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Organomineral garante maior eficiência na absorção de fósforo

A tecnologia organomineral revoluciona a absorção de fósforo, garantindo maior eficiência e aproveitamento nutricional nas plantas.

Mariana Thereza Rodrigues Viana
Doutora em Fitotecnia/Agronomia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
marianatrv@gmail.com
Harianna Paula Alves de Azevedo
Doutora em Fitotecnia/Agronomia pela Universidade Federal de Lavras – UFLA. Professora adjunta a Faculdade de Ciências e Tecnologias de Campos Gerais – FACICA.
harianna_tp@hotmail.com

Atualmente, no mercado encontra-se uma grande variedade de fertilizantes organominerais, sendo eles farelados, granulados ou peletizados. Os fertilizantes devem atender as especificações do MAPA quanto a sua natureza física, como, por exemplo, garantia granulométrica.
Os farelados possuem um processo de elaboração mais simples, dessa forma, são produzidos por fábricas menos especializadas, ou até mesmo pequenos produtores, que normalmente utilizam fontes de nutrientes que não apresentam grandes perdas durante o processo de elaboração do organomineral, como, por exemplo, as fontes fosfatadas.
Já os organominerais granulados e peletizados são produzidos por empresas mais especializadas, utilizando fontes minerais e orgânicas das mais variadas formas, já que o processo em si é mais complexo.

Foto: Shutterstock

Expansão

No Brasil, o mercado de organominerais está em plena expansão. Conforme o Anuário Brasileiro de Tecnologia em Nutrição Vegetal, realizado em 2021, que contou com a publicação da ABISOLO (Associação Brasileira de Tecnologia em Nutrição Vegetal), os fertilizantes faturaram R$ 1,96 bilhão (alta de 80,5%).
De acordo com informações da publicação, quatro fatores explicam o desempenho do setor no período analisado, sendo eles “a maior adoção desses produtos pelos agricultores, impulsionada pela expectativa de boa rentabilidade”; “a relação de troca favorável ao produtor na compra de insumos”; “a inclusão de valor aos produtos como consequência da evolução tecnológica”; e “o reajuste nos preços de venda acarretados pela alta dos preços das matérias-primas, insumos e serviços”.
Acredita-se que o mercado de organomineral permaneça em crescimento nos próximos anos, pelo fato de o Brasil ser um grande produtor de proteína animal, sendo o esterco animal a fonte orgânica mais utilizada para a produção do fertilizante. Além disso, a mistura orgânica e mineral traz uma expressiva redução na dependência do mercado internacional.
Os fertilizantes organominerais possuem a característica de reutilizar resíduos orgânicos, que podem ser passivos ambientais. Assim, a aplicação desses fertilizantes é uma prática sustentável, pois reduz impactos ambientais e diminui o uso de fontes minerais esgotáveis.

Características

Para ser considerado um organomineral, os fertilizantes devem ter as seguintes características:

  • Carbono orgânico: mínimo de 8% para produto sólido e 3% para o produto fluido;
  • Umidade: máxima de 20% para produto sólido;
  • CTC: mínimo de 80 mmolc/kg para o produto sólido;
  • Nitrogênio (N), fósforo (P2O5), potássio (K2O), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S) de no mínimo 1%, além de micronutrientes.
    Ainda seguindo a instrução normativa do MAPA, os organominerais são classificados de acordo com as matérias-primas utilizadas na sua produção:
  • Classe A: produto que utiliza matéria-prima gerada nas atividades extrativas, agropecuárias, industriais, agroindustriais e comerciais, isentas de despejos ou contaminantes sanitários;
  • Classe B: produto que utiliza quaisquer quantidades de matérias-primas orgânicas geradas nas atividades urbanas, industriais e agroindustriais e apresenta o uso autorizado pelo Órgão Ambiental.
    O uso de fertilizantes organominerais traz inúmeros benefícios para o produtor rural, quando comparado ao uso de apenas fertilizantes minerais, tais como:
  • Fornecimento de matéria orgânica, além de apenas macro e micronutrientes;
  • Aumento da CTC do solo;
  • Aumento da atividade microbiana no solo;
  • Neutralização de substâncias tóxicas;
  • Aumento da disponibilidade de fósforo e alguns micronutrientes;
  • Aumento da capacidade de retenção hídrica;
  • Maior desenvolvimento radicular;
  • Maior resistência ao estresse ambiental;
  • Melhoria na qualidade física do solo, podendo funcionar como condicionador de solo.

Perfil brasileiro

Os solos brasileiros, de maneira geral, são argilosos, pobres em nutrientes e matéria orgânica, além de possuírem excesso de óxido de ferro e alumínio. Estes óxidos reagem com o fósforo, tornando-o indisponível para as plantas.
O fósforo é importante no desenvolvimento do sistema radicular das plantas, na estruturação dos caules, nos processos de florescimento, fecundação, formação e maturação das sementes.
Diversos fatores podem influenciar na disponibilidade de fósforo no solo, como o aumento do pH, que reduz as cargas negativas no solo, e assim há menos adsorção deste elemento nos coloides.
Outro fator de grande importância é a presença de matéria orgânica no solo, pois ela reduz a capacidade de adsorção na superfície das argilas por competir pelos sítios.

Resultados esperados

A matéria orgânica presente nos fertilizantes organominerais pode atuar como condicionante do solo, por influenciar nas propriedades físicas, químicas e biológicas do perfil. Porém, por serem adicionados em menores quantidades, os resultados são esperados em longo prazo, quando se faz o uso contínuo destes tipos de fertilizantes.
A solubilização e disponibilização dos nutrientes, incluindo o fósforo, se dá de maneira gradativa quando se compara com os fertilizantes minerais.
A solubilidade do fósforo na presença de matéria orgânica é aumentada devido à formação de complexos entre o fósforo e as substâncias húmicas, sendo estes mais assimiláveis pelas plantas.
Outro ponto é que há a troca do ânion do fosfato pelo íon humato, na adsorção nos coloides do solo, e também pode haver um revestimento de húmus nas partículas de óxidos, formando uma proteção contra a fixação do fósforo.

Erros e acertos

Um dos grandes erros em se tratando de fertilizante organomineral é quando o produtor tenta fabricar seu próprio adubo sem o acompanhamento de um profissional especializado no processo.
As condições de temperatura e umidade na produção dos organominerais são fatores cruciais, e se realizado de maneira incorreta pode não disponibilizar diversos nutrientes importantes na condução na lavoura.
Outro problema para os produtores que estão começando a utilizar esse tipo de tecnologia é que os fertilizantes organominerais disponibilizam os nutrientes de maneira mais lenta.
Então, dependendo da cultura, em um primeiro momento pode ser necessário realizar suplementações de adubos minerais disponibilizados mais rapidamente para as plantas, assim, evitando perdas em produtividade, até que seja construída a fertilidade do solo e se passe a trabalhar somente com os organominerais para reposições.

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