivares de repolho em função de doses de boro, perceberam que a cultivar, aos 60 dias, apresentou maiores valores nos componentes de produção e, consequentemente, maior produtividade.
A aplicação de boro influenciou o número de folhas da cabeça do repolho e as doses de boro interferiram na produtividade do repolho.
O repolho responde significativamente à adubação foliar de boro, obtendo melhor produtividade (Pizzeta et al., 2005), e a adubação com o micronutriente é fundamental para a formação e fechamento da cabeça (Basilio; Benett, 2014).
Erros mais frequentes
Os erros mais frequentes que podem afetar a eficiência da adubação foliar são: a escolha errada do fertilizante a ser aplicado, quantidade indevida do fertilizante, aplicação no momento e hora errada, ou seja, não se preocupar com as diferentes fases da cultura, que possuem necessidades diferentes, por isso, não obtêm a melhor resposta em eficiência a esse tipo na adubação. E, ainda, aplicar em momentos com condições climáticas inadequadas e utilizar equipamento contaminado com outros produtos.
Outros erros frequentes são: dissolver adubos comuns e aplicá-los via foliar, não solicitar ajuda de um profissional da área, achar que os fertilizantes possuem composição química igual e não ler o rótulo dos fertilizantes.
Os erros podem ser evitados adotando as seguintes medidas:
– Análise foliar e diagnóstico preciso da necessidade de aplicação;
– Aplicar em condições climáticas adequadas;
– Utilizar equipamento de aplicação limpo e inseto de contaminantes;
– Ter auxílio de um profissional para recomendação.