Anne Carolline Maia Linhares
Licenciada em Ciências Agrárias e Doutoranda em Ciência do Solo – Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
anemaia-16@hotmail.com
Maria Idaline Pessoa Cavalcanti
Engenheira agrônoma e doutoranda em Ciência do Solo – UFPB
idalinepessoa@hotmail.com
O Brasil é o segundo maior produtor de soja, essa que é a leguminosa com maior expansão em âmbito mundial e a cultura de maior destaque na agricultura brasileira, ocupando mais de 50% da área total, correspondendo em torno de 35,7 milhões de hectares semeados (CONAB).
Para melhorar o aproveitamento dos recursos disponíveis e aumentar a produtividade dessa cultura é necessário que haja o emprego de novas tecnologias, que se torna essencial para os componentes de produtividade e que são influenciados diretamente pela germinação, crescimento vegetativo, florescimento e maturação. Assim, o uso de produtos que melhorem esses fatores podem levar ao aumento da produtividade (Pelúzzio et al., 2001).
Por tratamento de sementes entende-se uma técnica que consiste na aplicação de substâncias ativas biológicas, físicas ou químicas diretamente nas sementes e plantas. Eles são, portanto, protegidos de insetos, bem como de doenças transmissíveis e sazonais que podem ter consequências devastadoras na produção agrícola (Fessel et al, 2003), ou seja, na prática, o tratamento com essas substâncias vai proteger a semente do contato inicial com o solo até a fase inicial de formação das plantas.
Assim, essa prática de tratar sementes, que é vista como manejo preventivo, vem sendo utilizada por um número cada vez maior de sojicultores, pois é forte aliada para o estabelecimento do estande adequado da lavoura, refletindo, é claro, em maior produtividade.
Opções
No mercado agrícola atual, existe algumas alternativas para o tratamento de sementes de soja, tais são:
Tratamento de sementes de soja com fungicidas: em tais circunstâncias, o tratamento da semente com fungicidas (sistêmico + contato) oferece garantia adicional ao estabelecimento da lavoura a custos reduzidos (menos de 0,6% do custo de instalação da lavoura) (Henning et al, 2010).
Além de controlar patógenos importantes transmitidos pela semente, o tratamento de sementes é uma prática eficiente para assegurar populações adequadas de plantas, quando as condições edafoclimáticas durante a semeadura são desfavoráveis à germinação e à rápida emergência da soja, deixando a semente exposta por mais tempo a fungos habitantes do solo como: Rhizoctonia solani, Phytophthora sojae, Pythium spp., Sclerotium rolfsii; Fusarium spp. (principalmente F. solani) e Aspergillus spp. (A. flavus) que, entre outros, podem causar a deterioração da semente no solo ou a morte de plântulas.
A adoção desta técnica garante boas germinação e emergência de plântulas, o que possibilita ao agricultor economizar sementes e evitar a operação de ressemeadura, que é extremamente danosa para a rentabilidade da lavoura (Henning et al, 2010).
Tratamento de sementes de soja com inseticida: vem se tornando comum o tratamento de sementes com inseticidas que possuem atuação fisiológica nas plantas, com tendência de elas estabelecerem crescimento vigoroso e com melhor aproveitamento do seu potencial produtivo. Esse crescimento é conhecido como efeito fitotônico, que é caracterizado pelas vantagens positivas no crescimento e no desenvolvimento das plantas, proporcionadas pela aplicação de algum ingrediente ativo.
É importante identificar quais as principais pragas que afetam a cultura, antes mesmo de definir qual inseticida a ser utilizado. Além disso, é essencial se atentar a alguns fatores, como histórico da área; tipo de manejo utilizado (cultivo mínimo, plantio direto); cultura anterior utilizada e pragas comuns na região e na fazenda, pois com essas informações em mãos, é possível escolher qual o melhor inseticida a ser utilizado contra o ataque dessas pragas na lavoura. Isso irá proporcionar melhor manejo e minimizar o custo com produtos.
Assim, quando for escolher o inseticida, é sempre bom levar em consideração o modo de ação, espectro de controle e se o mesmo pode causar fitotoxidade à semente.
Tavares et al. (2007) observaram efeito favorável com a aplicação do thiametoxan, com aumento da área foliar e radicular de plantas de soja tratadas com esse inseticida. O efeito do thiametoxan, na soja, é indireto, atuando na expressão dos genes responsáveis pela síntese e pela ativação de enzimas metabólicas relacionadas ao crescimento da planta, alterando a produção de aminoácidos precursores de hormônios vegetais.
Com a maior produção de hormônios, a planta apresenta maior vigor, germinação e desenvolvimento de raízes. Esse ingrediente ativo também melhora a nutrição mineral da soja e estimula a expressão gênica das proteínas de membranas que aumentam o transporte iônico e a absorção de minerais.
Tratamento de sementes de soja com micronutrientes: há relatos na literatura do uso de micronutrientes para o tratamento de sementes de soja. Isso é possível porque a interação dos micronutrientes para a produção de soja se caracteriza pela atividade bacteriana, sendo o cobalto (Co) um dos elementos essenciais para a fixação do nitrogênio por bactérias de vida livre (Alves et, al., 2018).
Hoje, no Brasil, estima-se que mais 95% das sementes plantadas são tratadas (Bayer, 2019), e a prática de tratamento de sementes com micronutrientes possui demasiada importância ligada à forma mais prática e eficaz de seu suprimento nutricional, pois à medida que se intensifica o cultivo da soja com a utilização de variedades cada vez mais produtivas e aplicação de produtos químicos em maior escala, o solo tende a apresentar deficiências desses nutrientes, no caso os micronutrientes, que mesmo exigidos em baixas quantidades exercem papel determinante na produção, por sua atuação em processos bioquímicos fundamentais à planta (Hansel & Oliveira, 2016).
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Tratamento de sementes de soja com bioestimulante: o emprego de bioestimulante como técnica agronômica para otimizar a produções em diversas culturas é cada vez mais comum (Dourado Neto et al., 2004). Os órgãos vegetais das plantas são alterados morfologicamente pela aplicação de bioestimulantes, de forma que o crescimento e o desenvolvimento deles são promovidos ou inibidos, o que influencia ou modifica os processos fisiológicos, e exerce controle da atividade meristemática (Weaver, 1972). Os bioestimulantes fazem parte do grupo denominado de hormônios vegetais, e pode-se citar: as auxinas, as citocininas, as giberelinas, os retardadores, os inibidores e o etileno.
A classificação do Stimulate foi feita por Castro et al. (1998) como sendo um bioestimulante que contém fitorreguladores. Na composição básica desse bioestimulante estão 0,005% de ácido indolbutírico (auxina), 0,009% de cinetina (citocinina) e 0,005% de ácido giberélico (giberelina).
Como benefício da utilização dos bioestimulantes pode-se citar aumento do crescimento e do desenvolvimento vegetal, o que estimula a divisão, a diferenciação e o alongamento celular. Os mesmos autores ainda relatam aumento da absorção e da utilização de água e de nutrientes, sendo compatível com defensivos.