Daniela Andrade – Mestre em Fitotecnia e gerente de Planejamento Agrícola – daniela.agronomia9@gmail.com
A corda-de-viola, também conhecida como cipó, corriola, campainha ou jetirana, é um grupo de plantas daninhas de hábito trepador, com caule, ramos e folhagens volumosas, podendo alcançar três metros de comprimento.
Na cultura do café, a presença dessa planta tem se tornado um grande problema devido à dificuldade no manejo e os prejuízos na produção. Os principais prejuízos são devido à concorrência da invasora com o cafeeiro por nutrientes, água e luz.
Aproveitando os cafeeiros como seu tutor, a corda-de-viola acaba se tornando duplamente prejudicial, pois, além de concorrer por água e nutrientes, também acabam encobrindo a folhagem e, muitas vezes, toda a copa dos cafeeiros, impedindo-a de exercer suas funções de fotossíntese. Além disso, atrapalham as pulverizações na folhagem e os trabalhos de colheita, e são hospedeiras de pragas e doenças.
Causas
A infestação de corda-de-viola nos últimos anos vem aumentando devido às seguintes razões (Matiello, 2016):
a) O manejo de plantas daninhas por herbicidas em área total é falho, pois a operação, em sua maioria, não consegue atingir a corda-de-viola que está próxima ou junto à linha do café. E, antigamente, isso não era um problema, pois era comum na capina a enxada “pegar” a corda-de-viola nesse local.
b) Não existe um herbicida seletivo à corda-de-viola. Com isso, hoje não se consegue realizar uma aplicação para corda-de-viola sem prejudicar o café. E, assim, o manejo fica dificultado quando estão sobre o cafezal.
c) O uso de colhedoras mecanizadas ajuda na disseminação das sementes. A colhedora, quando passa, estraçalha a corda-de-viola e as sementes se depositam no interior da máquina. Então, estas são carregadas para outros pontos da lavoura.
d) O recolhimento do café do chão também contribui para distribuir as sementes e, por fim, a “volta do cisco” para debaixo da copa dos cafeeiros coloca a semente num local de difícil acesso.
Sintomas de corda-de-viola
Normalmente, a corda-de-viola se desenvolve entre os pés de cafés, na linha, devido ao manejo intenso de herbicida e roçagens nas ruas.
Quando o agricultor faz o giro nas lavouras, ele deve observar a copa do pé de café para identificação da corda-de-viola. A erva possui uma folhagem mais escura e aveludada que o cafeeiro. Porém, quando estão no topo das lavouras, a única alternativa é entrar com a capina, pois nesse momento já passou o “time” de controle, e também não existe um herbicida seletivo para aplicação quando chega a esse tamanho.
Os sintomas no cafeeiro aparecem quando a corda-de-viola foi controlada (corda-de-viola foi morta), principalmente se feita de forma tardia, pois o local onde estava instalada a corda-de-viola fica enfraquecido e com poucas folhas devido à sombra.
Caso não for controlada, na colheita isso pode ser agravado, pois ao passar a colhedora a erva embaraça na máquina, “puxa” e arranca os galhos ou até mesmo o pé de café inteiro, dependendo do seu porte.
Prevenção e controle
Quanto ao controle da corda-de-viola, a antecipação para a época do início das águas, estágio que as ervas possuem tamanho menor e ainda não subiram nas plantas de café, é o ideal. Para isso, deve-se aplicar herbicida adequado, podendo ser uma aplicação sequencial (três semanas após a primeira), podendo ser associados, de acordo com a necessidade, ao glifosato.
O uso de pré-emergente na linha dos cafeeiros reduz bastante a infestação da corda-de-viola, porém, o custo desse tipo de herbicida ainda é elevado, sendo recomendado para áreas infestadas.
Caso algumas ervas se desenvolvam entre as plantas de café e escapem desse controle químico, haverá necessidade de fazer o repasse manual, arrancando antes das ervas subirem nos cafeeiros e evitando que produzam sementes.
Com ervas já encobrindo os cafeeiros, usar apenas o arranquio na raiz próximo ao solo, sem tirar as ervas, pois na retirada pode-se derrubar frutos de café dos ramos. Uma alternativa que alguns agricultores estão realizando é a adaptação de hastes laterais, em roçadeiras, e de bicos que joguem herbicida mais debaixo da saia do cafeeiro, o que reduz o trabalho do repasse manual.
Outra alternativa é um implemento que funciona como uma roçadeira, o qual possui uma corda que vai “batendo” no pé do café com a finalidade de enrolar a corda-de-viola, porém, ainda são protótipos e ideias que estão sendo testadas em campo.
Todo cuidado é pouco
O erro mais frequente no combate à corda-de-viola é o escape do controle no estágio inicial da erva, quando a mesma já subiu no pé de café. Se isso acontecer, recomenda-se apenas a capina manual para o arranquio das mesmas e isso vai elevar o custo por hectare, podendo inviabilizar o tratamento por esse meio, além da dificuldade de contratação urgente de várias pessoas para realização do manejo manual.
A melhor forma de evitar esses erros ainda é realizar a inspeção periódica da lavoura, se possível, com técnicos treinados ou mipeiros para identificação do nível de infestação e assim realizar o manejo na hora certa, evitando desperdício de produto.
Quanto custa?
Volto a ressaltar que a melhor e mais econômica estratégia é realizar o manejo antecipado com bons produtos herbicidas e cuidados na operação de aplicação para atingir o alvo (corda-de-viola), estando na linha ou na rua.
Quando necessário, entrar com capinas em pequena parte da lavoura. Entretanto, se esse manejo for feito de forma errada, o custo dessa operação será altíssimo.