Andreza Lopes do Carmo
Química e graduanda em Agronomia – Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)
andrezalopesdocarmo@hotmail.com
Victor Augusto da Costa Escarela
Engenheiro agrônomo e mestrando em Produção Vegetal – Universidade Federal de Jataí (UFJ)
victorescarela@gmail.com
O inhame (Dioscorea cayenensis), uma cultura originária da Ásia e África, é um tubérculo com formato irregular e tamanho variado, com polpa esbranquiçada, fibrosa e comestível, casca rugosa com coloração variando do esbranquiçado ao castanho escuro.
Seu uso é destinado principalmente à alimentação humana, sendo um alimento rico em carboidratos complexos e fibras solúveis. Porém, seu uso vem ganhando destaque devido às suas características medicinais, auxiliando no processo de emagrecimento devido ao seu baixo índice glicêmico, melhora a imunidade, reduz colesterol e possui benefícios na conversão hormonal no organismo.
É cultivado principalmente por agricultores familiares, principalmente na região Nordeste do País e algumas cidades da região sudeste. Ademais, se constitui em uma alternativa econômica viável dentro da cadeia produtiva, sendo comercializada no varejo a valores próximos de R$ 6,00/kg.
Porém, é necessário ainda aperfeiçoar as técnicas de cultivo, novas cultivares, melhorias nas técnicas de pós-colheita e principalmente, as formas de comercialização, para agregar valor ao vegetal e estimular o desenvolvimento e aumento da produção.
Panorama
O Brasil se destaca como um dos maiores produtores de inhame da América do Sul, ficando atrás apenas da Colômbia, com valores superiores a 250.000 toneladas. Ressalta-se que no Brasil o Inhame é utilizado no consumo doméstico e exportação, representando 0,6% no mercado internacional, índice baixo, porém alto, quando comparado com demais países.
A região nordeste apresenta elevada produção, liderada pelos Estados da Bahia, Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Sergipe. Além do mais, a região sudeste, com o Estado do Espírito Santo, em destaque o município de Alfredo Chaves, é considerada a capital do inhame.
Ambiente favorável
Trata-se de uma cultura que deve ser cultivada em regiões tropicais com precipitações anuais entre 1.000 a 1.600 mm. Quando cultivada sob condições de sequeiro, é necessário o plantio no início do período chuvoso.
Além do mais, é uma cultura adaptada a diversos tipos de solos, dos arenosos aos argilosos, desde que o pH se encontre entre 5,5 a 6,0. Ademais, é necessário realizar um bom preparo de solo antes do plantio, com amostragem, calagem ou gessagem, e adubação de plantio e de cobertura, a fim de garantir uma produção satisfatória ao final do ciclo.
Próximos passos
Após a escolha da área e correção do solo, é necessário que o plantio seja realizado na época das chuvas, principalmente se for conduzido em sistema de sequeiro. Deve ser realizada a operação mecanizada para formação de leira ou camalhão para facilitar o desenvolvimento dos tubérculos.
Recomenda-se dar preferência ao uso de túberas -sementes inteiros, os quais devem ser depositados de 5,0 a 8,0 cm de profundidade, em um espaçamento entre plantas de 1,20 x 0,80 metro (10.417 plantas/ha), ou no mínimo de 1,00 x 0,80 metro (12.500 plantas/ha) em sistema de sequeiro.
Já no sistema irrigado é recomendado o uso de espaçamento entre plantas de 1,20 x 0,50 metro (16.667 plantas/ha) ou 1,20 x 0,60 metro (13.889 plantas/ha).
Trata-se de uma cultura que apresenta quatro estádios de desenvolvimento: dormência fisiológica, período do plantio à brotação das túberas-sementes, que varia de 20 a 80 dias. O vegetativo compreende da brotação ao início do florescimento e dura de 80 a 180 dias após o plantio.
Já o reprodutivo é o período do início da floração à secagem das flores aos 180 a 210 dias após o plantio. Maturação é o período do término da floração à colheita, aos 180 dias após o plantio, onde ocorre o murchamento e secagem do caule, ramos e folhas da planta, e colheita dos tubérculos.
Durante toda a fase de produção, o produtor deve se atentar à incidência de pragas e doenças, uma vez que a cultura pode ter sua produtividade reduzida ao se ter a incidência de nematoides, doenças como a pinta-preta, viroses e podridões, além do ataque de formigas, lagartas e broca-do-caule.
Deve ser realizado, ainda, o controle de plantas daninhas para diminuir a competição.
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Erros mais comuns
A maior dificuldade do produtor, que o induz ao erro, é a escolha do material de propagação de forma inadequada. Devem ser selecionadas túberas-sementes que apresentem alto padrão de qualidade, livres de agentes patogênicos e, principalmente, livres de nematoides.
É importante utilizar túberas-sementes que tenham passado de 30 a 60 dias de repouso, e que sejam provenientes de plantas vigorosas e sadias, além de ser priorizado o uso de sementes que tenham de 100 a 150 gramas, para o desenvolvimento mais uniforme das plantas.
Outro erro comum, que deve ser evitado, é o empilhamento do tubérculo após a colheita, uma vez que o contato direto entre eles faz com que aumente a umidade, bem como o sombreamento, favorecendo o desenvolvimento de microrganismos que levam à rápida deterioração e diminuição da qualidade do vegetal.
Novas técnicas
É recomendado o uso de cobertura morta, como folhagens secas, palhas, serragem, casca de arroz, resto de capineiras, dentre outros materiais, que têm por finalidade servir como cobertura do solo, preservando a umidade do solo, aumentando a ciclagem de nutrientes e, principalmente, proteger as túberas-sementes da incidência direta de raios solares e do calor excessivo, principalmente em condições de sequeiro.
Dicas para mais produtividade
Para aumentar a produtividade do inhame, é importante respeitar o espaçamento recomendado entre plantas, para que seja evitada a competição por luz devido ao sombreamento.
Além do mais, é importante que o produtor realize a análise do solo de sua propriedade para que possam ser realizados ajustes de pH, bem como de macro e micronutrientes presentes no solo, para que a cultura tenha pleno desenvolvimento. Outro fator importante é utilizar, sempre que possível, a adubação orgânica.
Por se tratar de um tubérculo, é importante que o solo da propriedade não apresente compactação, o que pode vir a impedir o crescimento e desenvolvimento dos mesmos, além de deformidades que podem não ser bem aceitas pelo consumidor no momento da compra.
Atentar, ainda, ao processo de corte, técnica utilizada na produção de túberas-sementes de inhame, que consiste na separação da túbera da planta-mãe para facilitar a formação. Esse processo é feito quando as flores estiverem secas e com idade entre seis e sete meses.
A colheita deve ser feita aproximadamente aos 180 dias após o plantio, quando as flores estiverem secas e as folhas amarelas. Essa operação é feita escavando-se covas lateralmente, onde é feito um corte no ponto de ligamento com a parte áerea, separando da planta-mãe.