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Nova opção de porta-enxerto para a citricultura

Paula Almeida Nascimento – Doutora em Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA) – paula.alna@yahoo.com.br

Citrus – Crédito: Shutterstock

A citricultura brasileira está vulnerável devido à utilização de poucas combinações entre copas e porta-enxertos. Nos pomares comerciais, o potencial de produção de frutos dos citros é determinado pelo valor genético das variedades de copas e porta-enxertos. A baixa diversificação de cultivares combinada com a alta susceptibilidade das plantas cítricas a pragas e doenças são consideradas as principais vulnerabilidades na citricultura mundial.
A enxertia cria uma associação entre copa e porta-enxerto, geneticamente diferentes, cada qual com suas características, que precisam se relacionar mutuamente com benefícios para que a nova planta seja produtiva.
O uso da enxertia apresenta várias vantagens, como a quebra da juvenilidade das plantas, manutenção da resistência/ tolerância dos citros a fatores bióticos (ex.: doença tristeza dos citros) e abióticos (ex.: eficiência de uso da água e de nutrientes) e aumento da produtividade e qualidade dos frutos.

Alerta

A incompatibilidade é um dos principais fatores que prejudica o rendimento da citricultura. Uniões incompatíveis são frequentemente encontradas quando da enxertia entre plantas com grau de parentesco distante, com exigências nutricionais distintas, com metabolismo, vigor e ciclo de vida diferentes, com diferenças na consistência dos tecidos ou sem afinidade anatômica.
Muitas vezes a incompatibilidade não apresenta sintomas na fase de formação de mudas cítricas, mas aparece quando as plantas já estão formadas no campo.

Evolução da enxertia

No Brasil, o porta-enxerto com elevada concentração nos pomares é o limoeiro ‘Cravo’ (Citrus limonia Osbeck). A maioria das plantas cítricas do Estado de São Paulo, principal polo citrícola nacional, é com a utilização do porta-enxerto limão cravo.
Assim, há necessidade de diversificação de cultivares, o que trará maior rendimento aos pomares cítricos. A Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas – BA), por meio de programas de melhoramento genético, seleciona genótipos de maior tolerância ou resistência aos estresses bióticos e abióticos.
Desta forma, a escolha do porta-enxerto pode influenciar toda a produtividade do pomar, como o porte das árvores, a suscetibilidade a doenças, a produtividade e a qualidade dos frutos.
Os pesquisadores vêm conduzindo pesquisas direcionadas à obtenção de cultivares, com a recomendação do porta-enxerto citrandarin ‘Índio’.
O citrandarin “Índio”, tangerineira “Sunki” (C. sunki (Hayata) hort ex Tanaka) x Trifoliata (Poncirus trifoliata (L.) Raf.) “English”, ou seja, é um híbrido oriundo da Estação Experimental de Índio, Califórnia, pertencente ao United States Department of Agriculture (USDA), introduzido na Embrapa Mandioca e Fruticultura por intermédio do Instituto de Pesquisa do Centro Sul (IPEACS).
Apresenta elevada produção, copa ereta e porte médio. As folhas trifoliadas são típicas do Poncirus trifoliata. Boa qualidade dos frutos, pequenos e achatados, com peso médio de 60 g.
A maturação é meia-estação, com média de 22 sementes por fruto. Intolerante à seca, resistente à gomose de phytophthora e ao citrus tristeza vírus (CTV). Além disso, possui tolerância à tristeza, ao declínio dos citros, aos viroides de exocorte, adapta-se bem aos solos calcários e possui resistência ao frio.

Influência direta

Na citricultura, os porta-enxertos afetam várias características da variedade copa, como vigor e tamanho da planta, produção de frutos, época de maturação e tamanho dos frutos, coloração da casca e do suco, teor de açúcares e de ácidos dos frutos, permanência do fruto, coloração da casca e do suco, teor de açúcares e de ácidos dos frutos, permanência do fruto na planta, qualidade pós-colheita do fruto, além de conferir tolerância da planta a fatores como salinidade, déficit hídrico, pragas e doenças.
O citrandarin ‘Índio’ tem mostrado excelente comportamento quando enxertado com laranjeiras doces, tangerineiras, limeiras ácidas e pomeleiros. A lima ácida ‘Tahiti’ [Citrus latifolia (Yu. Tanaka) Tanaka] é conhecida e comercializada no mercado brasileiro como limão, razão pela qual também é chamado de limão ‘Tahiti’.

Vantagens

O desempenho produtivo de limeira ácida ‘Tahiti’ sobre porta-enxerto citrandarin ‘Índio’ é satisfatório, porque estimula a formação de plantas com menor altura e volume de copa.
A redução do porte da planta na combinação copa/porta-enxerto é um atributo desejável, pois favorece os tratos culturais, a colheita, possibilita o maior adensamento de plantio e proporciona maior produtividade.
Além disso, outra vantagem da combinação da lima ácida ‘Tahiti’ com o porta-enxerto citrandarin ‘Índio’ foi a eficiência na produtividade, com maior produção de frutos por volume de copa (Rodrigues et al., 2018).

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