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Mais produtividade: Nitrogênio líquido de liberação lenta

Autores

Aldeir Ronaldo Silva Engenheiro agrônomo e doutorando em Fisiologia e Bioquímica de Planta – ESALQ/USPaldeironaldo@usp.br

João Pedro Ramos da Silva Engenheiro agrônomo – Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFPE) – joaopedro_r@outlook.com

Lavoura – Créditos: Shutterstock

Cada vez mais a tecnologia está inserida na agricultura, seja pela introdução de novas variedades, bem como agricultura 4G, também nesse segmento o mercado de fertilizante está em contínua evolução com novas formulação. Assim, os fertilizantes de liberação lenta foram produzidos para aumentar a performance do nutriente durante o ciclo de cultivo agrícola. 

De forma conceitual, os fertilizantes de liberação lenta devem atender o quesito de disponibilidade para a planta. No caso do fertilizante de liberação lenta do nitrogênio, a taxa de liberação ou resposta da planta deve ser tardia quanto à aplicação de outras fontes de N, como ureia, amônio e nitrato.

Entre um e outro

A principal diferenciação destes para os fertilizantes convencionais está na liberação mais lenta e constante para as plantas. Nesse contexto, o fertilizante de nitrogênio líquido é importante porque grande parte das culturas agrícolas o requerem em maior quantidade em comparação aos outros nutrientes, sendo necessário uma constância na disponibilidade por mais tempo.

O contínuo fornecimento de nitrogênio possibilita várias melhorias de processos fisiológicos e bioquímicos, o que aumenta o crescimento, desenvolvimento e incremento na produtividade da lavoura, uma vez que o nitrogênio tem papel fundamental na biossíntese das moléculas de clorofila, proteínas e hormônio vegetais, possibilitando maior atividade fotossintética e maior acúmulo de reservas, o que permite o aumento na produção por planta.

Além disso, os fertilizantes líquidos de liberação lenta geram um menor custo de aplicação em virtude do efeito resiliente, não existindo a necessidade de aplicação com frequência, uma vez que os fertilizantes representam cerca de 50% do custo variável.

Outros benefícios são facilidade de manuseio durante aplicação, possibilidade de aplicar em mistura com outros produtos e maior uniformidade na aplicação.

Manejo

Para aplicação do manejo com uso de fertilizante líquido de liberação lenta, é importante salientar que esse fertilizante tem uma interação com microrganismos presentes no solo, pois grande parte desses fertilizantes está disponível para as plantas mediante a degradação biológica, caso o fertilizante seja aplicado via solo. 

Se a aplicação for realizada via solo, é recomendável via cova ou sulco, durante o plantio. Outro ponto muito importante no manejo é a dosagem adequada, tendo em vista que uma superdose pode levar à não absorção pelo sistema radicular, da mesma forma que doses abaixo do recomendável propiciam redução na produtividade.

Quando aplicado via foliar, pode ser feito juntamente com defensivos agrícolas, o que promove a redução de custos.

Na prática

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A aplicação de nitrogênio líquido de liberação lenta provocou o incremento na produtividade do milho em ensaios realizados na região sul do Brasil, atingindo uma produtividade média de 11.184 kg/ha em comparação à produtividade do controle (nitrogênio convencional), que foi respectivamente de 10.557 kg/ha.

Outro trabalho realizado na cultura do café também demonstrou aumento na produtividade acima de 10% na região do Estado de Minas Gerais. Além disso, o uso de nitrogênio líquido de liberação lenta vem apresentando bons resultados em sistema de plantio direto. E produtores de milho safrinha também relatam resultados positivos no uso do fertilizante de nitrogênio líquido.

Erros mais frequentes

A utilização de doses superiores por volume de água e por hectare é uma prática errônea, sendo esta adotada por produtores que visam aumentar a produtividade das culturas. Entretanto, não deve ser realizada, pois aumentará os custos de produção sem apresentar ganho expressivo.

Além disso, práticas de pulverização do produto em horas ou dias mais quentes podem comprometer sua eficácia, como também a diminuição da absorção via foliar. Além do mais, misturas entre fertilizantes ou entre o nitrogênio líquido e agroquímicos podem interferir no desempenho que se espera do nitrogênio líquido.

É ideal evitar pulverizações em horário de temperaturas mais elevadas ou sob forte déficit hídrico, como também armazenar o produto em local fresco, seco e ventilado e evitar misturas de fertilizantes, pois sua mistura pode acarretar efeitos nocivos à cultura.

Cada cultura possui período de aplicação e quantidade ideal de fertilizante para atingir sua máxima produtividade, e o mesmo ocorre com a aplicação do nitrogênio líquido. Utilizar doses além da necessária para cada cultura só vai aumentar os custos de produção, o que se refletirá negativamente na renda líquida do produtor.

O agricultor deve seguir as instruções de fabricante e contar com assessoria técnica para executar a aplicação.

Investimento x retorno

Pesquisas têm apresentado resultados satisfatórios com a utilização de nitrogênio líquido em culturas de soja, milho e feijão, comprovando o suprimento de nitrogênio pelas plantas por um período de tempo mais longo, além de ser possível evidenciar coloração foliar verde mais intensa e também apresentarem maior vigor.

Em um plantio de milho com a utilização da nova tecnologia, produtores relatam que mesmo em regiões que apresentam baixa precipitação em determinadas épocas, foi possível obter em torno de cinco sacas de milho a mais por hectare. Em pesquisas com outras culturas foi possível observar um aumento de cerca de 20% na produtividade final.

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