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quinta-feira, maio 2, 2024
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Redução de estresses aumenta a produtividade

Adenilson Adão SponchiadoTécnico em Agropecuária e graduando em Agronomia – Centro Universitário da Faculdade Integrada de Ourinhos (Unifio) adenilsonsponchiado08@gmail.com

Ana Caroline ScoparoProdutora rural e graduanda em Agronomia – Unifiokahscoparo@gmail.com

Adilson Pimentel JúniorEngenheiro agrônomo, doutor em Agronomia e professor – Unifioadilson_pimentel@outlook.com

Soja – Créditos: shurtterstock

Mesmo a soja apresentando grande potencial de produção, fatores bióticos e abióticos podem provocar estresses, ocasionando redução consideráveis em sua produtividade. Como base de um sistema “saudável”, recomenda-se manejo adequado do solo, com sistema de plantio direto, rotação de culturas, solo coberto com palhada, manutenção de carbono orgânico, semeadura dentro da janela de plantio e aplicação de fertilizantes para suplementação nutricional.

Os fatores abióticos, como temperatura, fotoperíodo e disponibilidade hídrica, interferem diretamente no desenvolvimento fisiológico da cultura, ocasionando alteração no desenvolvimento do vegetal, afetando o seu ciclo natural.

Interferência direta

A temperatura atua em todos os estádios fisiológicos da soja, desde a germinação, crescimento, floração e frutificação, até no processo de respiração e fotossíntese. Temperatura entre 20 e 30ºC permitem um bom desenvolvimento da cultura, no entanto, recomenda-se não realizar a semeadura em temperatura do solo inferior a 20ºC, tendo em vista que temperaturas amenas podem prejudicar ou atrasar a germinação e emergência.

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Vale ressaltar que temperaturas inferiores a 10ºC podem anular o desenvolvimento germinativo da soja e, quando já estabelecida, trava seu desenvolvimento. Em outra extremidade, temperatura superior a 40ºC pode provocar abortamento dos botões florais e diminuir a capacidade de retenção de vagens.

A indução floral da soja é provocada por temperaturas superiores a 13ºC e inferiores a 24ºC, contudo, temperatura elevada provoca precocidade na floração pela influência direta no desenvolvimento vegetativo. Quando aliado à temperatura ocorrer uma deficiência hídrica ou fotoperiódica, a alteração fisiológica do vegetal é potencializada.

Colheita exige atenção

Outro momento importante de estresse seria na colheita. Isso porque a alta umidade e as baixas temperaturas fazem com que as plantas mantenham as hastes verdes e apresentem retenção foliar, e temperaturas elevadas e alta umidade poderão deteriorar os grãos.

Para evitar os fatores mencionados, as plantas apresentam um complexo grupo de mecanismo de defesa, por exemplo, a resistência natural metabólica (física e química) pré-existente ou consecutiva, em que produz substâncias naturais que atuam na defesa, geralmente são controladas por característica genética.

Atualmente, os melhoristas focam em selecionar as variedades que apresentam facilidade e plasticidade em superar determinados tipos de estresse para a obtenção de maiores rendimentos. Outro fator é a seleção de plantas que produzem tais substâncias precocemente para se defender o quanto antes.

Estádios fenológicos

Dois dos fatores mais importantes indutores de estresse são o déficit hídrico e a temperatura, que interferem no rendimento das plantas. No fator água, a cultura da soja tem uma exigência mínima conforme descrito: semeadura à emergência 2,2 mm; emergência à floração 5,1 mm; floração (R1) à formação de vagens (R3) 7,4 mm; formação de vagens à maturação fisiológica (R7) 6,6 mm; e maturação até senescência (R8) 3,7 mm.

Dentre os diferentes estádios fenológicos, o índice pluviométrico totaliza de 550 a 650 mm durante todo seu ciclo. Dentre os estudos, maior atenção à falta hídrica se dá entre as fases R3 a R4 (formação de vagens). Caso falte água, o estresse pode ser irreversível quanto ao fator produção. 

Dicas importantes

Como dica para o produtor se assegurar quanto aos fatores bióticos que possam provocar estresses na soja, podemos citar:

Ü Nutrição: adicionando nutrientes no solo e deixando os mesmos disponíveis à planta desde a implantação da cultura até o estádio de enchimento dos grãos (R5 a R6). Com isso, a cultura estará bem nutrida, resultando em uma planta vigora, que ajuda na tolerância ao ataque de pragas e doenças.

Ü Pragas e doenças: o controle químico, físico e biológico de pragas e doenças, no momento correto, antes que tenham ocorrido danos à cultura e posteriores danos econômicos. Ter um bom procedimento de monitoramento e manejo de pragas, em que o produtor deverá saber o momento ideal para intervir na aplicação de defensivos a fim de neutralizar ou minimizar os ataques de pragas, antes que a mesma cause danos econômicos. Também é importante ressaltar que o uso de defensivos só deverá ser utilizado quando a praga realmente apresentar risco de danos econômicos.

Ü Melhoramento genético: escolha de variedades adaptadas ao microclima da região, favorecendo uma melhor germinação e vigor. Existem, no mercado, diversas cultivares transgênicas e melhoradas afim de induzir características antiestresse.

Ü Plantabilidade: é necessário garantir uniformidade de plantio, respeitando a profundidade, espaçamento e distribuição de sementes, sendo que a profundidade será indicada conforme estrutura do solo e umidade de campo.

Ü Manejo de invasoras: manter a cultura de interesse econômico livre de plantas invasoras, impedindo a competição por nutrientes, umidade e luminosidade.

Um fator determinante que também favorecerá a minimização dos estresses é o conhecimento científico de medições e interpretações, em que o profissional saberá tomar as decisões no momento adequado e assim evitar condições desfavoráveis ao desenvolvimento da cultura.

Benefícios proporcionados

Em condições naturais e agricultáveis, as plantas são expostas a estresses ambientais. O estresse tem papel importante na determinação de como o solo e o clima limitam a distribuição das espécies, seu desenvolvimento e chance de sobrevivência.

É importante propiciar um solo estruturado, com condições favoráveis ao bom desenvolvimento da cultura, uso de variedades com genéticas apuradas, fornecimento equilibrado de nutrientes e hormônios, boas condições fitossanitárias e, consequentemente, uma maior produção de alta rentabilidade.

Outras recomendações envolvem realizar a amostragem de solo para equilibrar o pH nas condições exigidas pela cultura (5,5 a 6,0), a fim de equalizar os nutrientes nos coloides do solo, deixando-os disponíveis à planta. Realizar, quando necessário, a conservação do solo, com implementação de curvas de nível e sistematização a fim de corrigir alguma imperfeição do terreno em relação ao deslocamento de coloides.

Sistema de plantio direto, com rotação de cultura para quebrar o ciclo de pragas e doenças, reciclagem de nutrientes e fazer a construção da estrutura do solo. Escolha do material genético adaptado às condições do microclima, ou seja, escolha de variedades conforme disponibilidade hídrica e fotoperíodo.

É importante ressaltar o tratamento das sementes com inoculantes para a simbiose, que disponibiliza de maneira natural o nitrogênio para a cultura da soja.

Plantabilidade

O plantio com equipamentos adequados é ideal para uma boa plantabilidade. Estes deverão estar bem regulados, propiciando uma distribuição uniforme das sementes e fertilizantes. Uma boa estratégia de monitoramento fornecerá dados para tomada de decisões, visando o melhor momento de intervenção da praga ou doença, antes mesmo que causem danos econômicos, evitando tratamentos desnecessários.

Atentar ao momento ideal para iniciar a colheita, quando a cultura deverá apresentar senescência e frutos com umidade próxima a 13%, lembrando da importância de um ajuste adequado dos equipamentos utilizados na colheita, a fim de evitar perdas na operação.

No campo

Segundo estudos na cultura da soja, o potencial genético alcançado hoje em dia é de 30 a 40%, ou seja, o restante provavelmente estará seno prejudicado devido aos fatores de estresse. Se o produtor rural aplicar os cuidados básicos, fazer “bem-feito”, consequentemente, terá uma maior rentabilidade, envolvendo vários fatores, como, análise e correção do solo, manejo e conservação do solo, nutrientes e hormônios balanceados, rotação de culturas, dentre outras.

Vale ressaltar que se o solo estiver estruturado, consequentemente a cultura terá uma redução de estresses e um incremento na produção.

Erros mais frequentes

Não realizar análise de solo proporcionará às plantas um desbalanço nutricional e metabólico, assim como o manejo do solo inadequado, não realizar rotação de cultura, pois não haverá um controle eficiente entre as pragas e doenças, escolha de cultivar inadequada para o microclima de região, dentre elas precoce, semi-precoce e tardia, plantio fora da janela e em condições inadequadas do solo, plantabilidade ruim, máquinas mal reguladas para cada serviço realizado e falta de conhecimento técnico no campo.

Recomenda-se realizar análise de solo, pois haverá nutrientes balanceados no solo. Também se indica o balanço hormonal, manejo e conservação do solo adequados, realizar rotação de culturas para ciclagem de nutrientes e controle de pragas e doenças, escolher as cultivares adequadas para o tipo de solo e microclima, plantar dentro da janela de plantio, em um solo de estado friável, plantabilidade com um ótimo desempenho, máquinas bem reguladas e com resultados satisfatórios. Por fim, ter uma equipe treinada e capacitada para altas rentabilidade. 

Investimento x retorno

Atualmente, os produtores rurais estão se adaptando às novas ferramentas de tecnologia em sua propriedade. A agricultura de precisão é um sistema integrado de tecnologias e informações, que levam dados coletados do campo para o escritório, estabelecendo a melhor forma de realizar as tarefas, tanto do campo como da gestão, e economizar custo e tempo, proporcionando uma melhor distribuição de fertilizantes em geral no solo.

É possível concluir que, por certo período, as plantas conseguem se recuperar sozinhas dos estresses, mas quando há prolongamento, é necessária uma ação rápida para evitar danos na lavoura e consequentes perdas na produtividade.

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