Lidce do Rosário da Silva Cutrim
lidcecutrim@gmail.com
Marco Aurélio Casari
110779@faesb.edu.br
Graduandos em Engenharia Agronômica – Faculdade de Ensino Superior Santa Bárbara (FAESB)
Ana Paula Preczenhak
Doutora, pós-doutoranda na ESALQ-USP e professora – FAESB
prof.anapaula@faesb.edu.br
Entre as variedades de couve-flor disponíveis no mercado, temos as cores tradicionais branca e creme, e as coloridas apresentando cores vibrantes, como roxo, laranja, amarelo e verde.
Estas variedades evoluíram de grupos de couve-flor coloridas europeias, de onde surgiu a maioria das sementes. As variedades coloridas são resultado de modificação genética para produção de pigmentos naturais com propriedades antioxidantes, por isso, nutricionalmente trazem mais benefícios à saúde que as cores tradicionais.
Os pigmentos presentes são: as antocianinas nas roxas, as mesmas encontradas nas uvas e repolho roxo; os carotenoides nas amarelas e laranjas (cerca de 25% a mais de betacaroteno ‘VitA’, especificadamente), os mesmos presentes nas cenouras e tomates, e; as clorofilas que proporcionam a coloração verde, como ocorre nas folhosas e legumes em geral.
Apesar da modificação visual atraente, o sabor não é alterado em comparação à couve-flor de coloração tradicional, exceto na verde, que apresenta sabor levemente mais adocicado e sensorial mais leve e cremoso.
Panorama
Nacionalmente, a couve-flor como um todo apresenta importância significativa e elevado rendimento comercial e econômico, sendo cultivada especialmente por pequenos produtores.
As couves-flores coloridas têm todo apelo visual a seu favor, porém, ainda não estão nem perto de concorrer em níveis de produção e área plantada com as tradicionais couves-flores de cabeça branca ou creme, que segundo dados do Ceagesp, ultrapassaram as 9,0 toneladas em 2021 e até agosto deste ano de 2022, chegaram a 5,0 toneladas.
Devido ao mercado ainda emergente, não há dados de produção ou área plantada especificadamente das couves-flores coloridas. As regiões produtoras em destaque pela produção no País são o Sul e Sudeste, principalmente pelo clima favorável ao desenvolvimento da cultura.
Nicho de mercado
Além de apresentar mais nutrientes que a hortaliça comum, a couve-flor com coloração diferenciada pode se tornar um novo nicho de mercado para que pequenos produtores complementem a renda familiar.
Na condição de retorno financeiro, o valor agregado é maior, representando 30% a mais no valor final para o produtor. Esse montante também é considerado quando o produto tem origem orgânica.
Fazendo a comparação com as couves-flores branca e creme no Ceagesp, o preço médio até agosto de 2022 foi de R$ 3,80, acima dos R$ 3,21 pagos em 2021.
Consolidação
Embora as couves-flores coloridas encham os olhos nas prateleiras dos supermercados pelas suas cores vibrantes, seu mercado ainda está em expansão e em fase de aceitação e apresentação aos consumidores.
Muitas pessoas desconhecem a existência destas variedades, o que reduz sua procura. Outro fator é o preço pago pelo produto, que nem sempre é acessível a todo o público. Por outro lado, em regiões em que as variedades já têm mercado mais consistente, a clientela fixa e a procura do produto é regular e tem se expandido.
Inclusive, couves-flores coloridas podem ser encontradas na Ceasa e Ceagesp, nas regiões de São Paulo e Minas Gerais.
No entanto, sendo um produto tão diferenciado no mercado e em baixa disponibilidade, é uma oportunidade para diversificação da produção na propriedade e a transforma em uma fonte do produto na região.
Mercados como restaurantes, buffets, supermercados, feiras e até mesmo programas de incentivo à alimentação saudável através da merenda escolar são possibilidades discutidas e apresentadas nas regiões produtoras.
Sementes
As maiores empresas de sementes de hortaliças contam com a disponibilidade de sementes destas variedades de couve-flor. Sua comercialização tem o ponto positivo do preço agregado na hora da venda, em contrapartida, há maior custo na aquisição das sementes, o que deve ser levado em consideração nos custos de produção.
Manejo
Em relação ao plantio e manejo da cultura, estas variedades são mais adaptadas a climas amenos, por isso sendo produzidas no outono/inverno na maior parte do País, e com regime baixo de chuvas, pois são variedades delicadas, pouco resistentes e o tempo chuvoso pode deixar a planta mais suscetível a doenças provocadas por fungos e bactérias.
Assim como nas cultivares tradicionais, recomenda-se realizar a rotação de culturas com cenoura e/ou beterraba e a eliminação de restos culturais, a fim de minimizar a incidência de pragas e doenças.
Fitossanidade
Os cuidados com as pragas e doenças seguem as mesmas recomendações das outras cultivares, sendo os principais problemas: pulgão, tripes (Frankliniella schultzei) e mosca-branca no início da cultura.
Traça ou lagartas na formação das cabeças também são problemas durante o ciclo, como a hérnia das crucíferas (fungo Plasmodiophora brassicae) e a podridão negra (bactéria Xanthomonas campestris pv. Campestres), esta última no verão.
Além disso, a escolha das variedades cultivadas também é importante. Recomenda-se procurar variedades que tenham plantas de arquitetura com enfolhamento ereto, com cobertura foliar para boa proteção da cabeça, em que seus floretes estão ainda em formação. Estas características garantem maior rusticidade, principalmente em períodos de chuvas intensas, além das características de qualidade padrão para couve-flor, como floretes curtos, compactos e bem formados.
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Nutrientes essenciais para plantio
O manejo nutricional para o cultivo de couve-flor colorida segue as recomendações das variedades de coloração tradicional: a cultura é exigente em potássio, nitrogênio, cálcio e enxofre.
Para cada fase, a hortaliça necessita de uma composição, sendo os formulados de NPK 04-14-08 para o plantio; NPK 09-06-09 para o crescimento e NPK 09-03-22 para a fase de formação de cabeça.
É indicado o uso de cobertura do solo, seja por plantio direto ou adição de material posteriormente, o que evita alastramento de plantas daninhas e ajuda na manutenção da estruturação e umidade do solo.
Vale lembrar, em relação ao espaçamento entrelinhas, que ele está associado com o diâmetro da cabeça que se deseja obter, isto referente ao mercado ao qual se destina. Quanto maior o espaçamento, consequentemente, maior será o diâmetro da cabeça.
Tamanhos menores são mais aceitos em supermercados e distribuidoras, enquanto os maiores são destinados para as feiras e o consumidor final direto. As cabeças das variedades laranja, amarela e verde clara podem chegar a 20 – 25 cm de diâmetro e peso entre 700 – 800 g e as roxas entre 20 – 30 cm de diâmetro, com peso entre 300 – 350 g.