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Como cultivar pimentas Capsicum

Autores

Cleide Maria Ferreira Pinto Engenheira agrônoma, doutora e pesquisadora – Embrapa/Epamigcleide@epamig.br

Sérgio Maurício Lopes Donzele Engenheiro agrícola, doutor e pesquisador da Epamigsergio.donzeles@gmail.com

Pimenta – Crédito: Shutterstock

A diversidade de propriedades benéficas presentes nas pimentas do gênero Capsicum e sua grande aplicação na culinária, indústria de alimentos, farmacologia, odontologia, medicina, entre outras e, mais recentemente, sua utilização como planta ornamental, indicam a grande importância do seu cultivo para o agronegócio.

A oleorresina extraída da pimenta (concentrado oleoso), um corante natural utilizado na indústria de alimentos para corrigir ou intensificar a cor de certos produtos e também como flavorizante, é um produto supervalorizado no mercado nacional e internacional. A páprica, pó de coloração vermelha obtido pela moagem de frutos desidratados de pimenta e de pimentão, é um dos condimentos mais consumidos no mundo.

Benefícios

As pimentas do gênero Capsicum apresentam expressiva importância econômica e social para o agronegócio mundial. Os dados disponíveis de produção mundial de Capsicum englobam pimentas e pimentões. Em 2018, a produção mundial foi de 40,9 milhões de toneladas em uma área cultivada de 3,8 milhões hectares.

Os principais produtores foram: China (45,3%), México (8,4%), Turquia (6,3%), Indonésia (6,2%), Índia (4,6%), Espanha (3,1%), Nigéria (2,0%), Egito (1,9%), Estados Unidos (1,7%), Argélia (1,6%) e Tunísia (1,1%).

Com relação ao Brasil, estatísticas de produção de Capsicum sp não se encontram disponibilizadas nos informativos da FAO, mas estima-se que a área de produção seja de 13.000 ha, com produção anual de cerca de 280.000 t. Acredita-se que são, aproximadamente, 5 mil hectares de área cultivada de pimenta por ano, gerando uma produção de 75 mil toneladas.

Minas Gerais é o principal Estado produtor de pimentas, seguido por São Paulo, Goiás, Ceará e Rio Grande do Sul. A produção mineira de pimenta, em 2019, foi de 2.898 t.

A Centrais de Abastecimento de Minas Gerais S/A (CeasaMinas), no ano de 2019, em todas as suas unidades, comercializou, aproximadamente, 1.095 t de pimenta fresca, no valor de R$ 9.383.351,39, sendo 99,3% procedentes de Minas Gerais e o restante de São Paulo e Goiás.

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Nas Centrais de Abastecimento de São Paulo-Ceagesp foram comercializadas 6.330 t de pimenta de diversas variedades, em 2017, e nas Centrais de Abastecimento de Goiás, em 2017, foram comercializadas 1,05 t a R$ 11 milhões.

Exigências climáticas e épocas de plantio

A pimenteira requer temperaturas elevadas em todo o ciclo, é sensível a baixas temperaturas e intolerante a geadas. As temperaturas médias mensais ideais situam-se entre 21 e 30ºC. Em baixas temperaturas há redução da germinação, estiolamento de folhas maduras, murchamento de partes jovens e crescimento lento. Em temperaturas acima de 35ºC o vingamento de frutos é prejudicado, especialmente com umidade relativa do ar baixa ou ventos secos.

A temperatura afeta a qualidade dos frutos, especialmente o teor de açúcares e de vitamina C, bem como a intensidade das cores vermelha e amarela, que são maiores em temperaturas elevadas. Baixas temperaturas podem afetar também a pungência (ardência) dos frutos. Frutos de pimenteira cultivada na primavera-verão são mais pungentes que os de plantas cultivadas no outono-inverno.

No Brasil, as pimentas são cultivadas tanto em regiões de clima quente quanto frio. Nas regiões serranas, com altitude acima de 800 m e temperatura amena, a semeadura é feita nos meses de agosto a fevereiro; entretanto, a época mais apropriada é de setembro a novembro.

Nas regiões que apresentam inverno ameno, principalmente aquelas de menor altitude (inferior a 400 m), a semeadura pode ser feita o ano todo.

Escolha da área, preparo do solo e calagem

Em regiões de relevo acidentado, as áreas indicadas para cultivo da pimenta são as de meia-encosta, de pequena declividade. Os solos mais indicados são aqueles de textura média (argilo-arenoso), devendo-se evitar solos argilosos ou arenosos.

O bom preparo do solo facilita o enraizamento e o pegamento das plantas. Em áreas de encosta, devem-se demarcar no terreno curvas de nível espaçadas uma da outra de 20 a 30 m; realizar a aração sempre paralelamente às curvas de nível e uma ou duas gradagens para quebrar os torrões; abrir sulcos de plantio, espaçados de 1,20 a 1,50 m com 20 cm de profundidade, também paralelos às curvas de nível, o que ajuda no controle da erosão.

Se for utilizado o arado de tração animal para o sulcamento, a terra retirada do sulco deverá ser acumulada do lado de baixo do sulco.

A faixa ideal de pH para o desenvolvimento da pimenteira está entre 5,5 e 6,5. A acidez elevada do solo pode causar uma série de problemas para a lavoura, tais como: teores elevados de alumínio e de manganês, o que reduz drasticamente a produção; deficiência de cálcio, magnésio, fósforo e de outros nutrientes indispensáveis para o bom crescimento, desenvolvimento e produção das plantas. A recomendação de calagem, com base na análise química do solo, deve ser feita por um agrônomo.

Diferença entre variedade e híbrido

Variedade e híbrido são, muitas vezes, utilizados como sinônimos na agricultura, mas representam tipos diferentes de sementes. Variedades são plantas geradas por cruzamento natural (polinização aberta, natural), entre plantas da mesma linhagem, tendo sido obtidas pela simples seleção de plantas com características desejáveis e são plantas mais heterogêneas entre si.

Entretanto, as sementes colhidas de plantações de variedades expressam características semelhantes às dos pais, permitindo a utilização das sementes geradas para o próximo plantio. Os híbridos são obtidos pelo cruzamento forçado (polinização induzida) entre duas plantas de linhagens puras diferentes, possuindo características homogêneas entre si, mas diferentes dos pais.

Sementes colhidas de plantações de híbridos geralmente não possuem as mesmas características desejáveis dos pais, não sendo recomendável o seu plantio em produções comerciais e, por isso, ao optar pelo plantio de variedades hibridas há necessidade de comprar sempre sementes novas, que são mais caras.

As vantagens do plantio de sementes híbridas começam pelo alto leque de resistência a uma série de doenças que afetam as culturas, passando pelo ganho expressivo de produtividade.

Regionalismo

No Brasil, são cultivadas pimentas de vários tipos, nomes, tamanhos, cores, sabores e pungência (ardume). A pimenta Cumari ou pimenta passarinho (Capsicum baccatum var. praetermissum) é comum na região sudeste. A pimenta Dedo-de-moça (Capsicum baccatum var. pendulum) é uma das mais consumidas no Brasil, especialmente em São Paulo, Rio Grande do Sul e Goiás.

As pimentas-de-cheiro (Capsicum chinense), muito cultivadas no Norte do País, destacam-se pela grande variedade de cores dos frutos: amarelo, amarelo-leitoso, amarelo-claro, amarelo-forte, alaranjado, salmão, vermelho e até preto.

A pimenta Murupi (C. chinense) tem como principais produtores os Estados do Amazonas e Pará. A pimenta Bode (C. chinense) é cultivada principalmente na região centro-oeste do Brasil. A pimenta Biquinho, conhecida como pimenta-de-bico (sem ardume), também C. chinense, é muito cultivada em Minas Gerais. A pimenta Malagueta (Capsicum frutescens) é cultivada em todo o País, porém, destaca-se a produção de Minas Gerais.

Por meio do Programa de Melhoramento Genético de Capsicum da Embrapa Hortaliças, foram desenvolvidas as pimentas BRS Sarakura, BRS Garça e BRS Ema, do tipo Jalapeno e a BRS Brasilândia, todas da espécie C. annuum var. annuum; a BRS Mari, do grupo tipo Dedo-de-moça (C. bacatum var. pendulum); a BSR Moema, do grupo pimenta Biquinho (C. chinense); a BRS Seriema (C. chinense) do grupo pimenta Bode; a BRS Jandaia (BRS Nandaia) e BRS Juriti (C. chinense), pimentas do grupo Habanero.

Atualmente, no País, há produtores cultivando e processando pimentas extremamente ardidas (C. chinense) como as pimentas Trinidad Moruga Scorpion, Bhut Jolokia, Trinidad Scorpion, Douglah Trinidad Chocolate, Trinidad 7-pot Jonah e Carolina Reaper, denominadas pimentas nucleares.

Tratos culturais

É recomendável que os produtores de pimenta comprem sementes de empresas credenciadas, o que garante a qualidade e a sanidade do material adquirido. Para produzir mudas de pimenta, a semeadura deve ser em bandejas de isopor de 128 células, preenchidas com substrato comercial, com duas ou três sementes por célula. As bandejas devem ser colocadas em ambiente protegido, com cobertura de plástico e com lateral telada, para evitar a entrada de insetos.

Quando as mudas apresentarem pelo menos duas folhas definitivas, deve-se fazer o desbaste com tesoura, eliminando-se as menos vigorosas, deixando-se apenas uma plântula por célula. Evitar arrancar as mudas excedentes, o que pode abalar as raízes das que devem permanecer.

Dicas importantes

O nível de umidade deve ser mantido, realizando-se uma a três irrigações por dia. A quantidade de água deve ser o suficiente para iniciar o escorrimento na parte inferior da bandeja.

O excesso de água deve ser evitado, pois provoca perda de nutrientes do substrato e pode favorecer o crescimento de algas, musgos e o aparecimento de doenças. A falta de água provoca aumento da salinidade, endurecimento do substrato e, em casos severos, morte das plântulas. A irrigação deve ser uniforme, a pouca altura e com gotas pequenas, preferencialmente por microaspersão ou nebulização. Pode ser efetuada com regador de crivos finos.

De sete a 10 dias antes do transplante, deve-se efetuar o endurecimento das mudas. Esse processo consiste na redução gradativa da água aplicada e, se possível, no aumento da insolação até atingir plena luz do sol.

Esse procedimento tem o objetivo de adaptar melhor as mudas às condições do local de cultivo definitivo, contudo, não pode ser muito prolongado, pois poderá dificultar a recuperação posterior das plantas. A redução da irrigação eleva o teor de massa seca na planta, o que favorece a retomada do desenvolvimento após o estresse provocado pelo transplante.

A diminuição na turgescência também facilita o manuseio e reduz os danos mecânicos. Deve-se fazer uma irrigação imediatamente antes do transplante, com as mudas ainda na bandeja e/ou logo após o transplante, com as mudas já no solo.

O ideal é que o transplante seja feito quando as mudas apresentarem de seis a oito folhas definitivas, cerca de 10 a 15 cm de altura, o que acontece, aproximadamente de 50 a 60 dias após a semeadura para a maioria das espécies de pimenta. A retirada das mudas das bandejas é feita segurando-as pelo colo e puxando-as para fora.

Todo o substrato deverá sair aderido às raízes. Para as mudas produzidas em sacos plásticos, corta-se o plástico e procede-se o plantio das mudas com o torrão. As mudas formadas em sementeira devem ser transplantadas com o máximo de solo aderido às raízes.

Plantio

O plantio da pimenta pode ser feito tanto em covas como em sulcos; todavia, em sulcos proporciona maior facilidade de aplicação e incorporação dos fertilizantes. Os sulcos de plantio feitos em nível também ajudam no controle da erosão do solo e auxiliam no caso de irrigação por sulco.

Ao serem transplantadas, as mudas devem ser enterradas no sulco, na mesma profundidade em que se encontravam antes. Os espaçamentos dos sulcos de plantio ou das covas são definidos em função do tipo de crescimento da planta de pimenta, região ou época de plantio e ciclo da cultura.

Considerando que a pimenteira pode ser conduzida como um arbusto semi-perene, com ciclo maior que 12 meses, e que há pimenteiras de altura e diâmetro diversos, o espaçamento deve variar de 1,20 a 1,50 m entre fileiras e de 0,70 a 1,00 m entre plantas. Espaçamentos muito estreitos conservam mais umidade, no entanto, facilitam o ataque de patógenos e dificultam os tratos culturais e a colheita.

Adubação

A necessidade de fertilizantes para a cultura da pimenta deve ser calculada com base nas características químicas do solo, no tipo de irrigação e na produtividade esperada. Deve ser feita análise química anual de solo, dois a três meses antes do plantio. A quantidade de fertilizantes indicada deverá ser distribuída uniformemente no sulco ou na cova de plantio.

Muitas vezes, a quantidade de adubo a ser aplicada no plantio é determinada com base em boletins publicados para alguns Estados ou regiões. Como na maioria desses boletins não existem recomendações para pimenta, utilizam-se estas para o pimentão.

Apesar de as aproximações auxiliarem o produtor quanto às quantidades e tipos de adubos a serem utilizados, este terá maiores chances de acerto, ao fazer a análise química anual de solo, dois a três meses antes do plantio. A quantidade de fertilizantes indicada deverá ser distribuída uniformemente no sulco ou na cova de plantio.

Para a Zona da Mata mineira, sugere-se aplicar 20 t/ha de esterco bovino curtido ou 5,0 t/ha de esterco de galinha curtido no sulco de plantio. Certos nutrientes, como o potássio e, principalmente, o nitrogênio, estão sujeitos a perdas no solo algum tempo após a sua aplicação.

Por isso, recomenda-se fazer a adubação nitrogenada e potássica de forma parcelada, para aumentar a sua eficiência. As adubações nitrogenadas devem ser feitas com o solo úmido, aplicando-se de cada vez 300 kg/ha de sulfato de amônio ou 140 kg/ha de ureia, nas seguintes épocas: no florescimento; na maturação dos primeiros frutos; aos 30 a 45 dias da maturação dos primeiros frutos; aos 30 a 45 dias da terceira aplicação.

Esta última aplicação pode ser suprimida se as plantas apresentarem bom desenvolvimento e ausência de amarelecimento das folhas mais velhas. Aplicar 80 kg/ha de cloreto de potássio, junto com a primeira adubação de nitrogênio de cobertura.

Em cobertura, até a fase de florescimento, as adubações são feitas com adubo nitrogenado e, durante a frutificação, com uma mistura de adubo nitrogenado e potássico, em intervalos de 30-45 dias. Como a colheita das pimentas pode se prolongar por mais de um ano, as adubações de cobertura devem ser feitas até o final do ciclo com base em observações no crescimento da planta e no aparecimento de sintomas de deficiências nutricionais.

A puerária (Pueraria phaseoloide), o calopogônio (Calopogonium mucunoides) e a crotalária (Crotalaria juncea), usados como adubos verdes em consórcio com a pimenta, promovem o desenvolvimento da planta e proporcionam produtividade semelhante à obtida com a adubação nitrogenada mineral.

Irrigação

A irrigação é determinante na produção comercial da pimenteira em regiões com precipitação escassa ou mal distribuída. A necessidade total de água da cultura é variável, pois, além das condições climáticas, depende do tipo de pimenta e da duração do ciclo de desenvolvimento.

Do transplante até o pleno pegamento das mudas, que dura cerca de uma semana, as regas devem ser diárias para solos de textura grossa, a cada dois dias para solos de textura média e a cada três dias para solos de textura fina.

No período entre o estabelecimento inicial das plantas e o florescimento pleno (estádio vegetativo), a ocorrência de déficits hídricos tem efeito negativo na produção da pimenteira. Irrigações excessivas, tanto neste quanto nos estádios seguintes, favorecem maior ocorrência de doenças, além de aumentar a lixiviação de nutrientes, em especial de nitrogênio na forma de nitrato.

A frutificação é o estádio mais crítico à deficiência de água. Nesta fase, a deficiência de água pode provocar a queda e o abortamento de flores e frutos, além de reduzir o tamanho do fruto maduro. O estádio de maturação é o menos sensível à deficiência de água no solo. Irrigações menos frequentes durante o estádio de maturação resultam em frutos mais vermelhos e de maturação mais uniforme.

Manejo de pragas

O ácaro-branco (Polyphagotarsonemus latus) é uma das principais pragas da pimenta e de ocorrência frequente na maioria das áreas produtoras de pimenta do Brasil. Devido ao seu tamanho diminuto (0,17 mm), a sua presença é frequentemente despercebida no campo, sendo detectada somente quando a população já atingiu nível de dano econômico, danificando severamente as plantas.

Os sintomas são: sucção do conteúdo celular das folhas, de preferência na parte apical das plantas, nos brotos terminais; folhas coriáceas, bordos recurvados ventralmente, coloração bronzeada, deformidades e queda nas flores e frutos.

O desenvolvimento do ácaro é favorecido pela combinação de temperatura e umidade altas, associadas à baixa luminosidade. Recomenda-se pulverizações com calda sulfocálcica a 1%. Esta calda mostrou eficiência na redução populacional do ácaro-branco quando pulverizadas sobre plantas de pimenta Malagueta.

Dependendo da dosagem, pode apresentar fitotoxicidade e afetar negativamente algumas espécies de inimigos naturais e, por isso, recomenda-se que o uso seja criterioso dentro das especificações técnicas para cada espécie de praga. No controle biológico natural, o ácaro Amblyseius herbicolus, uma das espécies mais abundantes na Zona da Mata mineira, é um predador com alta capacidade de consumo do ácaro-branco P. latus.

Pulgões (Myzus persicae e Aphis gossypii) têm como sintomas: sucção da seiva das folhas e dos ramos novos; enrolamento e encarquilhamento de folhas atacadas; brotos tornam-se curvos e achatados; retardamento do crescimento da planta.

Além disso, os pulgões podem transmitir o vírus do mosaico-do-pimentão. Recomenda-se telados em viveiros, evitar plantios próximos a pimentais antigos, a eliminação de restos de cultura contaminada e pulverização das plantas com produtos à base de nim.

Em plantas de pimenta previamente pulverizadas com 0,5 e 1% do extrato de sementes de nim, houve efeito inseticida sobre o pulgão M. persicae. No controle biológico dos pulgões, os predadores Cycloneda sanguinea L., Eriopis connexa, Chrysoperla externa, Ceraeochrysa cubana e sirfídeos têm sido encontrados com frequência em plantações de pimenta da Zona da Mata de Minas Gerais.

A broca-do-fruto-da-pimenta (Symmetrischema dulce) é um dos insetos-praga mais importantes da pimenta, com ocorrência na maioria das regiões produtoras com sérios prejuízos à produção. Os frutos atacados desprendem-se da planta tão logo é iniciada a maturação. Os orifícios de saída das larvas servem como via de entrada para moscas. Recomenda-se catação e destruição de frutos caídos.

A mosca-branca (Bemisia tabaci e B. argentifolii) põe ovos na face inferior das folhas e as ninfas passam a sugar a seiva das folhas. Os danos são diretos, devido à sucção de seiva e ao favorecimento do aparecimento da fumagina (semelhante aos pulgões), e indiretos, devido à transmissão de viroses. Recomenda-se o plantio de faixas de sorgo ou milho ao redor dos talhões (barreiras vivas), antes da implantação da cultura e pulverizações com produtos à base de nim.

Controle alternativo

Em geral, a rotação de culturas com plantios alternados de espécies não solanáceas é uma prática que evita que as pragas completem seu ciclo de vida sucessivas vezes na mesma área. A manutenção de áreas com plantas espontâneas, ao redor dos cultivos de pimenta, auxilia no controle biológico de pragas, pois essas plantas, a exemplo da crotalária, fornecem alimento alternativo e outros recursos para os inimigos naturais.

Barreiras vivas perpendiculares à direção predominante do vento e, quando possível, rodeando a lavoura de pimenta, impedem ou retardam a entrada de adultos da mosca-branca e de insetos vetores de viroses na cultura da pimenta e a eliminação de plantas de pimenta na área de cultivo (incorporar os restos da cultura a pelo menos 20 cm de profundidade), após a colheita, evita que se tornem focos de multiplicação para ácaros e insetos.

No Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) existem acaricidas registrados para controle do ácaro-branco e inseticidas para o controle da mosca-branca, pulgão e tripes. Entretanto, o controle químico deve ser evitado e, se for opção, o produtor deve fazê-lo após uma avaliação técnica e com a devida receita expedida por um engenheiro agrônomo.

Colheita e embalagem

De maneira geral, as primeiras colheitas são feitas a partir de 90 dias após a semeadura para as pimentas mais precoces, como a pimenta Murupi, e após 120 dias para as mais tardias, como a pimenta Malagueta.

O ponto ideal de colheita é determinado visualmente, quando os frutos atingem o tamanho máximo de crescimento e o formato típico de cada espécie, com a cor demandada pelo mercado. As pimentas são colhidas manualmente, arrancando-se os frutos das plantas com ou sem pedúnculos, dependendo do tipo de pimenta e do mercado de destino.

Os frutos colhidos devem ser manipulados com cuidado para evitar danos mecânicos, o que reduz a sua durabilidade pós-colheita. Para as pimentas destinadas à indústria de molhos e conservas, são retirados os pedúnculos dos frutos na lavoura e armazenadas em recipientes plásticos como bombonas ou polietileno tereftato (PETs), contendo salmora ou álcool.

No atacado, em geral, os frutos são acondicionados em sacos plásticos grandes com 30 kg, caixas plásticas ou de madeira com 15 kg, caixas plásticas ou de madeira do tipo “K”, contendo entre 12 e 15 kg; em caixas de papelão (1,0 – 2,0 kg) e sacos plásticos (1, 2, 5 ou 10 kg).

No varejo, as pimentas são comercializadas de diferentes formas, sendo a mais comum a granel. Em supermercados e sacolões, as pimentas também são comercializadas em sacos plásticos perfurados, bandejas de isopor recobertas com filmes de policloreto de vinila (PVC), e caixinhas tipo PET.

Mercado e comercialização

As Centrais de Abastecimento de Minas Gerais S/A (CeasaMinas), no ano de 2019, em todas as suas unidades, comercializaram, aproximadamente, 1.095 t de pimenta fresca, entretanto, apenas 38,8% da produção mineira foi comercializada, não havendo informações da forma e do local de comercialização do restante da pimenta produzida no Estado.

O mercado brasileiro para pimentas in natura é fortemente influenciado pelos hábitos alimentares de cada região. A comercialização das pimentas depende do mercado de destino, o qual determina sua forma de apresentação, quantidade e preço.

Outras formas de comercialização são as vendas para intermediários, que compram a pimenta diretamente do produtor, vendem para distribuidores e empacotadores, que embalam com marca própria e revendem para a rede de varejo. Algumas grandes redes de supermercados têm suas próprias centrais de distribuição de hortaliças e comercializam com suas marcas, adquirindo as pimentas diretamente de produtores, fornecedores credenciados ou atacadistas.

Na maioria dos mercados atacadistas brasileiros, nas cotações de preços para as pimentas não se distinguem os tipos de pimenta. A comercialização se dá na forma de pimenta, pimenta-vermelha ou ardida.

Segmentação

Em todo o País, existe mercado para a comercialização de pimentas processadas. São empresas especializadas no processamento de pasta de pimenta, de páprica e de pimenta Calabresa, de molhos e de outros produtos. Entretanto, a importância desse mercado é difícil de ser estimada em razão da grande diversidade de produtos e número de pequenas empresas que atuam nos mercados regionais.

Grande número de empresas elabora conservas e molhos de pimenta e comercializam diretamente para consumidores de pequenos estabelecimentos comerciais, em feiras livres, em supermercados e outros e, eventualmente, em atacadistas.

O mercado de pimentas processadas para exportação é restrito a poucas empresas com alguns tipos específicos de produtos. A páprica picante é conhecida, internacionalmente, como chili.

No Brasil, são produzidas a páprica picante (de pimenta jalapeno) e páprica doce (de pimentão). Outros produtos são a pasta de pimenta exportada para os Estados Unidos, as conservas elaboradas com diversidade de formas, tamanhos e cores de pimenta, exportadas para vários países.

Custo envolvido

Mais recentemente, foi avaliada a viabilidade econômica do cultivo de pimenta-de-cheiro na região de Brasília (DF), cultivada em duas densidades de plantio: 25.000 plantas/ha e 16.667 plantas/ha.

Para 25.000 plantas/ha, os adubos foram o item mais oneroso (33,17%), seguido pelo custo das mudas. Para 16.667 plantas/ha, o custo com insumos foi reduzido para 64,84% do custo total. O custo total do sistema de cultivo mais adensado foi de R$ 37.890,97/ha e no cultivo menos adensado foi de R$ 35.485,87.

Na ocasião, o valor de comercialização da pimenta-de-cheiro na Ceasa-DF, foi de R$ 1,275/kg, em média, tendo como base o dia com o menor preço para a pimenta durante o período de produção. Mesmo assim, constatou-se que a produção de pimenta apresentou resultados economicamente satisfatórios.

– Produção mundial: 40,9 milhões de toneladas

– Área cultivada: 3,8 milhões hectares

– Principais produtores: China (45,3%), México (8,4%), Turquia (6,3%), Indonésia (6,2%), Índia (4,6%), Espanha (3,1%), Nigéria (2,0%), Egito (1,9%), Estados Unidos (1,7%), Argélia (1,6%) e Tunísia (1,1%)

Produção Brasil: 13.000 hectares

Volume produzido: 280.000 toneladas

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