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Fosfitos controlam patógenos

Fábio Olivieri de Nobile Professor titular do Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos (UNIFEB) fabio.nobile@unifeb.edu.br

Maria Gabriela Anunciação Engenheira agrônoma – UNIFEB

Lavoura – Crédito: Shutterstock

O manejo de doenças deve levar em consideração a interação de três fatores de extrema importância: patógeno agressivo, hospedeiro suscetível e ambiente favorável. O sucesso do estabelecimento das doenças depende, essencialmente, do ciclo patógeno-hospedeiro e, a partir do entendimento desta relação, conseguimos planejar da melhor forma possível, do ponto de vista técnico e econômico, as formas de controle.

Os patógenos, sejam estes de solo ou da parte aérea, atacam as plantas com a intenção de obter as substâncias presentes no interior das células. Dessa forma, o organismo maléfico para as plantas cultivadas deve ser capaz de vencer as barreiras externas e, para isso, os patógenos produzem substâncias, como toxinas e enzimas.

A planta, por sua vez, apresenta diversos mecanismos de defesa – tais mecanismos podem ser pré ou pós-formados, sendo que o último grupo contém mecanismos que podem ser induzíveis.

Neste aspecto, podemos definir que a resistência de plantas aos patógenos está relacionada com a intensificação do estado de defesa vegetal, podendo ser por estímulos bióticos ou abióticos. Assim, a planta confere um estado de defesa contra diversos patógenos, desde fungos a nematoides.

Os fosfitos

Os agentes abióticos induzem a resistência sistêmica adquirida (RSA) ou SAR. Esses indutores oferecem uma proteção, especialmente contra fungos biotróficos. Vamos falar, neste artigo, sobre o uso de fosfitos no manejo integrado de doenças, pensando em aplicações de sucesso com grande custo-benefício.

Os fosfitos possuem eficiência comprovada por meio de dois mecanismos, redução do crescimento dos fungos através da inibição da fosforilação nas células do fungo e por induzir a resistência nas plantas, visto que estimula a produção de compostos antimicrobianos nas plantas.

É por isso que hoje em dia os fosfitos são comercializados como fertilizantes, fungicidas e indutores de resistência. Como indutor, existe um fator determinante para o sucesso da utilização dos fosfitos: intervalo de tempo, pois o sucesso da infecção do patógeno depende do intervalo entre o tratamento indutor e a inoculação do patógeno, já que a intenção é imunizar a planta.

Os fosfitos possuem eficiência em doenças foliares de final de ciclo da soja, como Septoria glycines e Cercospora kikuchii, no entanto, também têm eficiência na mesma cultura em mofo-branco, míldio e ferrugem asiática. Atualmente, até mesmo em tratamento de sementes o produto vem sendo utilizado, demonstrando efeitos na redução de tombamento causado por Phytium.

Culturas beneficiadas

A eficiência dos fosfitos é identificada desde a utilização em grãos até em hortifrúti – doenças como requeima da batata e do tomate são atenuadas quando é feita aplicação de fosfitos.

Da mesma maneira, podemos pensar no seu espectro de ação. Dados relatam a capacidade destes ativos em modificar e retardar o crescimento micelial de diversas espécies de Fusarium, fungo fitopatogênico presente no solo que ataca uma gama significativa de culturas, a exemplo do milho e soja.

No mesmo aspecto, ao pensarmos em doenças foliares, experimentos relatam que a utilização de fosfitos pode diminuir em até 60% a severidade de ferrugem em trigo.

Cuidados

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Existem certos pontos que devem ser observados antes de optar pela aplicação de fosfitos em qualquer cultura, sendo estes: estado nutricional da planta, tipo de fosfito e alvo em questão.

Plantas com baixo suprimento de fósforo (P) podem apresentar riscos de fitotoxidez. Dessa forma, o estado de distribuição de P é importante para que ocorra o sucesso da aplicação. Quanto ao tipo de fosfito, atribui-se essa questão ao cátion que o acompanha. De maneira geral, resultados superiores são encontrados em fosfitos de cobre para controle de doenças, como mofo-branco (Sclerotinia sclerotium) nas culturas da soja e feijão quando comparado, por exemplo, ao fosfito de manganês.

E, por último, sobre o alvo em questão, devemos considerar o mecanismo de ação esperado. Como citado, a aplicação como indutor deve ser prévia ao ataque do patógeno, não apresentando eficiência satisfatória posteriormente.

 Outro fator importante a se atentar é à dosagem, que em excesso também pode causar danos e diminuir a produtividade. Dessa maneira, durante a aplicação deve-se obedecer às recomendações do responsável técnico pelo acompanhamento da aplicação e também os valores de dose expostos pelos fabricantes em relação às culturas aplicáveis. O excesso pode comprometer todo o sistema de arquitetura foliar das plantas, impedindo a fotossíntese e causando diminuição de produtividade e ganhos.

Quando começar

A aplicação de fosfito tem início, na maioria das vezes, nas fases vegetativas, apresentando custo-benefício em aplicações quinzenais, comumente atrelado ao uso de moléculas químicas para o controle de doenças.

Considerando o caráter sistêmico, os fosfitos têm a possibilidade de potencializar a ação de fungicidas químicos em, aproximadamente, 15%, considerando o valor de mercado, situado entre R$ 50,00 e R$ 200,00.

Pode-se dizer que os fosfitos geram ganhos econômicos por meio das melhorias fisiológicas das plantas, além da sua dupla ação em agir diretamente no fungo.


Atenção!

Como última recomendação, é importantíssimo se atentar ao produto utilizado e à qualidade. Deve-se procurar marcas idôneas que garantam a concentração do produto indicado no rótulo. Além disso, é necessário obedecer as informações inerentes ao momento de aplicação. Usualmente, aplicações com fosfito são feitas no final do dia.

Por último, devemos procurar inserir práticas variadas no manejo integrado de doenças. Aumentando a resistência das plantas, por meio de um mecanismo fisiológico, garantimos maior sanidade durante o ciclo, sendo possível, dependendo da cultura e do ambiente, diminuir o número de aplicações, levando ao retorno financeiro e sustentável do sistema agrícola.

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