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Limão: Correto manejo nutricional

Autores

Fernando Simoni Bacilieriferbacilieri@zipmail.com.br 

Roberta Camargos de OliveiraEngenheiros agrônomos e doutores em Produção Vegetal – ICIAG-UFU robertacamargoss@gmail.com

Limão – Fotos: Shutterstock

As necessidades nutricionais de qualquer planta são determinadas pela quantidade de nutrientes que ela extrai durante as diferentes fases fenológicas. Esta extração total dependerá do rendimento obtido e da concentração de nutrientes nos frutos e nas partes que compõem a planta, ou seja, raiz, caule, folhas, etc.

O limoeiro é considerado exigente em nutrientes, assim como outras espécies cítricas comerciais, por isso, é fundamental que o nutriente seja colocado à disposição para a planta em tempo e local adequados, por meio das adubações.

Grupos

Os elementos essenciais para a nutrição vegetal são divididos em dois grandes grupos. Dependendo das quantidades exigidas, são considerados macronutrientes nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S) ou micronutrientes boro (B), cloro (Cl), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo), níquel (Ni) e zinco (Zn), sendo eles indispensáveis no desenvolvimento das plantas em suas funções, pois o crescimento e a produção podem ser limitados.

Além dos nutrientes, existem elementos que estimulam o crescimento das plantas, embora não essenciais ou então essenciais somente para algumas espécies de plantas, ou ainda, sob condições específicas, comumente chamados de elementos benéficos. Podem ser classificados como elementos benéficos o cobalto, selênio, silício, sódio e o titânio.

Manejo certo

Manejar adequadamente a adubação consiste em efetuar um conjunto de decisões que envolvem a definição das doses e das fontes de nutrientes a serem utilizadas, bem como as épocas e as formas de aplicação de corretivos e adubos ao solo e a planta, visando à máxima eficiência técnica e econômica em relação às condições de solo e de cultivo.

Desta forma, para o manejo nutricional do limoeiro é indispensável fazer a análise química de solo para conhecimento dos níveis de nutrientes e dos fatores que influenciam na disponibilidade dos mesmos às plantas, como teor de matéria orgânica, saturação de bases, capacidade de troca catiônica, teor de alumínio e pH.

A correção do solo por meio da prática da calagem tem grande importância, uma vez que o limoeiro apresenta maiores produtividades na faixa de pH entre 6,0 e 7,0, com saturação de bases mínima de 70% e teor de Mg mínimo de 9 mmol/dm3. Antes da formação do pomar, o calcário deverá ser aplicado na área total com bastante antecedência ao plantio das mudas, procurando incorporá-lo o mais profundamente possível. Para pomares já instalados, o calcário deverá ser aplicado também na área total, e pode ser incorporado com grade.

Gessagem

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Outra prática corretiva de solo relevante para limoeiro é a gessagem, que possibilita a neutralização do alumínio tóxico e a melhor distribuição de nutrientes em profundidade, favorecendo o desenvolvimento do sistema radicular, além de fornecer S, que é um dos elementos mais exigidos para boas produtividades da cultura.

Quanto aos métodos de aplicação, os nutrientes podem ser fornecidos via solo e através da adubação foliar, com pulverizações na parte aérea das plantas. Para a adubação via solo, é possível utilizar os fertilizantes via fertirrigação, incorporados ou em cobertura, sendo as quantidades definidas considerando os níveis de nutrientes observados na análise química de solo, a idade das plantas e a produtividade desejada.

Nessa modalidade de aplicação, tem-se uma atenção especial com os macronutrientes nitrogênio, fósforo e potássio. Atualmente, existem no mercado tecnologias que aumentam a eficiência dos nutrientes, como fertilizantes de liberação lenta, fertilizantes de liberação controlada, fertilizantes organominerais, entre outros.

Do plantio a colheita

Antes do plantio, faz-se uma adubação com fontes de P, B e Zn nos sulcos que receberão as mudas com a quantidade definida de acordo com a análise de solo para todas as variedades de copas. Uma referência que pode ser utilizada é a elaborada por Quaggio et al (1997) na Tabela a seguir.

P resina mg/dm3 B (água quente) Zn (DTPA)
0-5 6 a 12 13-30 >30   0,0 -0,20 >0,20   0-1,2 >1,2
P2O5 B Zn
80 60 40 20   1 0   2 0

Na adubação de plantio também é recomendado aplicação de matéria orgânica. Para definição de fontes e quantidades os agricultores devem prioridade a materiais disponíveis mais próximos da propriedade uma vez que o frete encarece os custos para utilização.

Uma praticidade encontrada no mercado são os fertilizantes à base de ácidos húmicos e fúlvicos, que também funcionam como condicionadores de solos e podem complementar ou substituir as fontes convencionais.

Adubação de formação

Na etapa de formação do pomar as doses de nutrientes indicados serão de acordo com a análise de solo e idade das árvores conforme tabela abaixo elaborada por Quaggio et al (1997).

Idade Nitrogênio P resina mg/dm3 K trocável mmol/dm3
0-5 6-12 13-30 >30 0-0,7 08-1,5 1,5,5-30 >3,0
Anos N g/planta P2O5 g/planta K2O g/planta
0-1 80 0 0 0 0 20 0 0 0
1-2 160 160 100 50 0 80 60 0 0
2-3 200 200 140 70 0 150 100 60 0
3-4 300 300 210 100 0 200 140 70 0
5-5 400 400 280 140 0 300 210 100 0

Empregar o P de preferência em dose única, no período de julho-agosto. Parcelar N e K em quatro vezes, entre setembro e março. Em plantas com idade de 0-1 ano, localizar os adubos ao redor da coroa, num raio de 0,5 m; em plantas com idade de 1 a 2 anos, aumentar o raio para 1 ,5 m.

Em plantas com idade superior a 2-3 anos, aplicar os fertilizantes nos dois lados da planta, em faixas, de largura igual ao raio da copa, sendo 2/3 dentro e 1/3 fora dela.

A diagnose visual de deficiências nutricionais e análise química das folhas são excelentes ferramentas para determinação do estado nutricional dos pomares. No caso da diagnose visual, um dos problemas é o fato de que quando aparece um sintoma de deficiência provavelmente a produtividade já foi prejudicada.

A análise química das folhas deve ser realizada porque ela permite saber, com precisão, como está a situação nutricional das plantas e evitar gastar mais do que o necessário com fertilizantes.

Composição mineral

Convém saber que diversos fatores são capazes de modificar a composição mineral das folhas de citros, como idade da planta, presença ou ausência de frutos próximos da folha, variedade da copa e do porta-enxerto, época do ano, clima, práticas culturais e processos fisiológicos. Para reduzir os erros na utilização da análise de folhas, recomenda-se:

Ü Coletar folhas apropriadas com quatro meses de idade, em ramos com frutos, e de quatro a sete meses nos ramos sem frutos, com tamanho médio e livres de pragas e doenças.

Ü Fazer a coleta em volta de toda a copa, a uma altura média entre a parte superior e a base.

Ü Não misturar amostras de folhas colhidas de ramos frutíferos com as de não frutíferos.

Ü Uma área de 2,5 ha é representada por 100 folhas coletadas em quatro ou cinco ramos de 20 a 25 árvores. Em pomares maiores e uniformes, cada amostra pode corresponder a cinco ou até l0 hectares.

Ü Acondicionar as folhas coletadas de papel ou plástico e levar ao laboratório no mesmo dia. Caso não seja possível, guardá-las em geladeira sem congelar.

Fotossíntese

Assim como as raízes, as folhas das plantas também possuem mecanismos de absorver os nutrientes em sua superfície e mobilizarem para o interior do vegetal, sendo utilizado nas funções fundamentais das plantas, em especial, a fotossíntese.

A velocidade de absorção via foliar varia conforme o nutriente (polaridade, raio iônico e concentração), a cultura (superfície da folha, polaridade e cerosidade) e o ambiente (temperatura, umidade e ventos). A aplicação segue em mesmos equipamentos utilizados pelos produtores na aplicação de outros produtos (herbicidas, inseticidas e fungicidas).

Adubação foliar

Existem diferentes objetivos para a prática da adubação foliar. Um deles é a adubação foliar corretiva, realizada quando deficiências nutricionais são constatadas para evitar maiores prejuízos.

Já a adubação foliar preventiva é adotada em períodos de maior exigência nutricional da cultura, como no florescimento ou em condições ambientais que limitam a absorção via solo. Outra forma de adubação foliar é a complementar, que pode ser empregada fornecendo parte dos nutrientes para suplementar o que foi fornecido via solo.

Por fim, o último tipo de adubação foliar é a estimulante, que utiliza biofertilizantes compostos por matérias-primas como aminoácidos, extratos de algas, substâncias húmicas, reguladores vegetais e microrganismos.    

Adubação de produção

As quantidades a aplicar baseiam-se no teor total de N nas folhas, nos teores de P e K em solos e nas faixas de produtividades esperadas, conforme tabela a seguir, elaborada por Quaggio et al (1997).

Recomenda-se parcelar os fertilizantes em três aplicações: 40% em setembro a outubro, 30% em dezembro a janeiro e 30% em março a abril. Opcionalmente, o P pode ser aplicado de uma só vez em setembro-outubro. Aplicar os adubos nos dois lados da planta, em faixas de largura igual ao raio da copa, sendo 2/3 dentro e 1/3 fora dela.

Produtividade N nas folhas g/kg P resina mg/dm3 K trocável mmol/dm3
<23 23-27 29-30 >30 0-0,5 06-12 13-30 >30 0-0,7 08-1,5 1,5,5-30 >3,0
t ha-1 Dose de N kg ha-1 Dose de P2O5 kg ha-1 Dose de K2O kg ha-1
<16 90 70 60 40 50 40 20 0 60 40 30 0
17-20 100 80 70 50 70 50 30 0 70 50 40 0
21-30 140 120 90 60 90 70 40 0 90 70 50 0
31-40 190 180 130 90 130 100 50 0 120 100 70 0
41-50 240 200 160 110 180 120 60 0 160 120 90 0
>50 280 220 180 130 180 140 70 0 180 140 100 0

Erros

Uma das falhas na definição das adubações é quando citricultor fica preso a questões de mercado, e em anos de baixo valor do limão reduz o investimento em fertilizantes, sem considerar que isso irá afetar a produtividade dos pomares nos anos seguintes e também irá causar desequilíbrio ou deficiências nutricionais que deixarão as plantas mais suscetíveis ao ataque de pragas e doenças, onerando o custo com tratamento fitossanitário.    

O modelo de agricultura atual exige aplicação de conhecimentos integrados acerca dos sistemas de produção para assegurar a obtenção de rendimentos compensadores e sustentáveis. Os ganhos obtidos com melhorias no manejo nutricional podem ser diretos e indiretos, ao considerar o aumento no desenvolvimento das plantas, crescimento acelerado e produtividade final, bem como a sanidade de plantas com aumento na capacidade de suportar ataque de pragas, doenças e estresses ambientais.

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