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Fosfito como alternativa de controle para a pinta-preta do mamoeiro

 

Alexei de Campos Dianese

Pesquisador da Embrapa Cerrados

Luiz Eduardo Bassay Blum

Professor da UnB, departamento de Fitopatologia

luizblum@unb.br

Jaqueline Barbosa Dutra

Leonardo Ferreira Lopes

Mariana Coelho Sena

Leandro Ferreira de Freitas

Ex-bolsistas de Iniciação Científica/CNPq/UnB, Faculdade de Agronomia e Veterinária

 

Fosfito é solução para pinta-preta do mamoeiro - Crédito Sudoeste
Fosfito é solução para pinta-preta do mamoeiro – Crédito Sudoeste

Estudo avaliando o efeito da aplicação foliar de fosfitos sobre a varíola do mamoeiro em campo e em telado mostrou que esta é uma ferramenta alternativa no manejo integrado de patógenos. A área escolhida para o experimento foi de, aproximadamente, 1.500 m2, com histórico de elevada severidade de varíola nas plantas. As pulverizações iniciaram-se em março, quando apareceram os primeiros sintomas nas folhas, e foram interrompidas no início de abril, devido à falta de sintomas.

Após cerca de 45 dias, os produtos voltaram a ser pulverizados até a segunda quinzena de junho, quando o experimento terminou devido às condições climáticas adversas (temperatura acima de 28 ºC e umidade relativa do ar abaixo de 20%). Foram onze tratamentos com aplicações foliares semanais, utilizando um pulverizador manual de 500 mL. Os produtos foram aplicados até o ponto de escorrimento.

No experimento de campo, as diferenças significativas entre os tratamentos foram verificadas somente seis meses após o início das avaliações. Os três tratamentos químicos mantiveram os níveis de severidade da varíola nos frutos significativamente mais baixos do que na testemunha, na maioria das cultivares. No entanto, houve certa irregularidade no desempenho dos tratamentos em alguns dos genótipos (‘Grampola’, ‘Sunrise Solo’, ‘Tailândia Verde’ e ‘Tailândia Roxão’), provavelmente devido a diferenças de suscetibilidade à varíola.

Os dois fosfitos e o tratamento contendo o fungicida fosetyl-Al também diferiram significativamente do controle, na maioria das avaliações de severidade nas folhas. Além disso, não houve diferença significativa entre os tratamentos químicos na média final de severidade da doença; contudo, essa média foi significativamente mais baixa do que nas plantas testemunha.

Os sintomas de varíola foram mais severos na folhagem do que nos frutos, tanto que no genótipo ‘Tailândia Roxo’ houve diminuição significativa dos sintomas nos frutos dos mamoeiros que receberam os tratamentos, mas o mesmo não ocorreu na folhagem, provavelmente devido à suscetibilidade das folhas desse genótipo à varíola.

No experimento sob telado, todos os tratamentos apresentaram valores de severidade da varíola (1 = 0 a 3 % da superfície de folhas/frutos coberta por lesões; 2 = 4 a 6 %; 3 = 7 a 14 %; 4 = 15 a 24 %; 5 = 25 a 50 %; 6 = acima de 50 %) significativamente inferiores (~ 1,8-2,9) à testemunha (~3,5), no primeiro ensaio, sendo que o tratamento P2O5 25 % + Cu 5 % (~1,8) foi o mais efetivo.

No entanto, os tratamentos P2O5 30 % + Ca 7 %, P2O5 30 % + Mg 4 % e P2O5 25% + Cu 5% provocaram toxidez nas folhas dos mamoeiros (“Sunrise Solo’) e, por isso, não foram utilizados na repetição do experimento.

No segundo ensaio, notou-se diminuição (~2,5-2,9) na severidade da varíola, com a testemunha apresentando valor médio de severidade da doença em torno de 3,1. Ainda assim, a maioria dos tratamentos apresentou severidade significativamente inferior à testemunha, sendo que os tratamentos P2O5 40% + K 20% (250 mL hL-1) e P2O5 40 % + Mg 6% (150 mL hL-1) apresentaram as menores médias (~2,5).

A doença foi menos severa em telado (~3,1 a 3,5) do que no campo (~3,7 a 4,5), o que pode ser comprovado ao se compararem as médias de severidade dos controles nas duas áreas.

Concluindo, a varíola é uma das principais doenças da cultura do mamoeiro. No entanto, só recentemente iniciaram-se estudos epidemiológicos sobre a doença, e começaram a ser testadas estratégias de controle com diferentes fungicidas.

No presente estudo, todos os produtos testados (campo e telado) reduziram a severidade de varíola significativamente, quando comparados à testemunha, mas, não a eliminaram. A tolerância ao dano causado por doenças em frutos destinados ao mercado internacional é extremamente baixa, e, às vezes, uma única lesão é o bastante para rejeitar um lote.

Logo, o uso de fosfitos pode ser encarado como uma ferramenta a mais, que, em conjunto com os fungicidas tradicionais e algumas outras técnicas, auxiliariam no desenvolvimento de estratégias de manejo eficaz para a varíola do mamoeiro.

 

Extraído de: Dianese, A.C.; Blum, L.E.B.; Dutra, J.B.; Lopes, L.F.; Sena, M.C.; Freitas, L.F. Avaliação do efeito de fosfitos na redução da varíola (Asperisporium caricae) do mamoeiro (Carica papaya). Revista Brasileira de Fruticultura, v.30, n.3, p.834-837. 2008.

 

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