Uma nova variedade de copa da lima ácida Tahiti, a IAC 10, com elevada produtividade e precocidade de produção, capaz de viabilizar boa colheita já no segundo ano após o plantio, e dois novos porta-enxertos desenvolvidos pelo Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, forma lançados.
A notícia é de grande interesse para São Paulo, líder na produção nacional de Tahiti e responsável por cerca de 70% do volume brasileiro dessa espécie cítrica. Conforme pesquisas do Instituto, a lima ácida Tahiti IAC 10 é 25% mais produtiva que a variedade comercial IAC 5, única que tem registro junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para plantio em São Paulo e à Coordenadoria de Defesa Agropecuária.
“Ela produz acima de 40 toneladas por hectare, no quinto ano após o plantio, e é similar à BRS Ponta Firme, nova variedade da Embrapa que em breve estará disponível aos produtores”, diz o pesquisador do IAC, Fernando Alves de Azevedo. Esse desempenho é muito bom em um pomar considerado jovem, aos cinco anos.
A média de produtividade de lima ácida Tahiti em pomares adultos, isto é, entre oito e dez anos após o plantio, é de 25 toneladas, por hectare, de acordo com o pesquisador. A IAC 10 poderá produzir, na fase adulta, em torno de 80 toneladas por hectare. Se o pomar for irrigado, esse desempenho pode ser ainda maior.
Demanda
Além da produtividade, o novo material reúne características demandadas pelo mercado, como frutos ovalados com peso superior a 100 gramas, sem sementes e com casca rugosa. “Os frutos apresentam rendimento de suco próximo a 50%, o que significa que, aproximadamente, metade do peso do fruto é suco, o que é muito interessante para os consumidores”, comenta Azevedo.
Azevedo também apresentou dois novos porta-enxertos para lima ácida Tahiti, chamados de IAC Itajobi e IAC Pindorama. Desenvolvidos pela pesquisadora do IAC, Mariângela Cristofani-Yaly, eles resultam do cruzamento entre microtangerinas, como a tangerina Sunki, com trifoliata, e são denominados citrandarins.
“O IAC Itajobi induz as plantas de lima ácida Tahiti às copas ananicantes, não ultrapassando 2,5 metros de altura, semelhante à do trifoliata Flying Dragon, e o IAC Pindorama se assemelha ao limão Cravo, gerando plantas vigorosas, acima de 3,5 metros de altura”, descreve. Os dois possuem tolerância à seca, característica que viabiliza o cultivo sem irrigação.
A produtividade de ambos é de cerca de 70 ton/ha, similar à do limão Cravo, conforme experimentos realizados de 2014 a 2020, em condições de sequeiro na APTA Regional de Pindorama, interior paulista.
Registro
Em 2020, o IAC obteve o registro nacional dessas cultivares junto ao Registro Nacional de Cultivares (RNC), no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. De acordo com Azevedo, esses materiais já estão em testes comerciais em pequenas áreas nas principais regiões paulistas produtoras de lima ácida.
Esses plantios estão nos municípios de Araras, Cândido Rodrigues, Catanduva, Cordeirópolis, Itajobi, Mogi Mirim, Monte Azul Paulista, Novo Horizonte, Pindorama, Paranapuã, Taquaritinga e Urupês. “Ainda em 2021 esses materiais estarão disponíveis para comercialização de borbulhas, produção de mudas e plantios comerciais”, diz o pesquisador do IAC, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA).
Resultados visíveis
Para quem não sabe, porta-enxerto é a parte da planta citrícola que fica sob o solo. Nele é instalada a copa, porção visível da espécie. De acordo com Azevedo, na implantação de um pomar de citros, a escolha do porta-enxerto é um dos principais fatores. “Ele é responsável pela sustentação da planta, absorção de água e nutrientes do solo, vigor, precocidade de produção e síntese de alguns hormônios”, explica.
O porta-enxerto também influencia na precocidade da planta e na época de maturação, isto é, reflete no momento da colheita. Impacta ainda a massa dos frutos, o rendimento de suco, a coloração da casca e do suco, o teor de açúcares e de ácidos. Em resumo: a enxertia certa vai determinar todo o sucesso do pomar. “O porta-enxerto oferece condições para a permanência dos frutos na planta, para a conservação pós-colheita e reforça a tolerância à salinidade, à seca, à geada, às doenças e nematoides”, enumera o pesquisador.
Vantagens de plantar a lima ácida Tahiti
Para os produtores, muitas são as vantagens desta espécie em relação às laranjas e tangerinas, considerando aspectos fitossanitários. O Tahiti tem resistência ao cancro cítrico e ao vírus da leprose dos citros.
Nele não se manifestam sintomas de mancha preta dos citros. Não hospeda a Xylella fastidiosa, patógeno causador da clorose variegada dos citros e, portanto, não apresenta seus sintomas. Esse conjunto de benefícios vem contribuindo com o aumento da área cultivada nos últimos anos.
Azevedo comenta os dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que apontam a lima ácida Tahiti, em 2019, como a terceira fruta mais exportada pelo Brasil em receita. “Ele ficou atrás apenas da manga e do melão. O aumento dos plantios reflete a demanda crescente interna do mercado in natura e da indústria de suco e pela exportação”, diz.