Daniela Vitti
Engenheira agrônoma, doutora e coordenadora técnica do Grupo Bio Soja
A cultura do tomateiro é, hoje, dentre as hortaliças produzidas no Brasil, a mais importante. Comparando-se as décadas de 70 e 80, observa-se no Brasil que a produtividade aumentou em 49% e a área cultivada em 11%, evidenciando a evolução da produção de tomate nos principais Estados produtores.
Por ter ciclo relativamente curto e apresentar altos rendimentos, tem ótimas perspectivas econômicas e a área cultivada vem aumentando progressivamente. O Brasil é o oitavo maior produtor mundial, englobando os segmentos de mesa e processamento industrial, com 64 mil hectares, o que reflete uma produção de 4,1 milhões de toneladas, com rendimento médio de 63 t ha-1.
EquilÃbrio da nutrição x manejo x clima
Em cultivos intensivos, é comum encontrar solos com teores elevados dos elementos essenciais para o desenvolvimento das plantas, porém, completamente desbalanceados entre si.
Na marcha de absorção do tomateiro observa-se que os nutrientes têm a absorção máxima nas primeiras oito a 14 semanas de crescimento, e outro pico de absorção aparece após a primeira colheita. Portanto, as plantas requerem altas aplicações de nutrientes, no início do crescimento, com aplicações suplementares após o início da frutificação. Em relação aos micronutrientes, a ordem de absorção é Fe, Zn, B, Mn e Cu.
Figura 1. Marcha de absorção de nutrientes pelo tomateiro
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 (Fonte: Huett, 1985, adaptado de Nutritional recommendations for tomato, Haifa).
O nutriente que prevalece na fase de desenvolvimento da planta e do fruto é o potássio, seguido do nitrogênio e do cálcio (Figura 2).
Figura 2. Composição da planta (A) e do fruto (B) do tomateiro.
Fonte: Altherton e Rudich, 1986, adaptado de Nutritional recommendations for tomato, Haifa
A importância dos nutrientes para a planta e os frutos do tomateiro
- Potássio (K): grandes quantidades de potássio devem ser fornecidas de maneira a garantir teores adequados de K em todos os órgãos, principalmente devido ao papel que este elemento tem no tomate:
– Balanço das cargas elétricas negativas na planta: como cátion, o K é dominante, equilibrando as cargas negativas dos ânions orgânicos e minerais;
– Regulação dos processos metabólicos das células: sua principal função na ativação enzimática é a síntese de proteínas, açúcar e amido (mais de 60 enzimas dependem do K), sendo também responsável pela estabilização do pH da célula, mantendo-o em torno de 7-8;
– Regula a pressão osmótica: regula o turgor da planta, principalmente as células-guarda dos estômatos. No floema, o K contribui para a pressão osmótica e é responsável pelo transporte de metabólitos da fonte para o dreno (das folhas para os frutos e também para nutrir as raízes). Esta contribuição do potássio aumenta a matéria seca e o conteúdo de açúcar nos frutos, assim como aumenta o turgor dos frutos e, consequentemente, prolonga a vida de prateleira.
Adicionalmente, aumenta a resistência ao murchamento; reduz a ocorrência de desordens de coloração e também a podridão apical, melhora a resistência às bactérias, vírus, nematoides e fungos; aumenta o conteúdo de sólidos nos frutos e melhora o sabor.