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Aminoácidos reduzem doenças do tomateiro

Crédito: Shutterstock

Nilva Teresinha Teixeira
Engenheira agrônoma, doutora e professora de Bioquímica e Nutrição de Plantas – UniPinhal
nilva@unipinhal.edu.br

Um dos problemas enfrentados pelos tomaticultores são as inúmeras doenças que atacam a espécie em questão. Entre elas se destacam a requeima, a septoriose, o mofo-branco (ou podridão da esclerotínia), a pinta- preta (ou mancha da alternária), a rizoctoniose ou mela-de-rizoctonia, a fusariose e as viroses, como a causada pelo mosaico dourado. Veja na tabela 1 informações sobre algumas doenças que acometem o tomateiro.

Tabela 1 – Algumas características das principais doenças do tomateiro:

DoençaAgente causalPrincipais sintomas
Requeima ou MelaPhyrophchora infestans (fungo)Lesões marrons aquosas que evoluem para necrose e crestamento (“queima”) nas folhas.  No caule, apresenta lesões escuras e quebradiças e nos frutos deformação e manchas escuras.
SeptorioseSeptoria lycopersici (fungo)Principalmente nas folhas: manchas pequenas, redondas e escuras. com o centro acinzentado e com pontos escuros. Em ataques severos, manchas nas hastes, pedúnculos e flores (cálice)
Mofo-branco ou podridão de esclerotíniaSclerotinia sclerotiorum (fungo)Causam tombamento de plântulas e os prejuízos mais graves são no florescimento e fechamento da lavoura. A planta murcha e morre. Quando seca, o caule fica esbranquiçado por fora, com estruturas pretas por dentro.
Pinta-preta ou mancha-de-alternáriaAlternaria solani (fungo)Nas folhas e no caule, lesões escuras, com as bordas bem definidas. Nos frutos, apodrecimento escuro, de consistência firme.
Rizoctoniose ou mela-de-rizoctoniaRhizoctonia solaniCancro (lesões salientes) marrom na base de plantas novas. Nos frutos, apodrecimento (cor marrom), permanecendo firmes.
FusarioseFusarium oxysporumAmarelecimento e murchamento das folhas, geralmente após a floração, quando o tomateiro está começando a aumentar em tamanho.
Mosaico-DouradoGeminivirus, vetor mosca-branca  Folhas menores amarelas e deformadas. Sintomas iniciam-se nas folhas mais novas, progredindo para a planta toda.

Condições para a doença

Entre as condições que favorecem a incidência de doenças em qualquer cultura está a nutrição, pois plantas com desequilíbrio nutricional são menos resistentes aos fatores abióticos, com temperaturas extremas ou déficit hídrico e aos fatores bióticos (como pragas e doenças).

E os fertilizantes foliares podem se aliados preciosos para estabelecer tal equilíbrio. Por exemplo, o tomateiro, para a floração e a frutificação, necessita do cálcio e do boro, nutrientes essenciais na formação da parede celular e, portanto, para a multiplicação celular.

O boro ainda é essencial na formação do ácido indolilacético, necessário para a divisão celular e formação de novos tecidos. A melhor escolha, no caso, é aplicá-los via foliar.

Ação dos aminoácidos

E os aminoácidos, como agem em aplicação exógena na resistência das plantas a doenças? 

A maior parte do nitrogênio absorvido pelas culturas é o mineral, com destaque para a forma nítrica  (nitrato), que uma vez  dentro das plantas (nas raízes e na parte aérea) se transforma em N-amoniacal, que reage com ácidos orgânicos (como o alfa cetoglutárico) e se transforma em aminoácido, que se junta a outros formando proteínas, ou ainda é empregado como matéria-prima  na formação de outras substâncias.

Na síntese dos aminoácidos dentro da planta, a partir do N mineral há demanda de energia. Então, a aplicação via aérea ou pelas raízes promove economia de energia, que poderá ser empregada para o desenvolvimento e formação da produção e reforçar a formação das substâncias que agem na resistência das plantas. Assim, a sua aplicação, quando bem direcionada, pode resultar em plantas mais produtivas e resistentes.

Entretanto, cada aminoácido, além de formar as proteínas e outras substâncias importantes, exerce papéis específicos. Como, por exemplo, a glicina é matéria-prima para formação dos citocromos e da clorofila, importantes na respiração e na fotossíntese, respectivamente.

O triptofano é precursor do Ácido Indolil Acético (AIA), hormônio de crescimento. A serina é matéria-prima para formar o triptofano. A cisteína está presente na assimilação do enxofre, e é precursor da lignina.

Também a fenilalanina faz parte da rota de formação da lignina, que é um carboidrato que reforça a estrutura da planta, sendo importante na resistência às pragas e doenças. Ainda, tal aminoácido atua na síntese do ácido salicílico, importante agente de resistência das plantas aos patógenos.

A tirosina, fenilalanina e o triptofano estão diretamente relacionados com a produção de compostos fenólicos formados no metabolismo secundário das plantas. Esses compostos e as flavonas e  os ácidos cumárico e o cinâmico são agentes de defesa vegetal, funcionando como um tipo de anticorpo que inibe o desenvolvimento de doenças.

Manejo

Os aminoácidos podem ser aplicados via adubação foliar. Eles agem como quelatizantes e, dessa maneira, melhoram a absorção e o aproveitamento dos nutrientes metálicos como, por exemplo, o cálcio, o zinco, o manganês e o ferro, além de agirem na recuperação de plantas depauperadas e torna-las mais resistentes.

Quanto à dose a aplicar, é tarefa difícil: os produtos disponíveis no mercado têm diferentes constituições. A dosagem recomendada para o tomate é de 0,15 a 0,25 L 1.000 L-1 (foliar) e 4-5 L há-1 (fertirrigação), com repetições a cada 15 dias.

Resultados de campo, com a cultura do tomate, têm demonstrado que a incorporação no manejo de fertilizantes contendo aminoácidos tem se mostrado economicamente vantajosa, com aumento da produtividade e qualidade dos frutos, além de tornar as plantas mais resistentes aos agentes abióticos e bióticos.

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