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Melhoramento genético para adaptação às mudanças climáticas

 

Douglas José Marques

Professor de Olericultura, Genética e Melhoramento Vegetal ” Unifenas

douglas.marques@unifenas.br

Hudson Carvalho Bianchini

Professor de Fertilidade do Solo – Unifenas

Fábio Augusto Ishimoto

André Ricardo Stefanuto de Lima

Fabio Stapani

Graduandos em Agronomia – Unifenas

 

A adaptação às condições atuais de produção é uma busca constante - Crédito Shutterstock
A adaptação às condições atuais de produção é uma busca constante – Crédito Shutterstock

Existem previsões de que nas próximas décadas as mudanças climáticas serão tão intensas que irão mudar a geografia da produção agrícola mundial. Apesar de ser um tema polêmico, pois envolve uma gama de interesses político-econômicos, pode-se afirmar que o aumento da temperatura média no nosso País, por menor que seja, acarretará consequências dramáticas na distribuição do plantio das culturas no mundo.

Elevações, mesmo que moderadas, das temperaturas médias diurnas e/ou noturnas podem ser prejudiciais à produção das diferentes oleráceas. Trabalhos conduzidos em regiões de clima temperado têm apontado prejuízos causados pelas altas temperaturas aos cultivos de espécies exigentes ao frio, tais como espinafre, batata, brócolis e alface.

O estresse hídrico, em razão do aumento das temperaturas, com certeza irá se tornar um fator limitante para o adequado desenvolvimento das culturas. É importante considerar que o aumento da temperatura promove uma maior demanda de água pelas plantas, que é necessária para seu resfriamento. Outro fator limitante é a ocorrência de períodos secos mais intensos e longos em algumas regiões.

Melhoramento genético

No melhoramento genético de oleráceas, há duas formas de se criar genótipos tolerantes ao estresse abiótico. A primeira delas é a busca da melhoria da própria planta, procurando-se adequar o seu genótipo a determinados ambientes, que se obtém por meio do melhoramento genético, resultando na obtenção de novas cultivares.

Como exemplo pode-se citar o caso de cultivares que são adaptadas a uma gama de condições climáticas, distintas daquelas para as quais a planta foi inicialmente selecionada, como é o caso de cultivares de alface, brássicas e cenoura, que são ditas “de verão“, sendo que, originalmente, todas as cultivares dessas espécies eram consideradas “de inverno“ e apenas produziam bem se plantadas no outono-inverno. Essas novas cultivares foram criadas objetivando-se sua adaptação a climas cálidos.

A segunda forma é a modificação e adequação do ambiente a um genótipo previamente escolhido, utilizando-se a moderna agrotecnologia. Em relação ao clima, serve de exemplo o plantio do pepino, uma planta intolerante ao frio, que é beneficiada pelo plantio em casa de vegetação, beneficiada pelo efeito promovido pela estufa.

Outros exemplos são a adubação, irrigação e uso de defensivos, que tornam o ambiente propício ao cultivo de certas hortaliças. Um caso notório é a adubação de solos originalmente de baixa fertilidade natural, como os encontrados na região dos cerrados, que após a correção passaram a produzir hortaliças bastante exigentes em nutrientes, como o tomate e batata.

Pesquisa realizada pelo professor Douglas José Marques, na Unifenas, seleciona tomateiro adaptado a níveis baixo de fósforo
Pesquisa realizada pelo professor Douglas José Marques, na Unifenas, seleciona tomateiro adaptado a níveis baixo de fósforo

As mudanças climáticas

A escassez dos recursos hídricos combinada com o aquecimento global vem causando, nos últimos 10 anos, consequências negativas sobre a atividade agrícola no planeta. Por isso, as linhas de pesquisa que focam o entendimento, comportamento e melhoramento das espécies cultivadas em situações adversas do ambiente vêm captando elevados recursos e ganhando maior visibilidade na mídia.

As mudanças climáticas devem afetar a geografia das culturas e alterar o quadro agrícola brasileiro, que em sua maioria ocorre em condições não irrigadas. Neste cenário, torna-se imperativo um maior conhecimento dos fatores biológicos e climáticos relacionados à tolerância ao déficit hídrico.

Créditos Shutterstock
Créditos Shutterstock

Previsões x prioridades

As culturas oleráceas apresentam com frequência ampla adaptação climática, provavelmente por serem cultivadas há muito tempo e nas mais diversas condições. Para o plantio de espécies de ciclo curto, que são a maioria, é mais fácil encontrar as épocas com condições propícias ao desenvolvimento das culturas, mesmo quando cultivadas em regiões de clima distinto daquele de onde tiveram sua origem.

Neste caso, cabe ao olericultor conhecer as exigências climáticas das plantas que pretende cultivar, bem como as peculiaridades climáticas de sua região ao longo do ano, procurando harmonizar ambos. Note-se que são os fatores climáticos que mais poderosamente influenciam algumas características relevantes de uma cultura, como duração do ciclo, precocidade na colheita, fitossanidade, produtividade, qualidade do produto e, inclusive, preço de mercado.

Essa é parte da matéria de capa da edição de maio da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira a sua para leitura completa!

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