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Agricultura familiar

Alface – Crédito: Shutterstock

A Embrapa Solos, em parceria com a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), promove na próxima sexta-feira (23/07), às 10h, uma “Roda de Conversa” com agricultoras e agricultores de base familiar, mostrando a importância das tecnologias sociais na inclusão socioprodutiva das famílias rurais do Semiárido brasileiro. O evento é em alusão ao Dia da Agricultura Familiar/Agricultor Familiar (25/07), e será transmitido pelo canal do Youtube da Embrapa. A ideia é mostrar o fortalecimento da construção, do desenvolvimento e da apropriação de novos conhecimentos que estão promovendo processos no aumento da qualidade de vida das populações socialmente vulneráveis na sua capacidade de reprodução social e econômica. A abertura ficará a cargo da chefe geral da Embrapa Solos, Maria de Lourdes Mendonça. 
 
25 de julho é dia de festa, é dia de celebrar a agricultura familiar e aquele que colabora com a produção de alimentos saudáveis e de qualidade na mesa de brasileiras e brasileiros. O Dia da Agricultura Familiar foi instituído em todo o mundo em 2014. A data foi criada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) para mostrar os desafios enfrentados por estas agricultoras e agricultores em produzir seus alimentos.

A Agricultura Familiar desempenha importante papel na sustentabilidade socioeconômica e ambiental, sempre em consonância com a preservação das tradições e os costumes locais. “Entretanto, os desafios a se superar para atender a demanda por alimentos saudáveis e em quantidade são muitos. Um destes desafios é a insegurança em relação a uma renda que garanta vida digna. A insuficiência de investimentos em infraestrutura produtiva, de beneficiamento, armazenamento, transportes e preços remuneradores, bem como o acesso a políticas públicas de cunho social como saúde, educação, previdência e transporte públicos, são fatores decisivos para a inclusão socioprodutiva das famílias agricultoras”, diz a pesquisadora da Embrapa Solos/UEP Recife, Maria Sonia Lopes da Silva. 

O termo “agricultura familiar” começou a ganhar legitimidade social e política no Brasil a partir de meados dos anos 1990, substituindo expressões como “pequenos produtores” ou “agricultores de subsistência”. No Semiárido do Nordeste brasileiro a agricultura familiar é um segmento social de expressiva importância socioeconômica no contexto regional. Apesar da grande seca que atingiu a região nos períodos de 2009/2012 e 2017/2019, a depender do local, o segmento familiar predomina numericamente em todos os estados e ocupa 74% da população envolvida em atividades agropecuárias, chegando a um contingente de 4,7 milhões de pessoas. 

O Semiárido brasileiro é uma região caracterizada pelas freqüentes ausências, escassez, alta variabilidade espacial e temporal das chuvas, com média anual entre 400 a 800 mm, e altos valores médios de evapotranspiração de 2.000mm.  O que tem contribuído para que a questão da produção de água, na região, para obtenção de alimentos e para dessedentação humana e animal, seja uma prioridade que vem sendo considerada quando se trata da elaboração e execução de políticas públicas destinadas a criar condições para reprodução socioeconômica e ambiental de indivíduos em situação de vulnerabilidade. Como consequência, a implantação de tecnologias sociais de captação e estocagem da água de chuva para usos múltiplos e, de um modo geral, para a convivência produtiva com o Semiárido, tem aumentado muito nos últimos anos por meio de programas governamentais e de iniciativas próprias, buscando formas de melhorar a qualidade de vida, a inclusão socioprodutiva, a geração de renda e de valor, produção da riqueza e a autonomia e dignidade das famílias agricultoras da região.

A Embrapa Solos, por meio da sua Unidade de Desenvolvimento e Pesquisa, localizada em Recife (UEP Recife), juntamente com seus parceiros, em especial com a ASA e a Embrapa Semiárido (Petrolina-PE), vem desenvolvendo pesquisas que têm impactado positivamente no bem viver das famílias agricultoras por meio do uso adequado do solo, da água e dos cultivos, para aumentar a sustentabilidade de arranjos produtivos locais em ambiente de escassez de chuvas. O que tem fortalecido a diversificação do espaço rural e refletido num conjunto de funções socioeconômicas e ambientais, como a soberania alimentar e nutricional, a provisão de serviços ecossistêmicos e no papel das agricultoras(es) como guardiões da água, essencial à segurança hídrica. Tem também, realizado a construção social de inovações codesenvolvidas com as famílias do Semiárido do Nordeste, visando a sustentabilidade de agroecossistemas locais e almejando subsidiar políticas públicas para promover o desenvolvimento em outras regiões do Semiárido brasileiro vulneráveis social e economicamente. 

“É uma oportunidade de se falar da grandeza de homens e mulheres, que todos os dias, faça sol ou chuva, estão no campo, semeando a terra para colher alimentos, alimentando animais, contribuindo para a erradicação da fome e da pobreza, para o desenvolvimento sustentável. É falar de um modo de vida que compreende a importância da preservação ambiental e da valorização de um trabalho que se utiliza da terra para prover a alimentação de toda uma nação. Há mais de 500 milhões de propriedades agrícolas familiares no mundo. Já no Brasil, há mais de 4 milhões de estabelecimentos familiares rurais”, conclui Alexandre Henrique Pires, coordenador do Centro Sabiá e membro da coordenação executiva da ASA.

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