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Fosfitos: resistência de plantas à incidência de pragas e doenças

Crédito Jacto

Nilva Teresinha Teixeira
Engenheira agrônomo, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora de Bioquímica e Nutrição de Plantas – UniPinhal/FPE
nilva@unipinhal.edu.br

Entre os fatores que afetam a produtividade das culturas os problemas causados por pragas e doenças se destacam. Assim, os produtores, cada vez mais, se preocupam em proteger suas lavouras quanto aos danos causados pelos insetos e microrganismos nocivos.

Entre as medidas estão: adubação equilibrada, o uso de variedades tolerantes, o uso de defensivos (convencionais ou alternativos) e o emprego de insumos que aumentam a resistência da planta à incidência de pragas e doenças, Entre os últimos, temos os fosfitos, que nada mais são do que derivados do ácido fosforoso.

Vantagens

A inclusão de fosfitos nas lavouras apresenta algumas vantagens: custo menor – em comparação com os insumos convencionais -, contribuição quanto à prevenção e controle das doenças.

Os fosfitos são produtos que rapidamente são absorvidos pelas raízes e folhas das plantas. Apresentam ação sistêmica, atuando na redução do crescimento micelial, na formação de esporângios e na liberação de zoósporos.

Proteção contra incidência doenças

As plantas, ao longo do tempo e no processo de evolução, desenvolveram mecanismos de resistência aos ataques de insetos-pragas e de microrganismos fitopatogênicos. Tais mecanismos compreendem a percepção da presença de tais organismos, que se inicia com o reconhecimento dos compostos lipopolissacarídeos e peptidoglicanos, presentes nas paredes celulares dos fungos.

As plantas possuem uma família de proteínas denominada de pattern recognition receptors (PRRs), que sinalizam a presença dos organismos invasores, estimulando a planta a produzir compostos tóxicos contra estes fungos.

As plantas, assim que percebem a presença destes microrganismos, ativam os genes responsáveis pela produção de tais substâncias tóxicas aos invasores.

E os fosfitos?

Os fosfitos estimulam a formação de fitoalexinas que aumentam a eficiência das proteínas PRRs, tornando as plantas mais eficientes no combate aos microrganismos fitopatogênicos.

Assim, há evidências de que em soja e feijão a inclusão dos fosfitos de potássio e manganês tem potencial para estimular a produção e a ação de fitoalexina gliceolina.

Relatos na literatura evidenciam benefícios obtidos com o uso de fosfitos na resistência da soja aos agentes fitopatogênicos, como os fungos Phakopsora pachyrhizi, que provoca a ferrugem asiática e é uma das doenças que mais tem preocupado os produtores de soja, e Cercospora kikuchii, agente causal da cercosporiose que é também importante na cultura em referência.

Em relação à ferrugem asiática, considera-se que os fosfitos, que têm ação sistêmica, interferem na formação de urédias (estruturas de reprodução da ferrugem da soja) e no crescimento micelial dos fungos.

Ainda quanto à ferrugem asiática, Neves; Blum (2012) verificaram que a aplicação de fosfito de potássio (associado ao óleo vegetal) em dois estágios de desenvolvimento da soja (V8 e R2) promoveu redução de severidade de ataque, aumentando ao redor de 20% a produtividade em relação às plantas não tratadas – acréscimo não estatístico.

Nas plantas que receberam a associação de fungicida e fosfito, os prejuízos causados pela doença foram menores e a produtividade foi cerca de 50% superior à obtida sem nenhum tratamento.

Mais resultados

Algumas observações na literatura evidenciam efeitos positivos quanto à incidência de cercóspora em soja. Silva Jr (2017) descreve que a inclusão de fosfitos promoveu a redução da severidade da antracnose nas vagens e na transmissão do patógeno de vagens a sementes, porém, os fosfitos de Cu, Mn e K promoveram maior controle.

Ainda, verificou-se que os fosfitos de potássio e de manganês provocaram o aumento do teor de lignina, importante carboidrato na formação da estrutura das plantas.

A inclusão dos fosfitos no processo produtivo pode ser vantajosa para o produtor, não apenas para prevenir incidência de ferrugem asiática e de cercosporiose, na soja. Como se trata de um indutor de resistência, pode auxiliar no enfrentamento de outros problemas fitossanitários na soja e em outras culturas.

Quando aplicar?

Seu emprego preventivo, anterior à época de maior ataque, pode ser interessante. É necessário levar em conta que os fosfitos trazem em sua formulação nutrientes de plantas como o potássio, o cobre, o zinco e outros que podem auxiliar na nutrição das plantas.

Trata-se de um produto que deve ser considerado, visto que a inclusão na cultura, no mínimo, diminuirá o emprego de defensivos, o que ajuda a minimizar efeitos prejudiciais ao meio ambiente.

O uso do produto deve ser cuidadoso, em pulverização, recobrindo a planta, e nunca nos horários quentes do dia. Verificar também a compatibilidade com os demais insumos, em uma possível mistura. Quanto à dose a empregar, depende da cultura-alvo e do formulado escolhido.

Embora haja informações positivas sobre o uso de fosfitos, o correto é procurar orientação de técnico especializado.

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